Bia Guerra: “Não há espaço para falta de posicionamento sobre a sociedade”
A head de marketing de pesticidas na Reckitt Hygiene Comercial fala sobre liderança, ESG e inspirações
Bia Guerra: “Não há espaço para falta de posicionamento sobre a sociedade”
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Michelle Borborema
27 de fevereiro de 2023 - 14h33
Ana Beatriz Guerra, ou Bia Guerra, como é conhecida no mercado, entrou há quase 3 anos na Reckitt Hygiene Commercial, em meio à pandemia, e abraçou o desafio de fazer a gestão do marketing de uma das principais categorias da companhia com o escritório completamente fechado. “Conheci toda a cultura da empresa de casa”, conta. Em outubro de 2021, ela assumiu como head para a categoria como um todo, sua posição atual.
A executiva, que está há mais de onze anos no segmento de bens de consumo e passou por marcas globais como P&G, onde atuou no marketing de Downy, Oral-B e Gillette, acredita que o humanismo é cada vez mais importante para uma liderança bem-sucedida, além da flexibilidade e da humildade. Em entrevista ao Women to Watch, ela também disse que a agenda ESG é um ponto estratégico para as marcas, não havendo mais espaço para falta de posicionamento sobre causas que afetam o meio ambiente e a sociedade.
Confira abaixo nossa entrevista com a Bia, que se diz apaixonada por tudo que envolve pessoas, do consumidor à gestão de equipe, e conta que um dos seus maiores objetivos é continuar desenvolvendo marcas e, principalmente, as pessoas que estão por trás de tudo o que faz essas marcas chegarem às casas dos consumidores.
Você entrou na Reckitt na pandemia, passou pelos desafios do período e em 2021 foi nomeada head de marketing da categoria de pesticidas. Agora você está completando 2 anos e meio na empresa. Qual é o principal desafio de liderar o marketing desse tipo de produto?
O grande desafio, falando do produto em si, é lidar com a questão da saúde, da preocupação e até mesmo do medo que o inseto gera no consumidor, e ainda assim gerar conexão. Para isso, buscamos abordar os temas de forma responsável, mas leve, e com embasamento de profissionais que apoiam a nossa causa.
Quais características ou habilidades você considera essenciais numa liderança? Como você as desenvolve e as alimenta regularmente?
Pode parecer clichê, mas realmente acredito que humanismo é cada vez mais importante. Estamos acompanhando transições entre diversas gerações, então enxergar o ser humano por trás do cargo é o que possibilita a troca, e sem troca não há liderança. Além disso, flexibilidade e humildade são fundamentais para dar segurança à equipe sobre aprendermos a lidar com contextos e realidades diferentes, mudanças, nos adaptando e aprendendo sempre.
Algo que sempre me ajudou ao longo da minha carreira é ter profissionais e parceiros com quem posso dividir os desafios do dia a dia. Às vezes, a gente só precisa de um olhar diferente para conseguir solucionar uma questão.
Atualmente, a agenda ESG se tornou um ponto muito importante e estratégico para as empresas e para as marcas. Como você vê isso e como tem abraçado esse pilar nas marcas da categoria de pesticidas?
A agenda ESG se tornou um ponto estratégico, à medida em que não há mais espaço para não nos posicionarmos frente às causas que afetam o meio ambiente e a sociedade. Na categoria de pesticidas da Reckitt, carregamos um propósito que norteia todas as nossas ações, que é proteger famílias e comunidades de doenças causadas por insetos.
Esse propósito permeia toda ação que fazemos como marca, desde a comunicação, que conta com endosso profissional, estudos clínicos e conscientização sobre a prevenção de doenças, plano de inovação que visa atender nossos consumidores com soluções cada vez mais eficazes, seguras e completas, até o programa de impacto, o movimento Juntos Contra o Mosquito, que a marca lidera junto à Cruz Vermelha Brasileira desde 2017, onde diversas famílias e comunidades são beneficiadas com doações e programas culturais e educativos.
Você já teve algum tipo de sentimento de autossabotagem? Como lida com essa situação e quais dicas dá para as mulheres que se sentem assim nos projetos, nas áreas e nos lugares em que atuam?
Certamente já, e creio que sempre estaremos expostas a esse risco. O mais importante, nesse caso, é saber reconhecer o que nos desperta esse sentimento, o que é capaz de fazer com que, de uma hora para outra, estejamos questionando a nós mesmas se deveríamos ou não estar ali. Só reconhecendo isso é possível entender a melhor forma de lidar.
Não acredito em uma fórmula mágica, mas defendo muito que manter o respeito sempre traz paz de espírito e nos dá confiança. Se alguém se sente intimidada em determinada situação, nunca deixar de se posicionar, com respeito, e lembrar que se chegou ali, é porque, de alguma forma, você conquistou o espaço. Por fim, ter mentores e profissionais que te guiem e suportem também faz uma grande diferença à medida que vamos assumindo novos e maiores desafios.
Quais são seus próximos passos, na Reckitt e na carreira?
Seguir crescendo e evoluindo na cadeira de marketing. Temos muitas marcas incríveis e o desafio de expandir cada vez mais nosso programa de impacto como marca e, quem sabe, novos mercados para desbravar também.
Quais mulheres inspiradoras você segue, lê e observa? Como elas te inspiram?
Tenho a sorte de estar cercada de muitas delas, na vida pessoal e no âmbito profissional. Tenho mentoras que me acompanham desde o início da carreira e seguem sendo fonte de força e inspiração.
Um nome que me vem à cabeça também como referência é a Shonda Rhimes. Além dos inúmeros roteiros de sucesso, é uma mulher forte, que não se prende aos estereótipos. Assisti há um tempo uma conversa entre ela e um empresário norte-americano, que perguntou o que é necessário para ela levar em consideração uma proposta de roteiro ou alguém que gostaria de trabalhar com ela. A resposta é o valor que ela dá para quem trabalha duro, para quem realmente entrega algo relevante com dedicação, e do quanto está disposto a se arriscar. Acredito que isso se aplica muito no dia a dia de qualquer negócio.
Por fim, tem alguma dica de séries, filmes, livros e/ou músicas que consumiu recentemente e te fizeram refletir sobre a condição e o papel das mulheres na sociedade?
Terminei há pouco um livro chamado “The House of Eve”, que conta a história de 2 mulheres negras com realidades bem diferentes, mas que acabam tendo muitos pontos em comum, entre eles a ambição feminina em traçar um caminho de sucesso, que é constantemente desafiada e questionada. É um romance com lições e reflexões bem atuais sobre o papel feminino em diferentes situações. Outro livro recente é o “Inclusifique-se”, da Stefanie K. Johnson. Ele fala sobre os principais erros de diversas empresas em manter o engajamento de equipes diversas e traz dicas reais e práticas sobre o esforço diário necessário para que um time diverso se sinta realmente parte da organização.
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