Pensamento digital está hackeando o mundo
Atitudes relacionadas a excelência, desobediência, intolerância e diversão movem aqueles que sabem que é possível promover alterações em coisas que até então eram consideradas intocáveis
Atitudes relacionadas a excelência, desobediência, intolerância e diversão movem aqueles que sabem que é possível promover alterações em coisas que até então eram consideradas intocáveis
Meio & Mensagem
30 de abril de 2014 - 6h47
Por Mauro Silva (*)
Essa semana assisti a uma apresentação do Aaron Dignan, CEO da Undercurrent, feita para o 99U Conference. O Aaron fala sobre o modelo operacional digital que vem ajudando empresas a promoverem as evoluções necessárias para vencer em um mundo cada vez mais rápido.
Ele construiu um modelo de 5Ps para orientar companhias, profissionais, organizações ou pessoas nos seus empreendimentos. Um super-resumo do que ele apresenta seria o seguinte: tudo parte de um Propósito, que guia a aplicação de Processos, que dão suporte a Pessoas, que fazem Produtos, que crescem dentro de Plataformas, que servem a comunidades.
Ele mostra que as empresas que estão se destacando são as que adotaram esse modelos que têm o pensamento digital no centro de tudo. Veja os exemplos da dominação natural de iTunes¬ sobre Tower Records e Netflix sobre Blockbusters. É o digital sendo mais do que hardware e software. Em vez disso, é o digital sendo uma forma contemporânea de pensar. Vale você ver o vídeo com a apresentação completa no Vimeo. Você vai achar pelo nome dele.
Dentro do modelo operacional digital, existe uma postura fundamental que faz toda a diferença. É o que pode ser chamada de postura hacker. Um conjunto de atitudes que estão relacionadas a excelência, desobediência, intolerância e diversão. É uma postura adotada por aqueles que sabem que é possível promover alterações em coisas que até então eram consideradas intocáveis.
O termo “hack” surgiu no MIT nos anos 1960 e designava pessoas que eram capazes de executar com excelência alterações técnicas em softwares. Em um segundo momento houve um acontecimento que chamou a atenção para um cara que ficou conhecido como Cap’n Crunch. Ele descobriu uma forma de fazer ligações gratuitas utilizando um pequeno aparelho que ele fez para própria diversão, o Blue Box. Era um pequeno equipamento que consistia em um teclado numérico que emitia um som para cada número e, quando conectado à rede telefônica, ele permitia ligar gratuitamente para qualquer número do planeta. Pois a diversão de ligar gratuitamente chamou a atenção para o poder que as pessoas¬ tinham de usar a inteligência e engenhosidade para superar limites quase intransponíveis. Isso gerou uma onda de interesse pela tecnologia que teve efeitos magníficos na nossa cultura.
Foi essa visão de que “uma pessoa pode ser mais esperta do que grandes companhias e governos” que levou tanta gente a colocar seu tempo para pensar em software e hardware. Assim a cultura digital foi nascendo e ganhando seu espaço central.
Você pode estar se perguntando por que isso é importante para você, que está na indústria da comunicação? Uma das razões é que esse é um dos assuntos mais falados do momento. Só para ilustrar: entre as 600 palestras do SXSW, 60 tiveram o tema hacking. Houve palestras dos mais diversos temas, desde hackear um brief criativo até hackear o próprio corpo. Hoje o termo -hackear passou a designar a atitude adotada por aqueles que não se contentam em aceitar os limites e têm excelência técnica para infiltrar mudanças que podem alterar todo sistema, geralmente para melhor.
Em um Brasil que passa por uma fase menos sólida do que alguns anos anteriores, em que questões de falta de produtividade ganham a primeira página e que se enfrenta a necessidade de ser mais eficiente para não perder as oportunidades que estão passando, se torna ainda mais importante pensar nas coisas que precisam ser hackeadas no nosso dia a dia.
Aí fica a pergunta: o que você pode hackear para melhor?
(*) Mauro Silva é sócio e vice-presidente de criação e planejamento da LiveAD. Ele escreve uma vez por mês para Meio & Mensagem como colaborador. Este artigo foi publicado na edição 1607, de 28 de abril.
Compartilhe
Veja também
Fabricante do Ozempic, Novo Nordisk faz campanha sobre obesidade
Farmacêutica escolhe a iD\TBWA para ação que envolve peças de out-of-home, mídias digitais e mensagens na TV paga
Papel & Caneta lista os 30 agentes de mudança do mercado em 2024
O coletivo também divulga 25 iniciativas, três a mais que a última edição, que transformaram a indústria da comunicação em 2024