O Caboré mais feminino da história

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Opinião

O Caboré mais feminino da história

Assinantes elegeram cinco mulheres nas sete categorias destinadas a profissionais, e elas já haviam sido maioria em pelos menos duas edições da premiação


10 de dezembro de 2018 - 10h13

Crédito: Eduardo Lopes

Como comentaram diversos leitores nas redes sociais, a imagem final do Caboré 2018 com todos os vencedores juntos, que também aparece na capa da edição 1840, é, de fato, emblemática. Em 2018, o prêmio mais desejado por executivos e empresas da indústria brasileira de comunicação, marketing e mídia teve a versão mais feminina da história. Os assinantes elegeram cinco mulheres nas sete categorias destinadas a profissionais: Keka Morelle (Criação), Sylvia Panico (Atendimento), Gabriela Soares (Planejamento), Monica de Carvalho (Profissional de Veículo) e Loredana Sarcinella (Profissional de Marketing).

As maneiras como conduzem suas respectivas carreiras e as contribuições que dão às equipes que lideram, empresas nas quais atuam e, de forma geral, a todo o mercado são as principais razões que definem as escolhas dos leitores, que votaram online em processo auditado pela PwC. Mas quando a opinião dos votantes se mostra sintonizada com uma pauta tão relevante para o setor, como é a da equidade de gênero, a coincidência merece registro.

Keka levou o tema ao seu discurso, ao ressaltar a importância da compreensão de colegas, clientes e parceiros com a necessidade de muitas conciliarem as atividades de profissional e mãe. “Sinto que as mulheres desse mercado se uniram, e a gente tem vivido momentos incríveis juntas. Essa conexão é muito importante e não vai mais acabar. Mas esse não é um assunto só de mulheres, os homens também fazem parte dele. Encontrei poucas mulheres no meu caminho, mas muitos homens feministas que me deram apoio. Seria muito importante que o mercado fizesse com outras mulheres o que vocês todos fazem comigo”, disse a diretora de criação da AlmapBBDO, que foi a sexta mulher premiada nessa área, reconhecidamente a mais masculina na estrutura das grandes agências de publicidade — antes dela, receberam o Caboré as criativas Magy Imoberdorf (1987), Camila Franco (1991), Ana Carmem Longobardi (1992), Adriana Cury (2006) e Joanna Monteiro (2015).

É importante relembrar que o Caboré vem prestigiando o talento feminino desde a sua primeira edição, em 1980 — Hilda Wickerhauser, que faleceu em 2004, foi a ganhadora do primeiro troféu de Profissional de Pesquisa, área que fez parte da premiação até 1987.

Na história do evento, os homens foram bem mais premiados que as mulheres, mas elas já foram maioria em outras duas edições, conquistando quatro dos sete troféus possíveis para profissionais — em uma época em que a equidade de gêneros não era tão debatida como hoje. No ano 2000, venceram Helena Quadrado (Atendimento/Planejamento, áreas desmembradas a partir de 2007), Joana Woo (Profissional de Veículo), Elizabeth Peart (Profissional de Marketing) e Flávia Moraes (Profissional de Produção). Um ano depois, em 2001, a proporção de quatro troféus em sete possíveis se repetiu com as eleições de Ana Lucia Serra (Atendimento/Planejamento), Maria Lúcia Cucci (Mídia), Thais Chede (Veículo) e Patrícia Viotti (Profissional de Produção, no último ano dessa categoria).

O avanço da presença feminina, não somente no palco do Caboré mas nas reuniões de boards do mercado, é um movimento também influenciado por outra iniciativa de sucesso do Grupo Meio & Mensagem, que em 2013 passou a realizar a versão brasileira do Women To Watch e, de lá para cá, homenageou 40 executivas inspiradoras.

É inegável que exemplos representativos ajudam mais mulheres a lutarem por postos de liderança, e é preciso ampliar o debate sobre inclusão, abrindo espaço para os aspectos raciais, sociais e geográficos. Afinal, a indústria de comunicação, marketing e mídia só tem a ganhar ao afinar seu diálogo com diferentes grupos da sociedade.

 

*Crédito da imagem no topo: Denise Tadei

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