O melhor ano dos musicais no Brasil

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O melhor ano dos musicais no Brasil

Em 2011, a exibição de títulos já colocou o País em destaque no mundo. Para este ano e para 2013, as peças ? e as empresas promotoras de espetáculos ? se multiplicam


16 de abril de 2012 - 3h30

O musical Priscilla, Rainha do Deserto, com estreia no sábado 17, traz à tona, junto com espetáculos como Tim Maia – Vale Tudo, Hair e A Família Addams, o bom momento que o setor vive no País. Para as empresas que compram títulos internacionais e os promovem aqui e também para aquelas que criam e produzem peças a partir do Brasil, o cenário é alvissareiro. O público aderiu ao gênero e lota as casas, abrindo oportunidades para que novos players se lancem nesse mercado.

Se em 2011 o setor viveu uma grande fase, para este ano a expectativa é que os musicais aumentem o faturamento das companhias realizadoras, que contam com o apoio de um número maior de marcas patrocinadoras. De acordo com Luiz Calainho, um dos sócios da Aventura Entretenimento, que tem no portfólio Hair (em cartaz no teatro Frei Caneca/ SP) e Um Violinista no Telhado (com estreia nesta sexta-feira 16 no teatro Alfa/SP), 2012 promete ser melhor do que o ano passado, quando o setor já cresceu bastante a ponto de se tornar o terceiro do mundo em número de títulos, atrás dos Estados Unidos e da Inglaterra. Só a Aventura tem uma série de projetos ao longo deste ano que irão elevar o faturamento de forma significativa: de R$ 37 milhões para R$ 52 milhões.

Para Leonardo Ganem, diretor geral da Geo Eventos, que trouxe Priscilla para São Paulo junto com a norte-americana Base Entertainment, sua parceira internacional (leia mais sobre essa produção aqui), o impulso se dá com a força da nova classe C, que está dedicando mais dinheiro para lazer, cultura e entretenimento. A Geo, que também responde pelo sucesso do musical para crianças A Galinha Pintadinha, promete montar mais um ou dois títulos com ajuda do parceiro.

Outras empresas apostam no retorno desse mercado. A XYZ Live, por exemplo, prepara o lançamento de Shrek. E também aumenta o número de produções nacionais, que estão obtendo sucesso de público, vide a lotação de Tim Maia – Vale Tudo, da Chaim Produções, que saiu do Rio de Janeiro e veio a São Paulo.

A expansão do mercado musical é tema de ampla reportagem de Meio & Mensagem na edição 1501, que sai nesta segunda-feira, 19. Abaixo, um vídeo da TV Meio & Mensagem, que acompanhou uma parte dos ensaios de Priscilla, além de trazer cenas de outros espetáculos. Depois do vídeo, confira mais depoimentos de executivos e empresários que estão fazendo o setor de musicais se expandir ainda mais. 

Depoimentos – o crescimento do mercado, os entraves e a percepção das marcas sobre o setor.

– Edson Cabrera Junior, diretor de entretenimento da Future Group (Thriller Live, espetáculo em parceria com a Broadway Brasil, que celebra a obra de Michael Jackson e que estreará no início de 2013)
“Essa peça sobre Michael Jackson é o primeiro musical da Future Group. Na verdade, é o primeiro empreendimento da nossa área de entretenimento. A aposta nesse segmento foi em virtude de uma demanda grande de nossos clientes por novos projetos. Em Thriller, temos 14 bailarinos. Para interpretar Michael Jackson, há cinco atores, sendo três adultos, uma mulher e uma criança. É um projeto diferente. A coreografia respeita o perfeccionismo de Michael. O show é todo ao vivo, com uma banda ao vivo. Isso dá um valor distinto ao espetáculo. Ele acaba agradando todos os perfis de público. Para a escolha de uma das crianças, teremos um programa de TV e um patrocinador. Deve ser em setembro. Não posso revelar detalhes. Enxergamos esse espetáculo entre um musical tradicional e um show de banda. A maior dificuldade que há nesse setor é a falta de teatros. Há poucos e eles estão abarrotados e nem todos comportam um espetáculo como Thriller. Mas com o conteúdo crescendo, a infraestrutura também crescerá. O mercado tem potencial.”

– João Paulo Affonseca, vice-presidente de entretenimento da XYZ Live (Shrek, no segundo semestre de 2012)
“O mercado está crescendo significativamente ano a ano. O público aceitou o formato, que está bem adaptado para nossa língua. O que precisamos é de uma melhora dos teatros. Uma produção de alto custo como Shrek precisa de uma estrutura que dê conta do volume. Há também uma maior oferta de mão de obra artística. Precisamos de mais gente. Estamos trabalhando para desenvolver mais o setor de musicais e espetáculos. Uma de nossas ideias é sermos produtores e exportadores. No caso de patrocinadores, Shrek já conta com Bradesco Seguros, a principal cota, e Nestlé. O musical entrará em cartaz no Rio de Janeiro e em São Paulo. Talvez exista um projeto itinerante para cidades como Belo Horizonte e Curitiba, mas diminuindo a quantidade de peças.”

Leonardo Ganem, diretor geral da Geo Eventos (Priscilla, Rainha do Deserto, A Galinha Pintadinha e Arrabal, este em 2013)
“O crescimento vem de alguns anos e o motivo é a classe C. Ficou até cansativo falar disso, mas é verdade. Eles estão impulsionando o mercado. Com a maior demanda, entraram mais empresas nesse setor. Existem umas quatro ou cinco produtoras trazendo grandes espetáculos, e há também outras fazendo musicais que não têm esse porte dos títulos internacionais. Priscilla, por exemplo, exige um investimento mais do que dez vezes superior ao da Galinha Pintadinha. No caso dos patrocinadores, ficou claro que o ‘ao vivo’ se tornou uma importante plataforma. Há tantas plataformas disponíveis que ficou mais difícil uma marca se sobressair. Pelo ‘ao vivo’, os patrocinadores encontram uma opção para quem busca relevância e experimentação.”
 
– Luiz Calainho, sócio da Aventura Entretenimento (Hair, Um Violinista no Telhado, Mágico de Oz, em junho no Rio de Janeiro, e Rock in Rio – O Musical, com Grupo Medina, em novembro)
“Investimos intensamente no segmento. A produção artística do Brasil já está em linha com o que existe nos EUA e na Inglaterra. É o mesmo padrão de qualidade. Hair, por exemplo. Acho que tem qualidade superior ao que foi montado na Broadway há dois anos. A Aventura é locomotiva do setor de musicais porque ela está focada nesse segmento. A T4F é maior do que a Aventura, mas tem investe em outras áreas também. Quando nos estabelecemos (há três anos), levamos aos patrocinadores formatos de ativação diferentes. Aprofundamos modelos. Temos ativação até na sala de espetáculos. Um exemplo foi o que fizemos com a Sul América, patrocinadora de Hair. Fizemos em uma convenção para corretores uma noite Hair. Este ano será o maior da Aventura, assim como o mercado também vai crescer. Por que? Já tivemos Beatles, Judy Garland, o tema da escola de samba São Clemente. Teremos sete grandes produções. O Brasil é, de fato, um país musical. E o povo é conectado com dramaturgia.”

– Ricardo Marques, diretor da 4Act (Fame, o Musical, que estreia em maio)
“Os direitos de Fame, o Musical no Brasil são da 4Act. Por se tratar de uma licença não-réplica, a criação é da produtora: figurinos, cenografia, direção, coreografias e comunicação visual do espetáculo. O lado bom é que podemos criar, propor, mas temos de respeitar e seguir o texto e as músicas originais, sem alterar o sentido e a obra em si. Já em musicais que são réplicas, que não é o nosso caso, toda a equipe – diretor, diretor musical e coreógrafo – vem da produção original norte-americana. Acho importante analisar o antes e o depois do teatro musical. O gênero não é novidade no Brasil: Bibi Ferreira estrelou My Fair Lady em 1962 e tivemos também a produção de Alô, Dolly em 1966, também com Bibi no papel principal. A partir de 1999, os musicais voltaram a crescer no País com a vinda de Rent, Les Miserables, A Bela e a Fera e O Fantasma da Ópera. As atenções voltaram-se para esse tipo de entretenimento e os musicais começaram a se tornar mais populares: vinham cerca de dois musicais por ano e havia duas grandes produtoras no segmento. Hoje, existem muitos produtores atuantes em teatro musical. Em 2012, teremos cerca de oito musicais somente em São Paulo. Estamos vivendo bons tempos, mas ainda tem muito pela frente, pois o brasileiro está se apaixonando cada vez mais pelo gênero e se interessando mais. Com isso, o mercado cresce e novos produtores começam a surgir. As produções também começam a ter maior porte e se tornam mais diversificadas, para todos os tipos de público. Isso é muito positivo. Esse mercado deve crescer cada vez mais no país e as empresas apoiarem cada vez mais essa arte. Por outro lado, faltam teatros para tantos espetáculos ao mesmo tempo. Também faltam artistas que atuem, dancem e cantem com o mesmo nível de qualidade.”

– Stephanie Mayo, diretora de family entertainment da Time For Fun (A Família Addams, no Teatro Abril. E um histórico de musicais como O Fantasma da Ópera, Os Miseráveis, A Bela e a Fera, Cats e Mamma Mia)
"A T4F criou esse mercado. Começamos em 2000 na Argentina e em 2001 no Brasil. Formamos uma equipe técnica capacitada, formamos talentos. São 11 anos de produções. O acesso aos musicais se democratizou. Antes, era mais elitizado. Com a inserção da nova classe média, o público aumentou. Nesse crescimento, surgiram também mais produções nacionais, produções criadas a partir do zero. Para a escolha de títulos, há uma combinação de fatores. Fazemos pesquisas para entender o gosto do brasileiro e da população da América do Sul. Além da maior demanda do público, outro fato é que os tempos para trazer um espetáculo para cá diminuíram. Há maior disponibilidade dos times criativos internacionais, como o diretor artístico, o coreógrafo. Um problema é que o número de teatros é bastante limitado. No nosso caso, montamos nossas grandes produções no Teatro Abril. Sobre o acordo com a Disney (que prevê a produção de Mary Poppins, A Pequena Sereia e O Rei Leão, conforme anúncio feito a investidores), só poderemos falar mais tarde."

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