A tendência é que as tendências vão desparecer
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Meio & Mensagem
15 de janeiro de 2014 - 12h21
Tenho a impressão de que o mundo sempre precisou de seus adivinhos, fossem eles pajés, profetas ou astrólogos. E o mundo dos negócios não é diferente. Acho curioso como em tempos de informação detalhada, amplamente difundida e diversa sobre quase qualquer segmento e assunto, as apresentações de tendências continuam atraindo tanta atenção. É verdade que o futuro tem assombrado muita gente com os desafios que tem apontado, com os avanços da tecnologia, o aumento da demanda e da expectativa do consumidor, a concorrência cada vez mais acirrada e por aí vai. É nesse cenário que eu fico com sensação de que as pessoas entram em sessões como essas buscando encontrar uma resposta mágica para todos os problemas.
Não sei como foram os anos anteriores, mas neste ano na NRF, não faltou tendência pra ninguém: ouvi tendências de tecnologia, de mobile, de meios de pagamento, de comportamento, de vendas e do cruzamento entre todas elas. Mas se tem uma tendência que para mim ficou forte é de que o negócio que envolve observação e difusão de tendências esse sim tende a acabar. Primeiro porque tendência nada mais é do que o reflexo da sociedade e das pessoas, portanto, refletem nada além do mais puro bom senso. Se você for um bom observador da vida e do comportamento humano (de novo, dados disponíveis para isso não faltam), consegue chegar sozinho nas tendências. E depois porque o tal Big Data quando estiver funcionando apropriadamente e fazendo todas as conexões e cruzamentos que todo mundo promete que um dia vão acontecer, vão existir gráficos, números e fatos. Nesse dia, as tendências vão deixar de ter uso.
Eu, na pessoa física, sempre tive uma questão com as tais tendências porque elas não levam em consideração (e nem tem como levar) acontecimentos abruptos que mudam completamento o cenário, o comportamento humano e o mundo. Só pra falar de dois recentes, por acaso os dois durantes os mandatos de George W. Bush, palestrante de ontem: o 9/11 e a quebra do Lehman Brothers. Em nenhuma tendência podiam estar previstos dois acontecimentos tão inesperados e relevantes. E não dá pra dizer que o mundo continuou o mesmo depois deles. Ou seja, as tendências mudaram radicalmente depois daquilo. E você que vinha trabalhando com profundidade e orientando suas decisões a partir de uma tendência super válida 5 minutos antes do primeiro avião atingir o WTC, como ficou?
O fato por trás de tanta apresentação (e audiência) para o assunto também é reflexo de que está todo mundo ainda tateando esse “novo” mundo. Bastante gente afirma que sim, mas de verdade, ninguém sabe exatamente como fazer a experiência da marca integrada no omni channel. Algumas marcas estão mais avançadas que outras, mas não conseguia antes da Feira e não consigo depois afirmar que o benchmark perfeito é a marca Xis ou Ypsolon. Benchmark é o possível e o possível muda de acordo com a realidade, com o segmento, com o estágio da marca, com a maneira como as pessoas consomem e interagem com a marca.
Agora, se sobrou tendência, para mim faltou pelo menos um segmento por aqui. Ouvi bastante sobre o varejo fashion, o varejo de alimentação, o varejo de eletrônicos (um pouco menos mas ouvi), mas não tive absolutamente nenhuma notícia sobre o varejo automotivo. Zero. Nada. E aí, ficam três perguntas: o varejo automotivo está perdendo o passo na corrida por transformar a experiência de compra em uma coisa mais interessante ou será que o assunto automóvel (como a gente conhece) é que está perdendo o passo na discussão para se manter relevante no mundo contemporâneo? E a terceira pergunta: será isso uma tendência?
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