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Longevidade e etarismo: o que as empresas estão deixando de ganhar

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Longevidade e etarismo: o que as empresas estão deixando de ganhar

Profissionais acumulam experiência ao longo de uma vida em suas trajetórias e devem ser encarados como força estratégica e novos negócios

Carol Scorce e Carol Scorce
26 de setembro de 2023 - 8h48

Juliana Ramalho, da Talento Sênior (Crédito: divulgação)

No início deste ano, um caso de etarismo ganhou forte repercussão em todo o país. Alunas universitárias jovens, na faixa dos 18 anos, aparecem em um vídeo que circulou pelas redes sociais – até chegar de maneira crítica na imprensa – debochando de uma colega com mais de 45 anos que havia se matriculado no curso de biomedicina. “Nessa idade já deveria estar se aposentando”, diz uma das alunas no vídeo. Etarismo é o preconceito praticado contra pessoas mais velhas, um tipo de discriminação pouco discutida, e muito difundida em práticas e falas do dia a dia. O comportamento das estudantes não surpreende em um país como o Brasil, onde a cultura da juventude, da beleza, do corpo, é cultuada como um valor. É a ideia de que alguém que passou dos 45, 50 ou 60 anos não tem muito mais a oferecer e deve se recolher socialmente. E isso é um equívoco. 

No mercado de trabalho, o desafio das empresas está em se preparar para considerar os profissionais 45+ como força estratégica que vai impulsionar os negócios, e apostar na intergeracionalidade na formação de suas equipes como a melhor forma de ter um time qualificado, e também de dar conta da própria Economia Prateada. 

Juliana Ramalho, CEO da Talento Sênior – empresa de Talent as a Service, que atua na contratação de profissionais 45+ sob demanda – explica que há uma série de dificuldades que precisam ser superadas. É comum, por exemplo, os gestores não contratarem profissionais mais velhos que eles para cargos hierarquicamente mais baixos, ou considerarem que um profissional muito experiente vai abandonar a empresa com mais facilidade. 

“Se formos esperar que a contratação de pessoas com mais de 45 anos ocorra a partir das políticas de diversidade das empresas, vamos esperar sentados. Vai demorar muito. Quando abri a Talento Sênior, ouvi de uma diretora de RH muito franca que me disse que já tinha muitas dificuldades para trazer equidade de raça e gênero para a empresa, por exemplo. Para eles, é mais um problema para resolver”, explica Juliana. 

Por isso, empresas menores podem ser um caminho mais interessante. A abertura de vagas para profissionais maduros tem suscitado também a possibilidade de estender a carreira profissional e trazer às empresas um impulso nos negócios, considerando a experiência e a própria vivência corporativa dos profissionais 45+. Pela Talento Sênior, os profissionais atuam alguns dias da semana nessas empresas, podendo trabalhar em mais de uma, eventualmente. 

A empresa acompanha os profissionais por pelo menos um ano, dando suporte em questões que vão desde formação em tecnologias específicas, se for necessário, até na interlocução com o departamento de RH para casos de etarismo. Para Juliana, a abundância geracional nas empresas é o que vai garantir que o mercado dê conta das profundas transformações sociais que já estão em curso. “Os mais velhos precisam dos jovens, mas os jovens precisam muito dos mais velhos no ambiente de trabalho.”

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