
Opinião

Artigos
2023
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Dos tempos de gerar ansiedade
Nenhum livro de ficção científica foi capaz de imaginar as redes sociais, que se multiplicaram, trazendo um mar de possibilidades e de problemas pouco discutidos
Geladeira que gela, fogão que esquenta
Vamos criando termos, adjetivos, denominações, para dizer que aquilo que se faz não é publicidade e o resultado é uma dificuldade de achar um diferencial do produto em si
Pouco Ted Lasso para muito Succession
Adoro as duas séries por motivos muito distintos; uma é sobre a aniquilação da confiança na humanidade e a outra é o fiapo de esperança que nos resgata desse poço profundo
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Das consistências da gelatina
Assim como tem gente que erra a mão no preparo dessa sobremesa, também tem quem leve inconsistência às marcas ao tentar marcar presença em toda as efemeridades possíveis
Na hora do vazio é sem risadinha, certo?
O universo da música é pródigo em referências que ajudam a combater o vazio que antecede o processo criativo da escrita
Te cuida
Voltei para a mensagem no celular. O "te cuida" ganhou outros sentidos depois da leitura
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Pelé é uma palavra que relampeja
Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: a de se sentir rei, da cabeça aos pés
Não se assuste, pessoa
Escreveria sobre o cheiro dos livros e a praticidade (que demorei a aceitar) na hora de colocar opções de leitura na mochila. Tirei o texto da marinada de quatro dias na geladeira, desenhei o primeiro parágrafo, até que tudo parou de súbito. O tempo cessou quando Gal Costa faleceu
Salve, Jorge!
Penso que quando Jorge canta sobre torcer pela paz, pela alegria, pelo amor e pelas coisas úteis que se pode comprar com 10 cruzeiros, ele, tal e qual um ser elevado, torce para além dele, torce por todo um Brasil
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Quando a estrada não dobra de tamanho
Se tem algo que a gente deveria ter aprendido com a pandemia é que a gente controla bem pouca coisa
Vamos estar nos provocando
“Tal e qual uma moda, algumas expressões surgem com certo brilho, viram febre, começam a cair em desuso, entram em questionamento, somem e aparecem anos depois em uma releitura modernizada”
Sol e sós
Há algo de mágico no universo do surfe, uma corrente silenciosa a nos puxar para o fundo do oceano da imaginação. Entre o imaginário e a vida de um surfista de competição há, porém, um redemoinho brutal. Boa parte dos surfistas profissionais vive entre o sol (com uma rotina que nos parece idílica) e o sentimento de estarem sós
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A falta de um retrato completo
Um fato observado sob um ponto de vista, te dá uma impressão. Observado sob um outro ponto de vista, te dá uma impressão completamente diferente
O ano começou. Respira.
Polarização este ano será pior que 2018, mas ainda haverá espaços para conversas saudáveis
O ano acabou
Pega uma cerveja, escuta o barulhinho, enche o copo devagar como uma sexta que nunca chega, como os minutos na sala de espera
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Das maravilhas infinitas da escrita
O formato de thread mostra que a escrita sempre dá um jeito de contar histórias
Pequena ode aos quietos
Se vivemos em um mundo onde todos falam ao mesmo tempo, é preciso saber apreciar quem se faz ouvir sem estardalhaço
O que está acontecendo?
Contrariando a cúpula da aclamada Motown, Marvin Gaye ensinou que a arte joga com o imprevisível
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Uma CoronaVac e um pastel
Deixar de se vacinar porque no seu dia não tinha a marca desejada é cruel com todos os que não tiveram sequer essa chance. Precisamos parar de exaltar a ignorância convicta como um ato libertário
Isto ou aquilo
No mercado de comunicação, discursos têm uma certa inclinação em decretar a morte de um jeito de fazer em prol do outro
Rir é uma forma de resistência
Umberto Eco dizia que nas manifestações culturais o que amedronta é o pensamento crítico, a divergência com os valores tradicionais
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Uma Austin aonde o SXSW não chega
O bairro de Austin, em Nova Iguaçu, é parte de uma região tradicionalmente negligenciada por políticas públicas e com uma nuvem de palavras bem diferentes da sua consagrada homônima
Em duas semanas, a gente volta
Completou um ano que estamos assim. Todos parecem exaustos. Tem alguma ideia para o jantar? Alguma maneira do tempo acelerar?
Entre o banal e o inesperado
Em 2020, comecei escrevendo sobre um 2019 que me havia sido terrível e o quanto eu desejava a calma revolucionária sugerida pelo poeta Emicida
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O silêncio enquanto diapasão
Vivemos em um mundo com muitas falas, diversos barulhos, infinitos espelhos e poucos ouvintes. Com tanto som ao redor, às vezes, nos esquecemos do nosso canto, de como soamos
Síndrome do novo prefeito
Uma marca não pode ser uma rota cheia de remendas. Porque o custo de remendar é sempre mais alto do que o de construir juntos
Ensinamentos de um cão velho
Fosse um humano, o Pulga estaria a cantar na janela com voz esganiçada ou a abraçar cada um em casa, sabendo que é melhor pecar pelo excesso do que pela ausência de carinho
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A palavra me encanta
Veja: a expressão ‘textão’ guarda uma não leitura em si mesmo. Na busca por uma linguagem global, as palavras foram dando lugar às imagens. Fomos diminuindo o apreço pela escrita. E já quase deixamos de escrever
Sobre um lugar esperado
Para haver um consenso do que é o novo normal, não seria preciso haver, anteriormente, um consenso do que é normal? Aliás, o que é o normal?
O melhor momento para voar em direção ao outro mundo
É hora de exalar confiança, de se preparar para o futuro. A pandemia está formando um novo mercado, sim. Mas não sairemos todos lindos do outro lado. Será duríssimo
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O tempo das coisas
Fiz da quarentena um espaço sobre o tempo das coisas. O tempo que a roupa leva para secar, o tempo de fazer a cama, o tempo de um solo de gaita do Little Walter, o tempo de molhar as plantas, o tempo de ler um livro, o tempo ao lado das pessoas que mais amo no mundo
A calma é revolucionária
2019 pareceu, desde o início, estar calcado em uma charge do Benett, em que um enorme cometa chamado decepção ruma para dizimar pequenas expectativas
Escrevo porque não sei desenhar
Estou em um lugar que eu já visitava em pensamentos esporádicos. Nesse lugar, eu não escrevo mais esta coluna, dou um tempo. Resolvi ficar por lá. Saio deste espaço pela intuição de que era o momento e pelo receio de me repetir
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Sal faz bem
Sobre a conexão com o mar, a fluidez e uma sensação de fazer parte daquele ambiente, como se o contato da água salgada com a pele fosse tão vital quanto respirar
Desprazer, meu nome é Norman
Viver a vida com criatividade nos traz a noção de que ela vale a pena, mesmo quando os fatos indicam o contrário
Uma questão e um rojão
Posso querer um mercado mais justo? Posso querer um trabalho que independa do desrespeito para atingir os seus objetivos? Posso querer crer em ética sem me sentir um trouxa por isso?
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Coluna do meio. Deu zebra
Quando um líder não é claro nas suas escolhas, a equipe tende a correr atrás de todas as opções
Vamos falar sobre o não falado
Projeto voluntário de um grupo de amigas, o site “Vamos falar sobre o luto?” é um exercício de empatia, do qual não saímos os mesmos
O ego, ele e eu
O discurso centrado no “eu” construiu camadas de máscaras, mas ele ainda está ali
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A conversa que não houve
Na lista das conversas que programei, o não esperado chegou antes, roubando-me o chão, a chance de conhecer um dos subversivos da propaganda: Neil Ferreira
Que seja com fogo e afeto
Felipe Bronze procura por gente jovem, talentosa, com vontade de fazer, de desafiar e que não diga amém: “Não sou imperativo, sou democrático e orgânico"
Plim-plim. Mudamos a programação
Histórias saídas da memória prodigiosa de Guto Graça Mello e o empobrecimento no uso de acordes incomuns ao longo das décadas provam que o risco está em desuso
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Ao Dave, com carinho
Minha reverência ao estilo de frases curtas, a concisão com que finaliza cada texto, a capacidade de síntese e a sua pontada mordaz
A insegurança veste estupidez
O modelo de gestão que tem como premissa básica o temor, independente do regente ser brilhante ou não, costuma gerar genéricos, gente que se impõe na marra, na ausência de punição
Minhas férias: Uma redação, algumas anotações
Férias dignificam o homem, redimensionam o que realmente importa, colocam alguns problemas na distância certa e abrem espaço para não cumprir papel algum
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Os profetas estão no jardim
Pokémon passou pela euforia em 1996 com o lançamento do primeiro jogo, estabeleceu vínculos emocionais, ultrapassou o tempo e renasceu
Quando o dogue alemão virou cavalo
Estamos nos desafiando de menos ou acomodando rápido demais em esquemas já conhecidos. E, afinal, um pouco de desequilíbrio faz bem
Não observe só o consumidor, olhe para as pessoas
Venho de uma geração cuja angústia profissional nascia da falta de cenário. Agora, a apreensão parece advir das infinitas possibilidades
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Complexo não é difícil, simples não é simplório
Não tenho receio da palavra complexidade em si, mas de como ela pode ser interpretada fora de contexto. A confusão entre complexidade e falar difícil tem sido uma tônica no nosso mercado. Há uma distância entre ouvir, assimilar e pôr em prática
Bote a mão no vinil
Criatividade é hackear o sistema. Se é proibido, questione. Se parece uma tábua com mandamentos, rasure. O ponto de virada acontece quando tabus são ignorados
Dados e ideias podem coexistir sem que um mate o outro
A disrupção demanda um tempo de entendimento e a curva pode ser oposta à de ROI, o que não significa que não possa se tornar ascendente em algum momento
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Com prazer vale dois
Há como morrer aos poucos. Uma receita infalível é trabalhar sem prazer, fazendo de todos dias uma eterna segunda-feira
Retidão não aceita desaforo
Sobre não seguir a corrente, não usar uma ética descartável e não pegar todo e qualquer trabalho visando apenas faturar
Uma carta para o Mauro, um telegrama para o Eduardo
Na minha área é comum pegar carona na ficha técnica e construir um personagem premiado. É aquele ditado: o sucesso tem vários pais, o fracasso é orfão
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Do que eu ainda falo quando falo de natação
Escolho de largada apagar todos os números da cabeça, sejam eles os do 100m livres ou os dos prêmios. Ao zerar o meu relógio, descubro uma sensação inspiradora de voltar a comemorar as conquistas, por menores que sejam
O mundo é menor do que o Largo do Machado
O vencedor e o perdedor, duas histórias de Cannes, antes isoladas, resolveram se encontrar no improvável bar de um hotel no Equador
Briefing não é livro de colorir
Ler o cliente ainda é a melhor ferramenta de criatividade para uma agência
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Dados sem uma visão humana são apenas dados
Quando você joga muita luz sobre um único ponto, cria uma enorme área de sombra. E, às vezes, a solução está na sombra
Sobre aquela série, Sad Men
O que uma sessão de fisioterapia pode ensinar a um mercado que vive de criatividade