É hora de desacelerar e celebrar
Comemore as conquistas, as pequenas vitórias, os menores prazeres, cada lição de cada erro
Comemore as conquistas, as pequenas vitórias, os menores prazeres, cada lição de cada erro
21 de dezembro de 2022 - 16h22
“Deixem de agonia porque nada se resolve neste ano”. O pensamento do empresário e escritor Pedro Tourinho publicado no seu Instagram na segunda quinzena de dezembro me leva àquela sensação boa de soltar o ar e saber que está na hora de desacelerar.
Há ainda outra reflexão que gosto muito de fazer nessas épocas: não temos possibilidade alguma de domínio sobre o tempo. É ele que nos guia, não o contrário; é ele que nos domina, nunca o oposto; é o tempo – com suas divisões e subdivisões humanas – que sabe passar enquanto a gente não sabe (uma pequena licença poética em cima da obra-prima “Resposta Ao tempo”, do Aldir Blanc, imortalizada na voz da Nana Caymmi).
Apesar da imensidão do tempo e da nossa finitude, criamos marcas, convenções e ritos de passagem. Para demarcar essa ideia genial de final e início de ano que nos faz acreditar que tudo será diferente, que novas oportunidades estão ali nos esperando, que coisas surpreendentes estão por vir. Os fogos explodem, a rolha do espumante voa, as taças enchem, conta-se regressivamente e tudo se transforma para melhor. Certo? Sabemos que não. Não necessariamente.
Sairemos de 2022 para 2023 e quase nada (ou quase tudo) pode mudar. E isso é ótimo. A falta de controle deve ser o gatilho para o relaxamento. A frase é um chavão, mas está correta: se não há solução, solucionado está. Faça então o exercício de olhar agora o calendário, respirar e entender que o trânsito seguirá absurdo, que haverá uma corrida de última hora às lojas, a lista do que ainda falta fazer tende apenas a crescer, você irá a diversas confraternizações e os prazos estarão sempre no limite.
Ainda assim, respire, relaxe, divirta-se e aproveite essa boa ideia de um ano inteiro, com todas as suas aflições, sendo deixado para trás. Comemore as conquistas, as pequenas vitórias, os menores prazeres, cada lição de cada erro. Permita-se. Que sensação incrível essa! Saúde mental é a ordem da vez e temos o melhor momento possível para cuidar disso.
Então, enquanto passamos por esse momento de desaquecer, reenergizar e sonhar (e, claro, o que for melhor para cada pessoa), deixo uma lista de sugestões para os últimos dias do ano.
– Faça uma pausa;
– Participe de alguma ação social e ajude as pessoas que mais precisam neste ano;
– Agradeça e celebre aqueles que estiveram ao seu lado;
– Agradeça e celebre as suas conquistas particulares, nem sempre lembramos de fazer isso, que é também tão importante;
– Faça um balanço mental de tudo o que valeu a pena. Além disso, avalie seu caminho, entenda qual o propósito das coisas a que você se dedicou. Se achar que é o caso, indique caminhos para corrigir as rotas;
– Permita-se acordar mais tarde para curtir a preguiça ou levantar mais cedo para aproveitar o dia todinho;
– Leia um ou alguns bons livros. O ano de 2022, pra mim, foi marcado por autoras brasileiras maravilhosas. Carla Madeira, Andrea del Fuego, Carolina Maria de Jesus, Aline Bei, Morgana Kretzmann, Micheliny Verunschk, Manoela Sawitzki – faltam tantos nomes nessa lista injusta. Escolha quem quiser, mas leia. E, se puder, me indique outros no @aleblanco no Instagram;
– Descubra novas músicas, dance, cante e perca a vergonha;
– Experimente algo que nunca provou;
– E, claro, faça aquela tradicional listinha do que vem por aí, um clássico totalmente necessário de ano novo.
Coloquei dez tópicos acima, mas as possibilidades são infinitas, porque são individuais. O importante é deixar de agonia, como disse o Tourinho. Acredite, sempre dá tempo.
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