Jerry Buhlmann: ?O dinheiro vai voltar?
Para Jerry Buhlmann, CEO global da Dentsu Aegis Network, apesar da crise, se o Brasil resolver alguns problemas internos, voltará a atrair investimentos internacionais
Para Jerry Buhlmann, CEO global da Dentsu Aegis Network, apesar da crise, se o Brasil resolver alguns problemas internos, voltará a atrair investimentos internacionais
Felipe Turlao
22 de outubro de 2015 - 5h04
Rede presente em 132 países, a Dentsu Aegis Network tem sido uma das principais protagonistas dos movimentos de aquisições no mercado brasileiro de comunicação. Na sequência das compras da NBS e da empresa de mídia out-of-home OOH Plus (que virou o escritório local da Posterscope), em 2014, e da digital Redirect Digital Marketing, em julho, a holding adquiriu na semana passada a agência de mobile marketing Pontomobi (leia mais sobre o assunto à página 20). Por que a Dentsu Aegis tem investido tanto no Brasil, mesmo durante a crise que aumentou a cotação do dólar e diminuiu a margem de lucro das empresas? Em visita a São Paulo, Jerry Buhlmann, CEO global do grupo, explica por que mantém a crença no mercado local e aposta que o País voltará a crescer em, no máximo, 18 meses. “Há muita gente fora do Brasil esperando a oportunidade certa para voltar a investir”, garante.
Meio & Mensagem — Com a economia em retração, moeda desvalorizada e lucratividade dos negócios em baixa, vale a pena para uma holding global como a Dentsu Aegis Network investir em aquisições no País nesse momento?
Jerry Buhlmann — Nós pensamos em longo prazo para investir e, nesse sentido, o Brasil é muito importante. Se pensarmos nas qualidades que o País tem, como a força da juventude, recursos naturais, democracia e instituições sólidas, eles constituem fundamentos para um País forte. Sem contar o perfil empreendedor, criativo e inovador, diferenciais do brasileiro. No curto prazo, eu vejo uma economia mal gerida, mas a situação deve ser resolvida brevemente, em, no máximo, 18 meses. Há muita gente fora do Brasil esperando a oportunidade certa para voltar a investir. No nosso caso, enxergamos muitas oportunidades e o Brasil é uma prioridade na nossa política de fusões e aquisições.
M&M — Mas os empreendedores da publicidade estão em grande dificuldade e lutando para manter seus negócios fluindo. O que você sugere a eles enquanto esperam a volta do crescimento?
Buhlmann — Durante as crises, os clientes contraem seus negócios, diminuem investimentos em publicidade e trazem uma situação tensa para o mercado. Mas, precisamos pensar onde queremos estar quando o crescimento voltar. Que talentos precisaremos ter, por exemplo. Os momentos de menor esperança são justamente aqueles nos quais se deve ter mais esperança. Temos de continuar trabalhando e fazendo com que nossos serviços estejam prontos para quando o crescimento voltar. Que estejamos prontos para quando a crise acabar. Quem pensar assim será bem-sucedido. O dinheiro está por aí e precisa ser investido em alguma coisa, em algum mercado. Se compararmos o Brasil com outras economias em evolução, o País tem uma combinação de consumidores e instituições que, se aliados ao enfrentamento de problemas como educação, corrupção e infraestrutura, o coloca na competição pelos grandes investimentos internacionais. É questão de resolver problemas internos, mudar algumas coisas e, pronto, o dinheiro voltará.
M&M — No caso específico da publicidade, além da crise econômica, o mercado parece estar atravessando uma mudança de paradigma que deixa todos ainda mais preocupados. Como você avalia o futuro da indústria?
Buhlmann — O desenvolvimento da publicidade digital no Brasil é relativamente mais lento em relação a outros mercados. Hoje, cerca de 18% dos investimentos já vão para essa modalidade, contra uma média de 24% no mundo. Os mercados que lideram esse movimento de migração estão chegando aos 50%. Mas os números do Brasil devem crescer, porque o País reúne condições únicas, como um e-commerce forte e transações online de confiança, ou seja, é uma economia digital muito forte. Vencendo-se ainda as questões de infraestrutura da rede de telefonia e internet e outras dificuldades, há uma grande oportunidade de ampliação do share e de transformação do mercado brasileiro em uma economia digital, que naturalmente irá afetar o negócio da publicidade. Isso já aconteceu em outros mercados, como a China, que terá em 2016 o principal mercado de e-commerce do mundo.
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