OpenAI e ChatGPT: pró-humano e pró-ética
Co-fundador e presidente da OpenAI, dona do ChatGPT e Dall-e, opina sobre o futuro da relação entre inteligência artifical e humanidade
Co-fundador e presidente da OpenAI, dona do ChatGPT e Dall-e, opina sobre o futuro da relação entre inteligência artifical e humanidade
Thaís Monteiro
11 de março de 2023 - 0h51
Lançado em novembro de 2022, o ChatGPT fez disparar uma série de discussões sobre implicações do uso da inteligência artificial. O co-fundador e presidente da OpenAI, dona do produto, procurou acalentar as angústias relativas à tecnologia e frisar que o intuito da OpenAI é ajudar a “mover a agulha” para o lado positivo e pró-humanidade.
Para Greg Brockman, um futuro comandado por IA é impensável. O que os fundadores da empresa desejavam quando começaram a desenvolver a ideia foi beneficiar a humanidade, seja oferecendo informações mais precisas, auxiliando em processos criativos ou até ajudar falantes de outras línguas a se comunicarem. “É a amplificação do que humanos podem fazer”, descreveu.
Por esse mesmo motivo, a iniciativa surgiu, na verdade, como uma organização sem fins lucrativos em 2015, mas os sócios perceberam que precisavam de muita tecnologia para criar o que buscavam e, portanto, de investidores. Ainda assim, o executivo diz que a missão da empresa vem antes dos investidores.
O resultado não veio de uma hora para outra. Demorou para a empresa alavancar investimento e quase uma década para o lançamento acessível, para o público geral. Em 2016, a OpenAI começou a trabalhar com modelos de linguagem preditivos e, em 2020, a empresa lançou APIs para demais negócios usando esses mesmos modelos. Quando chegou a hora de lançar, não houve medo ou apreensão. “Não precisávamos nos preocupar. Fizemos testes por muitos meses. Sabíamos que seria uma dimensão diferente. Estávamos nervosos, mas o time estava pronto”, contou.
A reação surpreendeu. Para o executivo, havia um gap entre o que a população achava que era possível no uso da inteligência artificial e o que tem sido possível já há alguns anos. Além disso, ele acredita que o valor atribuído à tecnologia e a velocidade de desenvolvimento dela não condiziam à entrega que ela propõe. Ainda, assim, Brockman considera difícil prever o que a IA pode virar no dia de amanhã e acompanhar seu crescimento exponencial.
O debate sobre o ChatGPT ainda está muito centralizado sobre a possibilidade da IA substituir aspectos humanos, mas há outros percalços no caminho, como o bot dar informações erradas, seu uso na criação de spans relacionados a conteúdos ilícitos ou informações falsas. Tais questões são endereçadas pela OpenAI. “Queremos construir confiança. É a dor de aprender. Temos um time que olha para esses problemas e estamos tentando tornar a ferramenta mais confiável. Sabíamos que seria difícil não sair dos trilhos”, afirmou.
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Desde lançado, novas versões do produto surgiram por necessidade de atualizações de algumas falas do bot. O próprio ChatGPT foi acusado de ser tendencioso, ao que Brockman concordou. Ele ainda deu a entender que o serviço deve ser descentralizado para que a comunidade cobre a si sob mau comportamento em relação ao uso das soluções.
Voltando ao tópico da inteligência artificial substituir fatores humanos, na opinião do presidente, a tecnologia visa ser aliada aos humanos. “Eu acho que é uma nova fronteira para todas as áreas. Vamos ver mais ações criativas acontecendo. Diminuímos a barreira para nova atividade acontecer. Acho que vamos ver indivíduos com ideias boas e agora vão ter um estúdio para trabalhar”, colocou.
Ainda assim, ele concorda que algumas habilidades serão valorizadas conforme a IA começa a ser parte dos processos de trabalho, como julgamento, soft skills e processos de aprendizagem. Para ele, profissões que devem acabar são aquelas que não necessitam de julgamento humano.
Brockman ainda não consegue responder se o uso de inteligência artificial ira diminuir a capacidade intelectual de humanos. “Eu penso nisso toda noite, mas eu acho que o importante é tentar entender como ela pode ser um multiplicador de inteligência”, opinou.
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As questões sobre ética e regulamentação estão em pauta na OpenAI, que busca se manter atualizada e promove conversas com políticos a respeito dos temas. Para abraçar a diversidade como um todo e tornar os processos mais imparciais possíveis, a empresa está buscando pessoas diversas para terem poder de decisão coletiva.
Se no futuro a inteligência artificial não irá comandar, ela ao menos tornará a forma de interagir com o conteúdo online diferente. “Estamos construindo uma nova forma de internet”, afirmou o executivo.
No entanto, o melhor é esperar para ver. “Estamos em um slow grow. Vendo uma integração gradual. Não é um problema de matemática. É humano. Engajar com essa tecnologia com essas questões que não sabemos as respostas vai ser um projeto de décadas”, adiantou Brockman.
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