Fernand Alphen: momento pede união entre tática e estratégia
Embora necessário, tático provoca perda de profundidade; do lado estratégico, é preciso desenhar cenários possíveis, diz copresidente da Fbiz
Fernand Alphen: momento pede união entre tática e estratégia
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BuscarEmbora necessário, tático provoca perda de profundidade; do lado estratégico, é preciso desenhar cenários possíveis, diz copresidente da Fbiz
Isabella Lessa
20 de abril de 2020 - 6h00
Nas primeiras semanas de quarentena, a Fbiz percebeu uma baixa de produtividade em meio à adaptação natural as novas rotinas de home office. Hoje, a equipe está trabalhando na mesma intensidade que antecedeu a pandemia, conta Fernand Alphen, copresidente da agência.
Do ponto de vista de negócios, a operação tem sido muito solicitada para revisão de projetos e olhares estratégicos que precisam ser traduzidos em desenhos de cenários diários – metamorfose constante que é marca da crise da Covid-19. Internamente, a agência aderiu ao movimento corporativo #NãoDemita, que pede às empresas — que tenham condições de caixa suficientes — evitem demissões em massa devido à crise do coronavírus por, pelo menos, dois meses.Nesta entrevista, Fernand fala sobre as necessidades de as agências serem mais ágeis, sobre a conciliação entre tático e estratégico, criatividade sob o atual contexto e processos de concorrência remotos:
Meio & Mensagem – A volatilidade do atual cenário tem obrigado as agências a serem mais ágeis – algo tão demandado pelos clientes mesmo antes da crise?
Fernand Alphen – Essa pergunta tem dois lados: nossa resposta, que tem sido muito mais ágil, perde um pouco em profundidade. Quanto menos tempo se tem para se aprofundar num assunto, mais superficial você tende a ser em detrimento de algum tempo de maturação. É um momento interessante, porque a gente está sendo obrigado a ser tático e estratégico ao mesmo tempo. A gente não pode se dar ao luxo de ficar em somente um dos dois: o tático está sendo forçado, pois as coisas mudam todo dia e isso é verdade no mundo inteiro. Mas não podemos deixar de pensar no estratégico, mesmo que a gente não saiba como vai ser depois, é preciso desenhar cenários A, B e C. Ficou mais complexo nessa nova realidade. É um momento em que a gente está sendo muito solicitado tanto como seres humanos quanto como profissionais de comunicação. É o momento que mais exige criatividade em todos os aspectos, de sensibilidade, de insight. Quem for e souber ser criativo, pensar diferente, vai se sair melhor lá na frente. A gente é bombardeado por dados, estamos praticamente vivendo dentro do Jornal Nacional, mas ter informações qualitativas é mais difícil, isso vai exigir muito mais sensibilidade e capacidade de gerar insights.
M&M – Como conciliar o tático com o estratégico, então?
Fernand – O trabalho tem de ter o máximo de honestidade intelectual. Significa que quando você é estratégico, tem de pensar em todos possíveis cenários e não optar por somente um, é preciso crença e intuição. Exemplo: colocar todos os cenários e nutri-los com conteúdos para ficar com isso pronto. A gente vai sair dessa crise diferente – a sociedade, as pessoas, o negócio. Daí a honestidade intelectual, porque pode ser diferente melhor ou pior, as duas possibilidades existem. Podemos sair diferentes para a melhor porque haverá menos consumo, porque seremos mais solidários, respeitaremos mais o sistema de representação política, porque veremos as articulações coletivas como essenciais para sobreviver. Mas pode piorar. A gente pode sair da crise tão traumatizados que a gente volte a consumir mais, volte a ser mais individualista ainda. E existe, ainda, um outro cenário que diz: é uma crise e, como toda crise, chegam alguns aprendizados pequenos e depois o mundo continua. Nesse cenário o mundo será igual, praticamente, sem grandes mudanças. O que aprendeu? Aprendi a usar Hangouts. Uma mudança sutil, pequena.
M&M – Como têm sido as concorrências remotas?
Fernand – Estou aprendendo, já participei de três por meio de plataformas diferentes. É muito difícil, pelo menos para mim. Nas presenciais, você lê a audiência, as pessoas, pelos olhares, pelos comentários, pela linguagem corporal. E, quando não tem isso, você fica falando sozinho, não tem leitura da temperatura. Isso tem exigido mais, a gente sai exausto de uma apresentação de uma hora. E sai sem a mínima noção, sem muito feedback. Do nosso lado exige mais ensaio, então a gente tem ensaiado mais para as apresentações em geral. A gente não tem feedback e precisa se preparar mais, enquanto as marcas precisam de mais tempo para poder decidir. Muitas vezes é preciso marcar mais de um papo. A parte química a gente perdeu. Ou, pelo menos, a parte química como ela era antes.
*Crédito da imagem no topo: iStock
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