Marcas de chocolate apostam em linhas mais saudáveis para a Páscoa

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Marcas de chocolate apostam em linhas mais saudáveis para a Páscoa

Popularizados entre o público geral, produtos zero ou veganos entram nas estratégias de empresas como Cacau Show, Dengo e GoldKo


11 de abril de 2022 - 12h23

A Páscoa é uma data que, por muitas vezes, não foi democrática. Grandes marcas do segmento de chocolates produzem e divulgam amplamente os produtos convencionais, pouco acessíveis para aqueles que contam com alguma restrição alimentar, como intolerância à lactose, ou para os diabéticos.

A identificação dessa demanda, entretanto, fez com que empresas começassem a apostar em linhas mais inclusivas e, com o crescente debate acerca de escolhas mais saudáveis, as fabricantes vêm apostando em uma Páscoa mais “fit” – para durar o ano todo.

 

(Crédito: Marcelo Veras/shutterstock)

 

Entre bombons, trufas e tabletes, o portfólio da Cacau Show conta com a linha de zero lactose e adições de açúcar como complemento para um grupo de consumidores mais segmentado. Segundo Ana Luiza Costa, gerente de categoria da Cacau Show, os desenvolvimentos são respostas à alta procura por chocolates do tipo nos últimos tempos.

“Com certeza, é uma categoria, no geral, em que as pessoas vêm buscando cada vez mais saudabilidade. Temos projetos de aumentar a linha”, aponta. Além disso, a marca tem a linha Bendito Cacao, focada em chocolates de maior intensidade, que inclusive recebeu certificação de produto vegano ao longo do último ano. 2021 também marcou o lançamento de La Creme sem açúcar.

Focando em levar a indulgência a pessoas com restrições, a Cacau Show terá pela primeira vez um ovo vegano nesta Páscoa. “Este é um produto em que nós realmente cuidamos do cacau desde o cultivo na fazenda Dedo de Deus, até o produto final que chega na mão do consumidor”, explica Ana.

Para levar a novidade aos consumidores, a marca aposta em esforços digitais e de PR para trabalhar junto a influenciadores e jornalistas, além de divulgações por meio dos clientes que participam do programa de fidelidade. “O público que busca produtos veganos na Páscoa não sabe que na Cacau Show eles podem encontrar isso”, justifica.

Ovo da Cacau Show é batizado com nome da fazenda da marca (Crédito: Divulgação)

Já tendo nascido em 2016 com a proposta de levar mais opções saudáveis para os consumidores no segmento, a GoldKo se baseia na intenção de abraçar todas as necessidades. Chantal Goldfinger, cofundadora, diz que a mudança nas buscas por linhas mais saudáveis está sendo pautada por um entendimento geral de que a saúde envolve todo um ecossistema, e que os chocolates tem uma parte fundamental na vida das pessoas, uma vez que é um alimento que está conectado com diversos momentos, por exemplo. “[A mudança] Está sendo liderada por pessoas que entenderam que para viver mais e melhor, temos que fazer escolhas mais inteligentes na vida. E quando falamos em inteligência não é simplesmente cortar grupos alimentares”, detalha Chantal.

A atenção parte, principalmente, dos insumos utilizados para classificar um chocolate como “saudável”. A Dengo, empresa 100% brasileira, oferece o conceito de produtos artesanais que não levam gordura hidrogenada, aromatizantes ou conservantes, apenas pura manteiga de cacau. “Na Dengo acreditamos que chocolates de qualidade começam com sabor e saúde. Não abrimos mão disso. Não dá pra um chocolate ser saudável, mas com gosto de remédio; tampouco, não dá pra um chocolate ser saboroso, mas com culpa ou danos à saúde”, afirma Estevan Sartoreli, cofundador da Dengo Chocolates. A companhia preparou 20 lançamentos para a Páscoa, que representam 25% das vendas do ano.

“Ter opções de ovos que sejam extremamente gostosos e saudáveis é muito importante. […] Queremos que todo mundo participe desse momento [Páscoa]”, declara a cofundadora Chantal. Assim como a Cacau Show, a GoldKo apresenta aos clientes sua primeira opção de ovo de Páscoa vegano, com chocolate 70% cacau e pedaços de avelã. Uma das estratégias que a empresa já vem apostando, e pretende que seja parte fundamental dos negócios da Páscoa, é a da degustação de produtos por meio da loja conceito, localizada no Shopping Eldorado, em São Paulo.

A cofundadora explica que a experiência é uma questão relevante para o marketing “boca a boca”, uma das estratégias mais fortes de comunicação da marca, também uma aposta da Dengo. Sartoreli conta que os valores e causas da empresa – que mira na sustentabilidade, afeto, respeito e propósito –, alinhada à visão de mundo dos consumidores é um aspecto que contribui para endossar a estratégia.

Precificação
O cenário inflacionário do País fez com que, assim como outros itens, os ovos de páscoa sofressem os impactos da crise: de acordo com o Procon-SP, eles estão 19,53% mais caros do que em 2021. Somado ao conceito de que produtos considerados saudáveis têm, no geral, um preço mais elevado, as vendas são comprometidas de alguma forma? Em geral, a resposta é “não”, uma vez que, os clientes que buscam por chocolates do tipo já estão dispostos a desembolsar um tíquete mais alto por eles.

“Apesar de ter um custo de produção mais alto, na nossa marca tentamos não diferenciar tanto o preço do produto. O consumidor já sabe que vai pagar mais caro, mas a diferença de preço de um produto tradicional para os especiais, na Cacau Show, não é tão gritante”, explica Ana Luiza Costa, da Cacau Show, apontando que a companhia busca o equilíbrio de preço entre as linhas em questão a fim de democratizar o acesso de todos os públicos. A marca espera, em 2022, vender 60% a mais do que no ano passado. Além disso, o fato de se tratar de indústrias nacionais faz com que, naturalmente, os custos não sejam tão altos, uma vez que não há exportação. É o caso da GoldKo, que também aplica esforços em precificação.

Contudo, a alta dos preços nem sempre se mostra um impeditivo para o Período. A Dengo opera voltada para as classes sociais A e B, grupos que são mais resilientes à crise – o que faz com que o potencial da marca seja preservado, conforme pontua Sartoreli. Ainda, os valores contribuem para o propósito da marca, que remunera quase o dobro dos produtores de cacau, de origem de agroflorestas e de carbono neutro. “Sabemos que um chocolate caro não necessariamente possui compromissos com a saúde, com o social ou com o ambiente. Mas certamente o chocolate barato é insustentável”, declara o cofundador, salientando problemas que a indústria ainda enfrenta, como trabalho infantil, desmatamento etc.

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