“Melhor se informar antes de colocar o cliente em risco”
Diante da repercussão da campanha do Comitê Paralímpico, Cid Torquato fala sobre papel do mercado publicitário ao retratar pessoas com deficiência
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Luiz Gustavo Pacete
29 de agosto de 2016 - 15h35
Formado em direito no Largo São Francisco e ex-executivo da Lowe & Partners América Latina e diretor de marketing e comunicação corporativa da Starmedia Networks, Cid Torquato dedica parte de sua carreira à junção dos temas comunicação e acessibilidade.
No ano de 2007, um acidente na Croácia o deixou tetraplégico. Atualmente, como secretário adjunto dos direitos da pessoa com deficiência do governo de São Paulo, Torquato já atuou como coordenador de relações institucionais da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.
Ao Meio & Mensagem, Torquato faz uma reflexão sobre a campanha feita pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) com o apoio da revista Vogue com o título de “Somos Todos Paralímpicos”. A campanha traz os atores Paulo Vilhena e Cleo Pires, embaixadores do CPB, e “se propõe a ampliar a visibilidade dos Jogos Paralímpicos Rio 2016”, que terão início no próximo dia 7. Nas imagens do anúncio, os atores aparecem como se tivessem, de fato, deficiências: Cléo Pires é retratada sem um dos braços e Paulo Vilhena com uma prótese na perna direita. A campanha recebeu criticas por não ter usado pessoas que, de fato, representassem o tema.
Campanha do Comitê Paralímpico é criticada
Repercussão
Exagerada, mas entendo os motivos. Recentemente, nos Estados Unidos, houve uma reclamação parecida, alegando que deveriam usar atores com deficiência para personagens com deficiência, não, como de costume, atores sem deficiência. É um pleito justo de um segmento da população historicamente segregado, alijado do pleno convívio social e do pleno exercício da cidadania.
Chamar a Atenção
Acabou chamando a atenção para outras questões. Não é positivo para uma campanha causar tanto desconforto e descontentamento de forma pública. A mensagem, no caso, é tentar entender melhor o universo da deficiência antes de “brincar” com ele.
Papel do Mercado
Importante conhecer melhor o contexto. Como disse, são séculos de preconceito e segregação, que só nos últimos anos começam a mudar para um contexto de respeito aos direitos e inclusão. Diria que é melhor consultar alguém antes de colocar o cliente em risco.
Acessibilidade
Muito, mas o buraco ainda é fundo. Tem muita gente com deficiência ainda sem o básico, sem poder sair de casa, sofrendo agressões, excluído. Ainda precisaremos de algumas gerações para, de fato, aceitarmos a diversidade humana, como ela é.
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