Vulnerabilidades, perfeccionismo e carreira: abrir mão é libertador
Mostrando minhas imperfeições busco construir pontes e abrir espaço para o diálogo, seja com o meu time ou com minhas amigas
Vulnerabilidades, perfeccionismo e carreira: abrir mão é libertador
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28 de setembro de 2023 - 9h00
Dificilmente tomo uma decisão pessoal ou profissional sem conversar com minha rede de apoio. Alguns, inclusive, podem até considerar isso uma fraqueza e confesso que também precisei aprender a pedir ajuda e até hoje me vejo caindo na armadilha da super heroína. Mas, nesses anos, tenho orgulho em dizer que tive e ainda tenho mentoras que me acolheram em momentos importantes da minha vida e carreira. Mais do que isso, entendo que a melhor forma de retribuir isso é expandindo a zona de acolhimento e estando aberta a ouvir e a trocar muito com o meu time e colegas. Porque, sim, é fundamental ter uma perspectiva externa, um outro olhar e, especialmente, um local seguro de troca.
Essa reflexão surgiu graças a uma gestora muito querida que segurou a minha mão durante uma das minhas primeiras crises de negócio e de vida: tinha perdido meu pai e, possivelmente, enfrentava o que hoje chamamos de burnout. Na época, ela falou frases do tipo: “Você não é paga para resolver os problemas de todo mundo. Se você não me falar o que você precisa, eu não serei capaz de adivinhar. Em momentos difíceis, precisamos de duas coisas: confiança e comunicação”. Nunca me esqueci dessas duas palavras, pois elas me guiaram ao que quero compartilhar com vocês hoje.
Primeiro, é que essa confiança, muitas vezes, surge após conversas como a que eu tive com a minha gestora. Esse sentimento precisa estar em nós, mas também é delicioso quando compartilhado e incentivado. Por isso, digo que precisamos muito de lideranças – diretas ou não – que sejam empáticas e se tornem mesmo uma espécie de rede de apoio, aumentando nossa autoconfiança – como falam minhas colegas Joana Fleury e Roberta Sant’Anna no primeiro episódio da série “Mulheres Que Movem Mulheres”, uma iniciativa da L’Oréal Brasil.
Em segundo lugar, pelo bem da nossa saúde mental e crescimento profissional, é importante assumir nossas vulnerabilidades e imperfeições. Agora, admito que nem sempre foi fácil para mim lidar com a vulnerabilidade. Alguns processos como o amadurecimento natural da vida, a perda de algumas pessoas e a própria maternidade foram me ajudando a trabalhar isso com mais naturalidade. Hoje, acredito que assumir nossas vulnerabilidades nos deixa, sobretudo, mais autênticas. E isso é libertador!
Muitas vezes nos escondemos atrás de escudos. Mas nem mesmo ter muita experiência em nossas áreas nos torna super-heróis ou super-heroínas invencíveis. Ainda mais nesse mundo BANI… Cada vez mais, vejo lideranças assumindo suas vulnerabilidades (como bem nos motivou a professora e pesquisadora Brené Brown há alguns anos) e aderido a uma nova revolução que admite e aceita o imperfeccionismo (o psicólogo Giulio Costa lançou recentemente um livro na Itália sobre isso).
Eu sei: numa sociedade que cultua a performance é difícil abrir mão do perfeccionismo. Nunca cobrei isso de mim, nem do time. Ao longo da vida – e de muita terapia – venho exigindo cada vez menos perfeição (e controle também, o que, para mim, como boa budista, é uma ilusão).
Tanto que, no passado, tive uma conversa para o time contando minha história pessoal e profissional, e falei apenas dos erros e momentos supostamente embaraçosos que tive até chegar aqui, como crises de negócios até esquecimentos em apresentações para duas mil pessoas.
Há três coisas que faço questão do meu time saber sobre mim desde o primeiro momento, e não é sobre minhas graduações e conquistas, mas sim que:
Revelando minhas vulnerabilidades e mostrando minhas imperfeições, busco construir pontes e abrir espaço para o diálogo, seja com o meu time ou com minhas amigas. Ninguém vence uma batalha sozinho. Perca o medo, peça ajuda. Eu estou aprendendo…e está sendo uma jornada e tanto!
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