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O aumento da liderança feminina no planejamento estratégico

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Opinião

O aumento da liderança feminina no planejamento estratégico

Reflexões sobre os motivos que levam ao aceno desse mercado à mão de obra feminina


16 de novembro de 2022 - 8h42

(Crédito: CoWomen/Unsplash)

Neste artigo, eu gostaria de compartilhar uma certa tendência que tem chamado a minha atenção nas palestras e eventos de que participo e até mesmo na minha rede de contatos do LinkedIn: o aumento da liderança feminina na área de planejamento estratégico de agências. Hoje, há várias mulheres assumindo C-Level nesta disciplina, e acho interessante refletir sobre os motivos que levam ao aceno desse mercado à mão de obra feminina. Longe de trazer respostas definitivas, gostaria de pensar em possíveis justificativas.

O primeiro ponto é que, claramente, há uma demanda maior da sociedade por mais representatividade em posições de liderança. Nos últimos anos, a discussão sobre equidade de gênero no ambiente de trabalho se intensificou, e isso se reflete no ambiente corporativo. De certa forma, essa tendência pressiona as empresas a tentar equilibrar a cor, o gênero e a orientação sexual de suas equipes e aumenta a probabilidade de que representantes de minorias cheguem aos cargos de poder. Esse poderia ser um dos fatores que impulsionam a ascensão profissional de mulheres de um modo geral.

Agora, falando especificamente sobre as mulheres líderes na área de planejamento estratégico, há outras possibilidades que podemos refletir. Uma delas é a conhecida capacidade feminina de ser multitarefa, o que as permite enxergarem vários ângulos ao mesmo tempo. Essa habilidade é fundamental para planners, já que a função exige uma visão holística e uma capacidade de prever oportunidades e possíveis ameaças ao planejamento. Sem essas aptidões, seria impossível ter ideias realmente criativas e eficientes para atingir os objetivos traçados.

Outro ponto interessante é a sensibilidade necessária para um bom planejamento. Há toda uma crença de que mulheres são naturalmente mais sensíveis, mas a verdade é que desde cedo somos ensinadas a desenvolver essa característica. Assim, nos tornamos mais atentas às emoções e aos sentimentos humanos, o que faz com que tenhamos um talento especial na hora de planejar campanhas e ações mais efetivas, que realmente toquem o público. Aliás, a empatia é outro “superpoder” que a gente aprende a desenvolver desde a infância. Nós somos criadas para cuidar, para acolher. Talvez por isso a gente seja tão boa em se colocar no lugar do outro, perceber o que as pessoas desejam e enxergar os vários lados de uma situação. E essas qualidades são essenciais para um planejamento eficiente. O planning é uma atividade que exige muita atenção e sensibilidade. É preciso olhar para o lado humano das coisas e enxergar as dores e as necessidades das pessoas, ao invés de tratar o público como um robô.

Para ser bem-sucedida nessa área, é importante também ter um olhar empático, entender as pessoas e se colocar no lugar dos consumidores. Só assim é possível ter bons insights e encontrar soluções eficazes para atender aos desejos e às demandas de seu público-alvo. Assim, nossa socialização pode explicar em partes o sucesso das mulheres no planejamento estratégico das empresas.

Porém, acho que é importante lembrar também que existem áreas mais amigáveis e áreas mais hostis à presença de mulheres e outras minorias. O planejamento e o atendimento, por exemplo, são setores das agências que costumam ser mais abertos nesse sentido. Já se pegarmos a criação como exemplo, perceberemos que a coisa muda um pouco de figura. Embora a participação de outros grupos sociais nesse campo esteja crescendo, a maioria dos profissionais ainda são homens brancos heterossexuais.

Não à toa, são os homens os principais premiados do setor todos os anos. Isso não quer dizer que eles necessariamente tenham mais talento ou sejam mais criativos, mas sim que esse mercado está mais aberto para eles do que para grupos minoritários como mulheres, negros e pessoas LGBTQIAP+, que acabam sofrendo mais pressão.

Como profissional de planejamento estratégico, fico muito feliz de ver cada vez mais mulheres assumindo posições de líderes nessa esfera. Porém, é preciso que a discussão sobre a igualdade de gênero no mercado de trabalho continue a crescer e que as mulheres tenham a oportunidade de ocupar cada vez mais espaços, não importando em qual área. A meu ver, somente dessa forma veremos, num futuro próximo, mais mulheres em cargos de liderança no planejamento, na criação, na gestão de empresas, à frente de seus próprios negócios ou em qualquer posição que desejem assumir.

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