Robert Downey Jr. chama atenção para crimes virtuais
Ator e empresário se tornou sócio de uma empresa que oferece segurança digital e mediou um painel sobre a proporção desse tipo de fraude nos Estados Unidos e no mundo
Ator e empresário se tornou sócio de uma empresa que oferece segurança digital e mediou um painel sobre a proporção desse tipo de fraude nos Estados Unidos e no mundo
Thaís Monteiro
12 de março de 2023 - 9h30
Robert Downey Jr. pode ter sido o grande atrativo para o painel sobre crime online nos Estados Unidos, uma crise que já toma grandes proporções e só tende a crescer conforme o uso do digital progride, mas ele não esteve lá para palestrar. Sua presença serviu como chamariz para que o público passasse a se inteirar e interessar sobre o tema, mas nessa ocasião Downey assumiu o papel de moderador em uma conversa sobre ataques digitais com especialistas da área.
O tema é caro ao ator reconhecido por seus papéis como Homem de Ferro e Sherlock Holmes. Esta semana, Downey comunicou que se tornou sócio da Aura, uma startup focada em proteção de identidades e dados online. Robert também é fundador da FootPrint Coalition (FPC), uma organização não-governamental focada na adoção e escala de tecnologias sustentáveis.
Para representar a Aura, além do próprio Downey Jr., esteve presente o fundador e CEO da Aura, Hari Ravichandran. Também compuseram o painel a jornalista especialista em fraudes Maria Konnikova e ex-espião do FBI, Eric O’Neill.
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Em seus poucos momentos de fala em que não esteve desempenhando o papel de moderador, Downey conversou com os fotógrafos na plateia quando o teleprompter teve um entrave e alertou para o tamanho da crise de crimes digitais. Em 2022, cidadãos dos Estados Unidos perderam US$ 7 bilhões por fraudes online. Para Eric O’Nell, a dark web, onde todas as informações são disponibilizadas para os criminosos, será a maior economia do mundo até 2025.
“É mais difícil perder coisas físicas do que digitais. A recompensa [do roubo digital] é maior. Primeiro, precisamos reconhecer que há uma crise. Eu quero proteger minha família. Por isso, estou me juntando com a Aura como investidor. A tecnologia pode nos dar controle sobre nossa vida digital”, declarou o ator antes de introduzir os convidados.
O potencial do crescimento desse nicho de infração tem diversas contribuições, mas o que se sobrepôs é que há uma simplificação do crime virtual. Conforme o CEO da Aura, roubo de dados e identidades na internet são lidos como parte da vida, uma consequência natural para o uso conveniente da tecnologia. No mesmo sentido, Maria afirmou que muitos pensam que isso acontece com aqueles que são vítimas fáceis, mas que, na verdade, qualquer um pode ser vítima de um hacker.
É claro, há uma população mais vulnerável composta por crianças e idosos e minorias sócio-políticas que não tiveram acesso à educação digital ou formas de se proteger. Maria ressalta um aspecto cultural prejudicial. Segundo a executiva, americanos sempre querem ser gentis e ajudar e os criminosos tomam partido através do aspecto humano. Robert concordou, afirmando que crianças são criadas para seguir um contato social de gentileza e educação. “Não precisamos ficar com medo dos ataques, merecemos segurança”, disse.
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Assim, ao subestimar o poder dos hackers, o público se torna insensível às investidas, não tomando práticas protetivas de suas informações. “Nós somos preguiçosos. ‘As chances que isso pode acontecer comigo é baixa e eu prefiro não me preocupar’. Essa preguiça vai gastar muita energia quando tivermos nossa identidade roubada”, argumentou Maria. A jornalista adicionou que muitas vítimas que sempre negaram que seriam colocadas nessas situação caem nas armadilhas ao considerar que elas sim merecem uma chance de investimentos grandes, um amor, todas as oportunidades que o hacker oferecer. Contribuindo, Ravichandran disse que o custo de remediar é grande.
Outro fator que contribui para o crescimento exponencial de crimes onlines é a fácil adesão de cidadãos comuns às abordagens deles, que são extremamente embasadas em informações pessoais da vítima publicadas por ela mesma em plataformas digitais sociais e um diálogo sedutor que, eventualmente, após vítima e hacker criarem um vínculo, vai custar à vítima dinheiro em forma de investimentos ou doações falsas.
E, então, ocorre um crime, mas não necessariamente foram criminosos digitais quem fizeram o passo a passo da execução. A vítima também faz parte. “Eu chamo criminosos digitais de artistas porque, às vezes eles não roubam, eles fazem nós confiarmos eles para darmos os dados, investir em projetos ou ações falsas”, colocou a autora.
Há algumas formas de se proteger. O CEO da Aura ressaltou a necessidade de estar sempre checando os extratos de cartões para garantir que nenhuma anomalia tenha ocorrido e educar crianças e idosos para não interagir com estranhos ou desconhecidos se passando por conhecidos virtualmente ou por telefone e mensagens. “. É triste que temos que ensinar as crianças a não confiar”, confessou. O’Nell recomendou ativar verificação de múltiplos fatores para logar em contas e disse que usa quatro contas de emails para diferentes objetivos. Adicionalmente, Maria acrescentou que não é recomendado adicionar desconhecidos em redes sociais, pois elas constituem um espaço vulnerável já que muitos compartilham informações demais nas contas.
“Juntar todos para a luta é a melhor coisa a fazer, seja sua família ou empresa. Use use cases para defender uma implementação de segurança digital. Não ceda informações. As redes sociais são espertas. Eles sabem conduzir pessoas na direção errada. Você tem que não ceder a tentação. Muitas das ameaças você pode parar. Tenha certeza que todos estão na luta contigo”, finalizou o CEO da Aura.
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