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Opinião

5 direcionamentos para reaprender a liderar em tempos de IA

E porque eles são o caminho para seguirmos em frente com coragem e intenção


6 de junho de 2025 - 6h00

Quem se sente pressionado a inspirar, mas não a realmente se conectar?  Pensando nessa pergunta, aposto que você já sentiu isso também. E o peso de ter que ser a pessoa com todas as respostas, aquela que motiva todo mundo, enquanto algo dentro de você sabe que a conversa está perdendo algo mais profundo.

Estamos testemunhando uma das transformações mais intensas da história, movida pela inteligência artificial (IA). Não é só mais uma ferramenta. E vejo algo maluco: não resistimos às incertezas do futuro — na verdade, resistimos às certezas do passado!

Quantas vezes você se pegou defendendo “o jeito que sempre fizemos as coisas”, quando lá no fundo você sabe que as coisas precisam mudar? Eu faço isso também. Todos fazemos.

O chefe tradicional sabe de tudo. O líder inspirador ainda faz tudo girar em torno dele. Mas tem algo novo surgindo — líderes que não impõem controle, mas coreografam movimentos. Que realmente liberam o potencial das pessoas ouvindo, conectando e se adaptando. Talvez seja hora de nos darmos a chance de criar espaço.

Antes de seguirmos, deixa eu compartilhar algo que tem martelado na minha cabeça. Eu chamo de DES-RE. É simples: primeiro, precisamos soltar, desaprender, para depois aprender.

Precisamos DES-padronizar nossas construções mentais e RE-entender a vida. Verdadeira liderança não é mais sobre certezas — é sobre a habilidade de desaprender. Quanto mais amamos o que “sabemos”, mais rapidamente nos tornamos irrelevantes.

Precisamos DES-enrolar nosso ego e RE-conectar com os outros. “Minha equipe, minha ideia” morreu. Inovação vem de perspectivas diversas, não de genialidade individual. E precisamos DES-aprender o passado e RE-conectar com o futuro. O modelo tradicional de trabalho? Acabou. O futuro será co-criado. 

Mas saber disso e fazer algo a respeito são duas coisas diferentes, não são?

Quero tornar essa nossa conversa concreta, algo que você possa transformar em ação na segunda-feira. Por isso, agrupei cinco maneiras específicas de realmente seguir em frente — não mais teoria, não mais frameworks, mas jeitos reais de entrar nessa incerteza com intenção. Te interessa?

 

1. Se divorcie do seu sucesso

Uma conversa desconfortável que precisamos ter. Revise suas últimas “evoluções”. Elas te libertaram ou só fizeram os processos antigos ficarem mais rápidos? Tenho me feito essa pergunta ultimamente, e as respostas nem sempre são fáceis de encarar. 

A maioria de nós é viciada no sucesso passado. Otimizamos, sistematizamos e medimos cada canto do trabalho. Confiamos mais em dados do que na intuição, mais no processo do que na presença, mais na performance do que no propósito. Mas e se o seu sucesso estiver se tornando sua prisão?

A pandemia nos forçou a repensar tudo sobre trabalho. Não dava mais para fingir. Mesmo assim, muitos líderes estão tentando voltar ao “normal”, como se isso fosse possível. Não somos as mesmas pessoas que éramos há cinco anos, mesmo quando não sabemos o que isso significa para nós mesmos.

Fico pensando nisso: você está projetando para liberdade ou para controle?

O que aconteceria se você questionasse tudo que te trouxe até aqui? Não porque estava errado, mas porque o que te trouxe até aqui pode não te levar para onde você precisa ir, hum?

 

2. Saia do modo máquina

Vamos fazer algo juntos. Olhe as tarefas da semana passada. Quais precisavam do seu coração, e quais uma IA poderia ter feito?

Fiz esse exercício comigo mesmo, e foi um soco no estômago. Quanto do que eu chamo de “trabalho” é, na verdade, só um gerenciamento sofisticado de tarefas?

A IA vai nos tornar mais humanos — essa é a oportunidade escondida na disrupção. Nossos copilotos vão cuidar das coisas repetitivas, deixando para nós os aspectos mais sutis, os humanos, que realmente fazem diferença. Mas aqui está o problema: muitos de nós construímos nossa liderança mais nas coisas repetitivas do que nas criativas e inovadoras, mesmo quando não queremos admitir.

Quando a IA se tornar ubíqua nos negócios, nenhum líder será o mesmo. A maioria vai ficar tão ultrapassada que simplesmente vai sumir. A pergunta não é se você deveria ter medo. A pergunta é se você está disposto a reaprender tudo o que sabe como líder.

Você está pronto para sair do modo máquina e entrar no modo humano? Porque é aí que o trabalho real começa.

 

3. Escolha presença, o humano em você

Quero que você pense na sua última reunião. Havia espaço para honestidade ou só para “check” de caixinhas?

Todos nós ouvimos, mas poucos realmente escutamos. Na nossa cultura individualista, onde supervalorizamos o protagonismo, viramos faladores, interruptores e respondedores, em vez de ouvintes. A maioria das discussões são competições em que a pessoa que fala mais, traz mais ideias ou objeta mais vira o “vencedor”. E todos perdemos.

Mas aqui está o que mudou: a complexidade do mundo aumentou dramaticamente. Não existe mais uma resposta correta para a maioria das perguntas. Nenhum líder sozinho consegue mais nos convencer sobre o jeito certo de fazer as coisas.

Quando alguém consegue realmente escutar, novas ideias têm espaço. O diálogo flui. A inovação prospera. Mais importante: todo mundo na sala se sente mais conectado e responsável pelo resultado.

Na sua próxima reunião, tente isso: repare quanto você fala versus quanto você escuta. Você está liderando pessoas ou só gerenciando relatórios?

 

4. Seja criativo, mesmo com incerteza

Pense na sua última ideia real. Ela veio da certeza ou de pisar no desconhecido?

Aqui está algo com que tenho lutado: para inspirar alguém, precisamos de convicções e certezas. Mas para orquestrar pessoas, precisamos nos desapegar das nossas ideias e crenças. Isso não significa não ter ideias — significa conseguir soltá-las quando algo melhor surge.

Fácil de falar, difícil de fazer. Se não nos desapegamos, não escutamos. Não criamos empatia. Não conectamos.

Rigidez mental é o maior inimigo da inovação. Num mundo mudando nessa velocidade, nossas convicções podem nos prender em posições fixas. Resistimos à mudança porque “sabemos de tudo, vivemos tudo, experimentamos tudo.”

Mas e se se desapegar das suas crenças, na verdade, te tornasse mais criativo? E se isso te ajudasse a orquestrar decisões melhores? Você está criando por coragem ou só cobrindo seu medo? Porque inovação vem de perspectivas diversas, não de genialidade individual. E isso exige que sejamos criativos mesmo com — especialmente com — incerteza.

 

5. Confie na intuição como seu painel

Todo dia, separe dez minutos para pensar sem dados. Só pensar. Que verdades você abandonou porque não vieram com prova?

Fomos treinados para confiar mais em dados do que no instinto, mais no processo do que na presença, mais na performance do que no propósito. Mas, conforme a IA assume as tarefas repetíveis, o que sobra é o que quase esquecemos como usar: nossa humanidade. 

Isso não é sobre fazer mais — é sobre fazer diferente. Pausar. Refletir. Substituir controle por orquestração. Abrir espaço para o que não cabe num KPI: intuição, empatia, ética, criatividade. Essas não são soft skills. São as que a IA não consegue fingir. São o que sobra quando o roteiro acaba. Essential skills.

Sua intuição não é anti-dados. É pré-dados. É o sinal que te diz quais dados buscar, que perguntas fazer, que problemas resolver.

E se você confiar nela?

Otimizamos, sistematizamos e medimos cada canto do trabalho. Fomos treinados a confiar em dados sobre instinto, processo sobre presença, performance sobre propósito. Mas liderança hoje não é sobre preencher espaço, é sobre sustentar espaço. Criar onde a certeza não ousa ir. Escolher estar presente. Soltar o que funcionou antes para encontrar quem você está se tornando.

Não é sobre voltar. É sobre ir, com coragem e intenção, para frente.

O modelo tradicional de trabalho morreu. O futuro será cocriado.

Você tem uma escolha: evoluir para alguém que coreografa a dança ou se tornar irrelevante tentando reger uma sinfonia que ninguém quer ouvir.

Vou ter sucesso se eu criar uma fagulha de pensamento em você. Não quero estar certo. Quero que pensemos juntos.

Então aqui está minha pergunta para você: você está pronto para seguir em frente, com coragem e intenção?

Porque o mundo precisa de mais gente disposta a fazer exatamente isso.

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