5º lugar – 13% dos votos
Nando Olival

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Direção de Atores - 2011

5º lugar – 13% dos votos
Nando Olival

O2 Filmes

Para Nando Olival, o cinema, em qualquer forma, é essencialmente uma arte coletiva. Começa com uma ideia, que precisa de muita três-tabelas, tripé, refletor e gente de saberes distintos e complementares, para se transformar em concreta magia. Ser diretor, nessa concepção, tem o sentido mais simples: de condutor.

“Gosto muito da maneira como toda a equipe participa do projeto, transformando-o. De como o roteiro toma forma durante a produção, as filmagens, a montagem e acaba se transformando, muitas vezes, em uma obra muito diferente do que se imaginava. Para isso, é preciso deixar que as pessoas de sua equipe participem ativamente da elaboração. Não tenho mão de ferro no set, pelo contrário, sou o motorista da Kombi, o cara que estabelece o destino e fica ali enfiando o pé no acelerador”, simplifica Olival.

A viagem com tal motorista será tudo, menos algo entediante e sem sabor, pelo alto apreço pela velocidade. “O motivo é simples: se as coisas demoram muito, perco a concentração. As diárias são muito curtas para se gastar com momentos de indecisão. Filmar rápido traz alguns riscos, mas não tanto quanto o tédio de uma filmagem lenta, em que se fica buscando a perfeição em cada take”, receita o piloto.

Os melhores filmes do diretor, contudo, nasceram de um esforço muito paciente e lento. A pedra no caminho era imensa: transformar roteiros medianos ou ruins em uma peça publicitária decente. “Você trabalha, trabalha, quebra pedra, sobe ladeira, discute, fica sem dormir noites e noites e, no fim, surpreendentemente, o filme funciona.”

Na avaliação de Olival, fazer publicidade com bons roteiros não é tarefa complexa. “A verdade é que só fazendo muita bobagem, um diretor consegue estragar um bom roteiro de 30 segundos.”

O diretor reclama do conservadorismo e do medo de clientes e agências, que aponta como principais entraves à qualidade dos filmes publicitários brasileiros. “Muita gente na área se contenta em simplesmente seguir as regras e ir dormir tranquilo. E isso dificulta imensamente o trabalho de quem não está a fim de dormir tranquilo.”

O Brasil é pelo menos bom em um atributo: a liberdade que dá ao motorista de escolher o caminho. “Aqui, o diretor não precisa justificar cada detalhe, cada corte, cada opção na direção de arte. O processo é mais fluido, adaptável e flexível.”

(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011)

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