Sustentabilidade assume palcos do Cannes Lions
Criativo do Greenpeace protesta na entrega dos Leões, indígena brasileira recebe prêmio da Africa e organização se compromete a ser amplificador do tema
Sustentabilidade assume palcos do Cannes Lions
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Thaís Monteiro
21 de junho de 2022 - 10h26
Com colaboração de Bárbara Sacchitiello
No primeiro dia de Cannes Lions, sustentabilidade já assumiu a narrativa e os palcos do festival. Na primeira noite de premiações, o criativo Gustav Martner, hoje head de criatividade do Greenpeace, subiu no palco para devolver um leão que recebeu anteriormente em protesto a indústria publicitária que realiza campanhas que são prejudiciais ao planeta e ao festival que premia tais trabalhos, além de gastar na produção dos troféus.
Ele disse: “Como ex-chefe de uma agência criativa, conheço o poder da publicidade e do patrocínio em mobilizar pessoas ou distraí-las de questões cruciais. Meu trabalho era usar minhas ideias para ajudar os poluidores a vender produtos que estão matando o planeta e as pessoas. Por muito tempo, as agências de publicidade escaparam de suas responsabilidades em relação à crise climática, agora devem cortar os laços com a indústria de combustíveis fósseis. Cannes Lions afirma ser a ‘Casa da criatividade’, estou aqui para dizer que não há criatividade em um planeta morto”. Nesta terça-feira, 21, ativistass colocaram posters nos postes de Cannes com a frase de Gustav.
Questionado pela reportagem de Meio & Mensagem, Simon Cook, presidente do Cannes Lions, não quis estender o assunto sobre o ativista, mas disse que o protesto “veio de uma pessoa que queria passar uma mensagem muito específica”. Cook, porém, falou que o festival está lidando com as demandas por sustentabilidade e outras questões do âmbito social e citou o painel “By 2030 every ad will be a green ad”, no qual um grupo de anunciantes, agências, associações e big techs se comprometeram à meta de tornar todos os anúncios verdes até 2030.
“Neste painel, falaremos sobre como festival pode ser utilizado como plataforma global para questões importantes da nossa indústria, que incluem diversidade e inclusão, crise de talentos e, certamente, a sustentabilidade. Reconhecemos que, como indústria, temos ainda um caminho a seguir. Mas, como festival, estamos tentando dar espaço às vozes que precisam ser ouvidas e aos trabalhos criados para promover as mudanças necessárias”, pontuou o CEO do Cannes Lions.
Além disso, a Africa levou um leão de ouro em Outdoor pela campanha “The Refugee Jatoba”, criada para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil para chamar a atenção do desmatamento na Amazônia. A ativista indígena Txai Surui subiu ao palco para receber o prêmio com um cartaz que dizia “salve a Amazônia”, em inglês.
Ao Meio & Mensagem, Txai atribuiu ao mercado publicitário a responsabilidade por ditar tendências e classificar o que é positivo ou negativo e, portanto, deve endereçar a sustentabilidade. “Às vezes a gente acha “O que que isso tem a ver comigo? O que que isso tem a ver com a minha profissão?”, mas tem tudo a ver. O meio ambiente está em tudo. As mudanças climáticas tem que estar em todos os lugares porque todos nós vamos ser afetados por ela. E a publicidade é muito importante nisso, porque, como eu falei, ela que dita muitas vezes aquilo que a gente vai comprar, aquilo que é bom, aquilo que é ruim. Ela tem um papel muito importante nisso, principalmente nesses produtos e projetos que ela está construindo”, colocou.
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