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MWC

Rodrigo Moreira, da Deloitte, aponta as macro forças tecnológicas

Sócio de technology strategy e transformation da organização destaca o 5G como avanço em direção ao fim da exclusão digital


16 de fevereiro de 2023 - 11h41

A expansão das novas tecnologias de inteligência artificial, a adesão a ecossistemas e arquiteturas descentralizadas e os experimentos com o metaverso são algumas das tendências que as empresas brasileiras devem acompanhar, nos próximos dois anos, para tornar suas operações mais ágeis. A carência de mão de obra, por outro lado, é um desafio que essas organizações vão encarar para a transformação digital de seus negócios. É o que mostra o “Tech Trends 2023”, estudo anual da Deloitte, organização de serviços profissionais que oferece percepções, insights e inspirações para a jornada digital.

Ao Meio & Mensagem, Rodrigo Moreira de Oliveira, sócio de technology strategy e transformation da Deloitte, aborda as tendências que revelam novas tecnologias e abordagens para áreas que valorizam interação, informação, negócios, cyber, trust e core modernization.

 

Rodrigo Moreira de Oliveira, sócio de technology strategy e transformation da Deloitte

Rodrigo Moreira de Oliveira, sócio de technology strategy e transformation da Deloitte (crédito: divulgação)

Ademais, o executivo destaca que a quinta geração de telefonia móvel, o 5G, será um grande avanço em direção ao fim da exclusão digital: “Já previmos que essa tecnologia iria causar disrupção, não só pela melhora considerável de performance, mas também pela possibilidade de quebrar algumas barreiras de conectividade entre diferentes protocolos existentes atualmente”. Também reduz a latência e aumenta a densidade de dispositivos por quilômetro quadrado, não só dispositivos celulares, mas quaisquer dispositivos ou sensores que possuem um endereço IP.

Meio & Mensagem – Qual é a importância em ampliar a complexidade da internet, diante do metaverso?
Rodrigo Moreira de Oliveira – O metaverso utiliza-se de tecnologias que compõem a nova internet ou a Web3, como é conhecida. Na Web3, as informações e armazenamento de dados dos usuários são descentralizados, não são mais armazenados somente em grandes provedores de serviços de internet, como Google ou Meta. Para que isso ocorra, a tecnologia de blockchain, que tem como base as criptomoedas, registra todas as informações de forma permanente e imutável; e somente as pessoas que possuem aquela chave de criptografia é que têm acesso às informações. O mesmo vale para informações financeiras, as quais não requerem mais uma instituição financeira como intermediadora. Por fim, ainda temos os NFTs, que estabelecem um certificado digital a bens digitais, tornando-os únicos e comercializáveis. Essas tecnologias de fato podem soar complexas em um primeiro momento, mas serão utilizadas no metaverso, de forma praticamente transparente aos usuários ou, em breve, se tornarão fluídas como o envio de um PIX.

M&M – O mercado já acredita na personalização trazida pela inteligência artificial? Vê avanços do uso dessa tecnologia no Brasil?
Rodrigo – A inteligência artificial já está presente em mais de 40% das organizações mundo afora. Em uma recente pesquisa da Tortoise Media, que analisou 140 indicadores, 62 países e considerou pilares como implementação, inovação e investimento, o Brasil ficou posicionado em 39° lugar. O país lidera o ranking na América Latina, mas fica evidente que ainda há um grande caminho para avançarmos em direção aos países que utilizam amplamente a tecnologia, como Estados Unidos, Índia e Reino Unido. Um indicador que demonstra um avanço, ainda tímido, é a disponibilidade de profissionais especializados no tema. Nesse ranking, figuramos em 31°. Com o Projeto de Lei para o Marco Legal da Inteligência Artificial em tramitação, pavimentamos também um importante caminho para princípios e diretrizes que irão dar a transparência e credibilidade necessárias para a universalização da tecnologia.

M&M – Como a automatização de processos pode driblar a complexidade do universo multinuvem?
Rodrigo – A adoção da nuvem realmente trouxe desafios, desde a capacitação técnica de profissionais até a própria complexidade de gerenciamento das nuvens. Para apoiar esse processo, novas abordagens têm ganhado força nas corporações, como o conceito de Site Reliability Engineering (SRE), que incorpora aspectos de engenharia de software a questões de infraestrutura, segurança e operação. Como complemento ao controle desse caos, organizações estão adotando plataformas de Infraestrutura Hiperconvergente, ou HCI, especializadas em trazer uma camada de abstração para gestão. Essas ferramentas oferecem funcionalidades de otimização de capacidade computacional, assim como de gestão financeira de seus recursos em nuvem.

M&M – Qual é o potencial de crescimento do comprometimento de competitividade entre as empresas, tendo em vista uma maior adesão às ferramentas tecnológicas?
Rodrigo – A tecnologia tem habilitado uma transformação digital bastante acelerada ao mercado. Ganhos de eficiência operacional, novas fontes de receita, informações analíticas e preditivas que fornecem melhores insights para tomada de decisão são só alguns exemplos desses benefícios. Nossa pesquisa Global Technology Leadership Survey 2023, que será lançada nos próximos meses, demonstra que a estratégia e execução da transformação digital nas organizações continua sendo prioridade para mais de 60% dos executivos de TI e negócios ouvidos na pesquisa.

M&M – Qual é o papel do blockchain-powered na criação de confiança digital?
Rodrigo – Ecossistemas blockchain-powered estão tornando-se essenciais não só para desenvolvimento e monetização de ativos digitais como também para criar a confiança digital. Ao não depositar essa confiança em uma única pessoa ou organização, mas sim disseminar essa relação de confiança entre várias as partes, os usuários acabam fortalecendo sua confiança e isso ajuda ainda mais na descentralização da Web3.

M&M – Acredita que as empresas não estão mais preocupadas em substituir sistemas, mas sim em aprimorá-los e conectá-los a tecnologias modernas?
Rodrigo – Conforme aponta nosso relatório global, percebe-se um novo movimento para complementar suas plataformas legadas e dar a agilidade ou extensão necessária às suas funcionalidades, sem aposentá-las. Parte pelo receio de disrupção dos negócios com a migração, assim como as dificuldades técnicas e também de talentos. Diante das dificuldades, muitas organizações ainda seguem migrando ou com planos para migrar seus workloads para nuvem no Brasil. Mas, é provável que vejamos esse pêndulo entre nuvem pública e plataforma legadas em mainframe buscar outro ponto de equilíbrio por aqui, nos próximos anos.

M&M – O mercado sem fio e o 5G é a chave para acabar com a exclusão digital?
Rodrigo – Sem dúvidas o 5G será um grande avanço na inclusão digital. Em nosso relatório Tech Trends de 2019, já previmos que essa tecnologia iria causar disrupção, não só pela melhora considerável de performance, mas também pela possibilidade de quebrar algumas barreiras de conectividade entre diferentes protocolos existentes atualmente. Também reduz a latência e aumenta a densidade de dispositivos por quilômetro quadrado, não só dispositivos celulares, mas quaisquer dispositivos ou sensores que possuem um endereço IP. Já é possível prever também maior velocidade na atualização e melhora significativa das redes de dados das operadoras em áreas de menor cobertura ou com tecnologia e estações rádio-base defasadas, como áreas rurais ou em cidades do interior.

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