Meio & Mensagem
31 de julho de 2014 - 2h39
Alexandre, o Grande, Napoleão Bonaparte, Franklin Rooselvet e Che Guevara chegam esbaforidos ao ponto de encontro, a pauta de discussão os deixa tensos e preocupados, pois sempre se consideraram grandes especialistas no assunto em questão.
Chegam ao local munidos de informações esquisitas: de que as pessoas não estão mais a fim de fazer só por fazer, de que não se sentem motivadas a fazer o seu trabalho – simplesmente, porque recebem um salário para isso – de que querem se sentir realizadas, com mais tempo pra vida do que pro que lhe provém o sustento, de que são capazes de mudar de trabalho, de empresa e de pátria ao menor indício de frustração ou vaga divergência ideológica. Descobrem que servir a algo não é mais ostentado nem detém a mesma significância de outras épocas.
Na sequência, são acachumbrados com informações de que hoje vivemos uma das eras mais complexas para liderar pessoas, e de que existe um festival de gente de todas as "rotulações" de gerações trabalhando juntas, respirando o mesmo ar: dos baby boomers às gerações X,Y e Z. E, do que a princípio parecia uma simples organização "marketeopsicodemográfica", trouxeram para o ambiente corporativo variáveis que andam impactando diretamente no sucesso de qualquer organização e, por consequência, das marcas.
Os explicam que desde que partiram a velocidade dos fatos, o acesso à “globalização” da informação ficou absurdamente mais rápido, e isso fez com que cada geração de pessoas fosse moldada à sua época, com crenças, valores e influências bem diferentes uma da outra.
Para exemplificar, os fizeram imaginar uma reunião com jovens onde o mais velho tem 27 anos e o mais novo, 21. O primeiro tem pressa e ansiedade de crescer, e já se acha merecedor do lugar do “chefe”. O mais novo acredita que o trabalho precisa torná-lo feliz o tempo todo, seu foco é mais no lifestyle do que na remuneração em si.
Alexandre abre a roda de discussão e questiona se hoje os “gestores de gente” estão preocupados em conhecer a construção familiar de seus subordinados, se são capazes de reconhecer demasiadamente bem o que faz as pessoas “tremerem” de vontade por dentro; Napoleão pergunta se andam deixando claro aonde a empresa quer chegar, qual é a sua visão de longo prazo e o que o “fulano” ganha com isso; F. D. Rooselvet ajeita o paletó e relembra o período em que enfrentou a Grande Depressão e mesmo assim conseguiu aflorar o patriotismo americano, e indaga se hoje as empresas andam oferecendo um ambiente de trabalho adequado, se existe um cuidado com o trabalho do senso “pertencimento”, no sentido patriótico da palavra. Se as pessoas se sentem, verdadeiramente, parte de algo? … Guevara, em tom professoral e voz serena, questiona: Será que estão deixando claro para as pessoas os ideais por trás daquilo que representam? Se há diferença do que fazem no dia a dia e o seus impactos estão sendo devidamente reconhecidos e exaltados? Conclui dizendo que La Revolucion só foi possível porque a maioria do povo cubano a fez junto com eles.
A discussão segue no recinto, alternassem casos, análises do cenário atual e direcionamentos de cada um dos imortais na sala, deixando a cada segundo mais claro para eles que cada geração precisa ser estimulada de uma forma diferente e de que isso vai dar muito mais trabalho do que outrora. Que a boa e velha liderança genérica, baseada somente em um ponto ou outro, não funciona mais, identificam que nesse ponto tem muito gestor “errando rude”. Talvez não por cegueira, mas por escola. Normalmente quem ocupa tais cargos, hoje, provavelmente aprendeu no estilo: “eu mando, você não questiona e faz. Você é pago pra isso”.
Entenderam que já faz um tempo que o papel do “líder” não é mais só o de organizar e "mandar", no sentido literal da palavra. A liderança consiste em instigar, provocar e inspirar, mas para isso é necessário conhecer muito mais do que nome, cargo, job description e horário de entrada e saída do “colaborador”.
Viram que é preciso ir além das festinhas de final de ano, do papo de cafezinho, daquele tapinha maroto nas costas ou ainda do "precisamos evoluir isso ou aquilo".
Identificaram que, para fazer a diferença no processo, é necessário entender e conhecer muito bem a pessoa que existe por trás de cada profissional e que isso é o que tornará pessoas que comandam pessoas aptas a explorar todo o potencial existente em cada um, tornando-os mais produtivos e criativos.
Indicam que um relacionamento mais próximo, franco e aberto é o que fará cada vez mais a diferença para o desenvolvimento de equipes de ponta e, por consequência, de resultados mais consistentes. Apontam o relacionamento como a palavra de ordem da vez.
Saem da sala atônitos e se questionado se essa galera que anda responsável por cuidar de gente anda conhecendo bem os anseios, necessidades e desejos que motivam cada uma das pessoas de suas equipes e convictos de que esse deveria ser o primeiro passo.
* Thiago Nascimento é diretor de planejamento da NewStyle
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