YouTube aplica novas medidas para garantias de brand safety
Plataforma deixa de recomendar vídeos sobre teorias da conspiração; Mateus Fornazari, do canal AssombradO, vê eficácia na decisão
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Amanda Schnaider
8 de fevereiro de 2019 - 8h38
No final de janeiro, o Google anunciou que vai parar de recomendar vídeos do YouTube sobre teorias da conspiração. O objetivo é conter informações falsas sobre fatos históricos ou a respeito de temas que já foram comprovados pela ciência. O YouTube afirma que não vai excluir os vídeos da plataforma que continuarão acessíveis por meio da ferramenta de pesquisa. Os usuários que são inscritos em canais que possuem esse tipo de conteúdo também continuarão sendo notificados sobre as novas postagens.
Segundo o Google, essa mudança atingirá menos de 1% do conteúdo acessado, o que mesmo assim representa um número considerável pois a plataforma recomenda mais de 200 vídeos por dia. A iniciativa começa nos Estados Unidos e gradativamente será levada a outros países.
“Desapontamos grandes anunciantes”
A tentativa da companhia em combater a divulgação de informações falsas não é recente. Desde março de 2018, conteúdos como esse passaram a ser divulgados juntamente com textos da Wikipédia que visam explicar o que de fato aconteceu. Em março de 2017, YouTube e Google vivenciaram um boicote de grandes proporções, após a agência Havas retirar toda a publicidade de seus clientes das plataformas. Desde então, o YouTube vem fazendo uma série de mudanças em suas políticas de divulgação de conteúdo e mídia programática para evitar associação de publicidade com conteúdo considerado nocivo.
Segundo Rodolpho Aguiar Eufrosino, diretor-geral de mídia da Dentsu Brasil, o YouTube vem restringindo cada vez mais a exibição de conteúdos mais “ácidos” e a tendência é elevar esse ritmo. Para ele, no entanto, nem todo conteúdo deve ser restrito, mas sim aqueles que propagam ódio e qualquer tipo de descriminação: “o importante é ter filtros que permitam que a exibição de conteúdo tenha o público final correto”, afirma o executivo.
Na opinião de Eufrosino, os anunciantes ainda não se sentem seguros em relação a plataforma de vídeos pois, existe um processo de evolução contínuo quanto ao controle dos conteúdos. “Os clientes vêm procurando plataformas com alto nível de brand safety, a questão já não é mais um desejo, mas uma exigência dos anunciantes”.
AT&T encerra boicote ao YouTube
Para Gustavo Chapchap, diretor de marketing da Jet E-Business, empresa de soluções de e-commerce, essas mudanças comprovam que há uma evolução da plataforma como veículo e a preocupação em preservar a exposição positiva dos anunciantes. “Na perspectiva dos anunciantes, avalio que vai haver um ganho de confiança na plataforma. Eles foram afetados no passado e está na disposição do Google atacar o problema criando um sistema capaz de alterar a forma de recomendação dos vídeos e sacrificar a monetização dos canais que disseminam esse tipo de informação”, avalia.
Ainda assim, Eric Messa, coordenador do núcleo de inovação em mídia digital da FAAP, diz que a curadoria de conteúdo da plataforma tem muito a melhorar e, para que esse avanço aconteça, a área de inteligência artificial ainda precisa ser desenvolvida. “Algoritmos baseados em IA serão capazes de desenvolver seleções complexas para aprimorar sua capacidade de curadoria a cada dia, evitando assim situações de ‘falso positivo’”, declara Messa.
Microempresário dono do canal AssombradO.com.br, que contextualiza teorias conspiratórias, Mateus Fornazari opina que essa nova medida do YouTube é eficaz pois combate a desinformação, atitude que ele busca tomar em seu conteúdo já que, em seus vídeos, o criador apresenta fatos que contestam as teorias. “Quando eu toco nesses assuntos de conspiração – eu tenho vídeo de terra plana, eu tenho o vídeo de o homem não foi à lua -, eu coloco a teoria da conspiração, mostro o que a galera fala e no mesmo vídeo eu começo a rebater”, declara Mateus. Quando perguntado se essa medida de alguma forma iria afetar a entrega de seu conteúdo do seu canal, Mateus afirma que algum vídeo ou outro pode ser atingido, mas que seu canal possui uma grande diversidade de conteúdo.
**Crédito da imagem no topo: Christian Wiediger/Unsplash
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