Fragmentação de mídia e tecnologia: o futuro do futebol
Cofundador da LiveMode, Sergio Lopes aponta a coexistência dos meios tradicionais e digitais nas exibições esportivas
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Bárbara Sacchitiello
20 de janeiro de 2022 - 6h02
Campeonatos esportivos transmitidos pelo TikTok, a Twitch ou no YouTube tem se tornado algo mais comum nos últimos anos. A configuração do cenário dos direitos de transmissão no Brasil, inclusive, ganhou uma configuração diferente da que teve por muitos anos, quando boa parte dos direitos de exibição eram concentrados na Globo.
A entrada das plataformas de streaming na disputa por campeonatos e o investimento de emissoras abertas e fechadas em propriedades valiosas para a audiência e para o mercado publicitário criam um quadro fragmentado e com mais players.
Quando deu início à operação da LiveMode em 2017 (na época, ao lado do sócio Edgar Diniz), Sergio Lopes já vislumbrava um formato mais profissional de negociações esportivas. O profissional tinha uma experiência longa no segmento, já que, em 2004, fundou o Esporte Interativo, veículo de transmissões esportivas que, mais de uma década depois, seria comprado pela Turner (atual WarnerMedia).
Sergio Lopes acredita que o futuro das transmissões esportivas, sobretudo de futebol, passa por um modelo em que os direitos de transmissão e comercialização são gerados por uma mesma empresa. Isso, em sua visão, amplia as opções tanto para a audiência como para os anunciantes, além de valorizar os torneios.
É dessa maneira que a LiveMode vem administrando a Copa do Nordeste – competição de futebol que encerrou o ano de 2021 com o dobro de receitas na comparação com 2019 – e o campeonato Paulista, que começa neste mês. A empresa também foi escolhida pela Fifa, como parceiro na América do Sul, para comercializar as cotas de apoio regionais da Copa do Mundo do Qatar.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, Lopes analisa o novo campo dos direitos esportivos e aponta a coexistência das mídias tradicionais com os meios digitais na oferta de uma experiência completa aos torcedores.
Criação da LiveMode
“Em nossa experiencia no Esporte Interativo conseguimos construir uma plataforma que combinava TV e digital de forma profunda. Depois de termos vendido a empresa (em 2015, para a Turner), começamos a observar um equilíbrio maior de forças entre a televisão e o mundo digital. A partir do momento em que isso começa a acontecer com a audiência e com as verbas publicitárias, a LiveMode surge para ajudar as entidades esportivas a navegarem nesse mundo, onde a TV continua sendo muito importante, mas onde o futebol também precisa criar presença no mundo digital. Por isso que estamos vendo as últimas movimentações de diretos de transmissão. As entidades esportivas passam a buscar as melhores soluções de distribuição de seu conteúdo ao vivo e de receitas para ele. A TV continua sendo uma parte importante dessa equação, mas não é mais a única.”
Copa do Nordeste e Paulistão
“A Copa do Nordeste é um produto que gerimos desde a fundação da empresa e é um exemplo da convivência desses mundos. Vendemos os direitos de transmissão para o SBT na TV aberta, para a Disney, na TV paga como no streaming, por meio do Star+ e também para o TikTok, que renovou a transmissão. Além disso, temos o Nordeste FC, que é a plataforma de streaming própria da competição. Achamos que esse é um exemplo de como serão as transmissões. O Paulistão também segue um formato parecido. O torneio estará na RecordTV, com um jogo por rodada; no YouTube, também com um jogo por rodada, no HBO Max, no streaming, além do Paulistão Play, com todos os jogos (a Globo também fechou para exibir o campeonato no Premiere). Buscamos para nossos clientes as melhores soluções de receitas possíveis e elas são, atualmente, aquelas que misturam o mundo tradicional e o digital.”
Fragmentação das transmissões
“Nós, como consumidores de conteúdo, já somos multiplaforma: consumimos na TV e depois vamos ao Twitter para ver a repercussão. Agora, estamos fazendo com que o esporte siga a audiência onde ela já está. O que estamos fazendo pode até parecer algo mais estranho, mas quando vemos de perto notamos que a audiência já é multimeios, levamos o esporte, então, para se beneficiar das receitas que esta audiência pode gerar. Acreditamos que o futebol está pronto para soluções de negócios inovadoras, como as que envolvem NFTs e fan tokens. Quando se traz um parceiro para ser patrocinador e controla junto a geração de dados e ativos visuais, é possível, por exemplo, ter um NFT das imagens da competição.”
Jogadas para as marcas
“Ao se associarem ao conteúdo e a competição nesse novo cenário esportivo, os anunciantes conseguem ficar presentes em várias plataformas, o que é uma ótima oportunidade para levar esse conteúdo para seu mundo e suas comunidades. Temos feito projetos muito legais, como o do TikTok, na Copa do Nordeste em 2021. Eles patrocinaram e transmitiram a competição, fizemos um pacote comercial em conjunto e colocamos a Lu, do Magalu, para comentar um dos jogos, dentro da plataforma. Isso é muito mais divertido do que uma ação tradicional. Tivemos também o case da Brahma, que se apropriou do conteúdo da Copa do Nordeste para lançar o Desafio EuroLampions. Esse mundo novo trará muito mais possibilidades para as marcas.”
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