A importância da equidade em empresas de mídia
Yvette Urbina, VP de Equidade & Inclusão, opina sobre diversidade no conteúdo infantil e importância do público latino
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Thaís Monteiro
29 de março de 2022 - 6h00
A temporada de premiações de 2022 foi encerrada na noite do domingo, 27, com a realização da 94ª edição do The Academy Awards, também conhecido como Oscar. O período, que tem início no final do ano anterior, é sempre palco para novas discussões sobre representatividade nas telas dos cinemas, televisões e plataformas de streaming. Desta vez, a premiação realizada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, teve reconhecimento nesse quesito. Troy Kotsur foi o segundo ator surdo a receber a estatueta, Ariana DeBose se tornou a primeira vencedora queer e afro-latina, Yvett Merino foi a primeira descendente latina vencedora, a diretora Jane Campion foi a primeira mulher a ser indicada em Melhor Direção duas vezes e a terceira mulher a levar na categoria, Riz Ahmed foi o primeiro muçulmano indicado na categoria de Melhor Ator, Will Smith foi o quinto homem negro a receber Melhor Ator, entre outros feitos.
Por se tratar de um meio que trabalha muitas vezes com a narrativa da realidade, é importante que a mídia retrate a sociedade em toda a sua diversidade. Em outras ocasiões, se tratando de narrativas de ficção, a representatividade ganha a forma de possibilidade. O público pode assistir a uma produção e, se enxergando na história de um personagem, também trabalhar suas questões internas e sonhos a partir do que vê.
“Se não estamos mostrando o mundo como ele é, então falhamos na nossa responsabilidade como criadores e pessoas do conteúdo”, divide Yvette Urbina, VP de Equidade & Inclusão na Warner Media. Hoje em cargo executivo, Yvette é dona de uma longa trajetória nos bastidores das produções. Ela foi produtora de séries como The O.C., That 70’s Show, trabalhou com filmes e séries para a Nickelodeon, foi VP de desenvolvimento televisivo na produtora Ventanarosa, da atriz Salma Hayek, cujo objetivo é produzir conteúdo da cultura latina e em espanhol.
Presente no festival South by Southwest (SXSW) deste ano, Yvette Urbina compartilhou com o Meio & Mensagem suas percepções em relação a representatividade na mídia.
Meio & Menagem – A diversidade é importante em todas as áreas. Pensando em mídia, qual é a importância de ter inclusão especificamente nesse segmento?
Yvette Urbina – O que fazemos impacta o modo como as pessoas vêem o mundo. Em conteúdo, atingimos audiências globais e se não estamos mostrando o mundo como ele é, então falhamos na nossa responsabilidade como criadores e pessoas do conteúdo. Temos muita influência.
M&M – Em março, uma carta assinada por funcionários da Pixar acusava a Disney de censurar conteúdo LGBTQIA+. Você tem um background como vice-presidente de programação da Nickelodeon, canal infantil da Paramount. Como trazer essa discussão para conteúdo infantil?
Yvette – Muitos dos nossos conteúdos infantis, como do Cartoon Network, é LGBT-friendly e está introduzindo crianças em uma idade muito nova. Crianças são como vasos abertos e é sobre o modo que você aborda, como pelo Sesame Street, é uma ótima forma porque é um programa de aprendizado e vai durar para sempre. É sobre como abordar da forma certa e não sobre esconder.
M&M – Quais são as práticas que você adota para dar maior voz às minorias?
Yvette – Primeiro, eu trabalho junto com nosso time de pipeline e de programação para que introduzimos pessoas como roteiristas, diretores para trabalhar com nossos criativos pela enterprise, mas também fazemos parceria com organizações como o Free The Work para tornar os recursos acessíveis para que ninguém tenha a chance de falar que não encontraram profissionais diversos ou não sabe como encontrar e sim para que eles possam encontrar as pessoas onde elas estão e ter a certeza que introduzimos as pessoas para quantas oportunidades pudermos para conhecer novas pessoas e engajar com novas vozes. Tendo passado pelo cargo de creative executive, eu tento ter conversas um a um com os criativos.
Diversidade: uma jornada de longo prazo
Yvette – Nosso conteúdo é global, mas temos muito alcance com a comunidade latina e tem muita audiência latina nos Estados Unidos, sejam eles primeira ou segunda geração. Nós também somos muito diversos nessa população e estamos tentando engajar quantas vozes podemos nos Estados Unidos e globalmente, porque é nossa audiência, não é só porque é importante, e você quer que as pessoas se sintam representadas no conteúdo que elas estão vendo e ter certeza que elas estão ouvindo e se vendo no conteúdo. Nós podemos citar o In The Hights, documentários e diferentes conteúdos vindo desses espaços e continuamos nos certificando que estamos aumentando o pipeline de criadores de conteúdo e continuemos a construir esse inventário de conteúdo.
M&M – Aumentamos a discussão sobre inclusão em vários setores, incluindo o de mídia. Quais desafios ainda há para superar nessa indústria?
Yvette – Equidade e inclusão significa algo diferente em cada lugar globalmente. Em um país, pode ser que a voz das mulheres nunca tenha sido ouvida. Ser inclusivo pode significar só trazer mais mulheres à mesa. Nos Estados Unidos, tivemos a oportunidade de chegar à mesa e agora temos que pensar como melhorar a partir disso, como mais impacto no conteúdo e aumentar a representatividade consistentemente. Temos que pensar em cada mercado individualmente e repensar o conteúdo dessa forma.
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