Recordar é viver (e lucrar)
Apesar das mudanças de estilo e aumento das opções, programas antigos se mantém firmes na TV, contando com o carinho e a preferência do público
Apesar das mudanças de estilo e aumento das opções, programas antigos se mantém firmes na TV, contando com o carinho e a preferência do público
Meio & Mensagem
12 de junho de 2012 - 11h53
Por Bárbara Sacchitiello e Nathalie Ursini
Você já viu incontáveis vezes aquelas pessoas, aquele palco, aquelas histórias. E, mesmo assim, por alguma razão (seja saudosismo ou hábito), continua sintonizando a TV naquele mesmo canal e no mesmo horário para assistir àquela atração por mais uma vez. Se você se identificou com esse comportamento, sinta-se parte da grande maioria dos consumidores de TV aberta do País. É por conta de pessoas como você que as emissoras, há décadas, descobriram que figurinha repetida não só completa álbum, como também enriquece o faturamento.
Um levantamento feito pela reportagem com base na grade de programação das emissoras revelou que a presença dos “velhinhos” é grande. Rede Globo, Bandeirantes, TV Gazeta, SBT e TV Cultura, por exemplo, exibem programas cuja estreia aconteceu há 20, 30 ou até 40 anos.
Em um mundo com tantas opções, porém, não é um contrassenso as pessoas ainda preferirem sintonizar na mesmice a dar espaço às novidades? “Uma quantidade grande de opções gera um estresse psicológico e aquilo que é conhecido acaba se tornando um porto seguro” explica Clarice Setyon, coordenadora do curso de gestão do entretenimento da Escola Superior de Propaganda e ¬Marketing (ESPM). “Tudo o que é antigo acaba trazendo lembranças pessoais. Quando o telespectador vê determinado programa ou novela, ela irá relacionar aquilo com os acontecimentos da vida dela, naquele momento”, esclarece a pesquisadora.
Globo
Algumas das 12 atrações que estão na grade da Globo há mais de 20 anos são responsáveis pelos melhores índices de audiência da emissora (veja a galeria). “A conquista de nossa audiência é diária e muito nos honra que o brasileiro, todos os dias e a cada programa, nos escolha”, diz a Central Globo de Comunicação.
Gazeta
A TV Gazeta também tem um bom exemplo do poder da nostalgia. No ar há 32 anos, o programa Mulheres é a atração feminina mais antiga da TV brasileira e também o carro-chefe do faturamento da emissora. Assistido donas de casa, de todas as classes sociais, a atração vê na evolução o segredo para manter a longevidade. “Ao longo desses 30 anos, o Mulheres se reinventou muitas vezes, sempre com o objetivo de retratar os interesses da mulher no momento. Trabalhamos também com apresentadoras carismáticas, que agradam ao público e nos ajudam a manter a fidelidade da audiência”, acredita Marinês Rodrigues, superintendente de Programação da TV Gazeta.
SBT
Quando se fala em reprises e em nostalgia, talvez não exista exemplo mais emblemático que o seriado Chaves, que está há 27 anos no ar, sem dar sinais de decadência. “Não há como explicar o segredo do Chaves. Precisamos fazer algum tipo de pesquisa acadêmica”, brinca Henrique Casciato, diretor nacional de vendas do SBT. “Desde 1992, não há um capítulo novo, o que significa que continuamos reprisando os mesmos 130 episódios. E tanto o público como os anunciantes adoram”, conta ele.
E boa parte dessa audiência de Chaves, agora, retorna ao SBT, às 20h30, para matar um pouco mais da saudade da infância, ao acompanhar o remake da novela Carrossel. A história original mexicana foi transmitida pela emissora entre 1991 e 1992 (e reprisada em 1993, 1995 e 1996) e incomodou a concorrência no Ibope. Outro programa antigo do SBT que também faz sucesso é o Domingo Legal, que está prestes a celebrar seu 20o aniversário e que, há três anos, passou para o comando do apresentador Celso Portiolli, depois de ser ancorado por Gugu Liberato entre 1993 e 2009.
Cultura
Há 32 anos, Inezita Barroso leva ao palco os clássicos da música sertaneja no programa Viola, Minha Viola, na TV Cultura. Além dele, outros programas de longa data da emissora pública são Repórter Eco (desde 1992 no ar) e o Metrópolis, que recentemente passou por algumas modificações, mas que faz parte da emissora pública desde 1988. O clássico Roda Viva está há 26 anos entrevistando personalidades das mais variadas áreas.
Bandeirantes
O jornalismo da Band também mostra que longevidade pode conferir credibilidade e sucesso. Três importantes jornalísticos da casa marcam presença na grade da emissora há várias décadas. Jornal da Band, Canal Livre e e Jornal da Noite. Todos com mais de 25 anos de transmissão.
Viva as reprises!
Há dois anos no ar, o Viva (Globosat), nasceu com a proposta de atrair mulheres dedicadas ao lar e à família, mas já cativa a atenção do público masculino e de diferentes faixas etárias. Segundo o Ibope Media Workstation, o canal registrou aumento de 50% na ¬audiência total de indivíduos de 2010 para 2011. E conseguiu isso com reprises de programas como Vídeo Show, Mais Você, Sandy e Júnior, Sai de Baixo, Escolinha do Professor Raimundo e novelas que marcaram época na Rede Globo, como Barriga de Aluguel e a Próxima Vítima.
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