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A propaganda e a defesa da democracia

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Ponto de vista

A propaganda e a defesa da democracia

As forças retrógradas reunidas sob o pretexto da proteção às crianças, além de recursos, almejam um projeto de poder desassociado dos tempos pós-modernos e superado pelo conjunto da sociedade brasileira


30 de junho de 2014 - 3h30

No artigo “Quem representa a sociedade”, publicado no jornal Folha de S.Paulo, de 20 de junho, Claudio Weber Abramo, diretor executivo da Transparência Brasil, organização dedicada ao combate à corrupção, afirma:

“Nunca é demais frisar que ONGs, ‘coletivos’ etc, não são ‘representantes da sociedade civil’, como tantos de seus integrantes apreciam dizer de si próprios e muitos mais ecoam sem reflexão. Essas organizações representam interesses variados, os quais, a despeito de sua possível respeitabilidade, não são necessariamente compartilhados por massas populacionais relevantes”.

A afirmação é um choque de verdade na prepotência das ONGs empenhadas em fazer valer a Resolução 163, do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente, Conanda, um ensaio para a volta da censura no Brasil.

Sobre os conselhos, tais como o Conanda, Claudio Weber Abramo também reserva verdades, “mais de 90% desses conselhos são inoperantes. Auditorias do Tribunal de Contas da União caminham na mesma direção. Pesquisadores que estudaram o assunto apontam como principais motivos para isso a baixa qualificação dos conselheiros e a facilidade com que são cooptados pelo Poder Executivo”.

Nesse Ponto de Vista já tivemos a oportunidade de revelar que a verdadeira motivação das entidades que apoiam a resolução a favor da proibição da propaganda infantil é serem beneficiadas com uma fatia de dinheiro do Fundo Nacional da Criança e Adolescente, FNCA, portanto as revelações de Abramo são pertinentes à discussão sobre o papel dessas organizações como guardiãs (SIC) dos direitos das crianças.

O fato é que a propaganda é a garantia de uma sociedade livre e democrática. Somente através do financiamento privado dos veículos de comunicação, representado pela publicidade, é possível se preservar o papel da imprensa como provedora de informação. Note-se que as empresas de comunicação podem, e devem, continuar a ter suas preferências ideológicas, isso também caracteriza a democracia. Mas ao se privar a população das informações éticas e responsáveis trazidas pela propaganda está se asfixiando a capacidade dos órgãos de imprensa de sobreviverem livre e democraticamente.

As forças retrógradas reunidas sob o pretexto da proteção às crianças, além de recursos, almejam um projeto de poder desassociado dos tempos pós-modernos e superado pelo conjunto da sociedade brasileira. Por mais que demonstre, em alguns momentos, certa fadiga e necessidade de ajustes, a democracia é o melhor regime para conduzir os destinos da população brasileira, simplesmente por que emana dessa mesma população, que já deu mostras de que não precisa de tutores de ocasião, muito menos das ONGs e Conselhos que usurpam o poder dos pais de proteger nossas crianças.

 

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