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Opinião

Diversidade e inovação são armas de ataque, não de defesa

Os benefícios de um ambiente diverso já são fortemente divulgados pelo mercado e a opinião pública está formando uma poderosa consciência nesse sentido


15 de fevereiro de 2019 - 13h12

Crédito: PeopleImages/iStock

Hoje é comum ver a bandeira da diversidade tremulando como se fosse algo novo ou a principal tendência no ambiente corporativo. Contudo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, emitida pela Organização das Nações Unidas (ONU), completou 70 anos e já abordava os tópicos necessários para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Mesmo assim, algumas empresas seguem ignorando as vantagens da inclusão das diferenças em seu dia a dia. Por sorte, outras já entenderam a estratégia vencedora de formar os seus times com representantes de todas as camadas da sociedade. Algumas dessas organizações, focadas em colher os frutos da diversidade, chegam a criar inclusive o cargo de Chief Inclusion Officer (diretor de inclusão) para promover a ascensão de grupos como mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTI+, entre outros.

Os nossos valores mudaram rapidamente e as empresas que conseguiram compreender primeiro que seus clientes, parceiros e acionistas estavam pensando de maneira diferente saíram na frente. Companhias como Apple, Spotify, Uber e Amazon, entre tantas outras, já entenderam que os consumidores atuais não estão tão preocupados com rótulos.

O poder de possuir coisas ficou tão impossível para a maioria das pessoas que o desejo de consumo migrou para o desejo de experiências. Não precisamos ter, mas queremos participar, usar, compartilhar.  Quando viramos a chave do “ter” para o “usar”, transformamos o mundo da escassez que vivemos em uma nova realidade de abundância. E isso tem dado certo, pois tem gerado bons resultados para as organizações e pessoas.

Fica claro que, se tratando de diversidade e inovação, é preciso entender o jogo e apertar o play. Um exemplo prático disso são as indústrias de bebidas e alimentos, que estão, espontaneamente, reduzindo a quantidade de açúcar em seus produtos. Essas organizações saíram da defensiva e ativaram suas estratégias de ataque realizando correções de rumo e atendendo o que já está na consciência coletiva das pessoas:  o excesso de açúcar faz mal à saúde. E antes que uma lei coloque no papel essa obviedade, as empresas mais conectadas aos novos tempos saem na frente, antecipando os desejos e as necessidades das pessoas.

Na política, percebemos um movimento contrário, por exemplo, as práticas de caixa dois pelos partidos e políticos. É irregular e temos a consciência que prejudica a sociedade. E, a partir dessa consciência coletiva, condenamos todos. Os que fazem hoje e os que fizeram no passado. Ou seja, precisamos agir com total sintonia com as pessoas, pois se ficarmos atuando na defesa e nos escondendo em práticas passadas, seremos condenados para sempre.

Dessa forma, organizações diversas conseguem dar o primeiro passo para um crescimento responsável. Não basta fazer o que está na lei ou aquilo que é simplesmente nosso dever. As empresas devem fazer o que é certo. Ou abrimos espaço para as diferenças em nossas companhias, ou pagaremos o alto preço de não estarmos conectados à realidade.

É por esse motivo que cada vez mais percebemos dois grupos de organizações e empreendedores: os que percebem a mudança e os que ficam estagnados no tempo. Os primeiros, provavelmente, irão surfar nessa onda, sabendo encaixar seus produtos e serviços. Já o segundo se afogará em sua própria nostalgia.

Embora tenham características distintas, esses dois grupos se encontram justamente no momento em que as pessoas tomam decisões. Quando elas estabelecem um ponto de vista, tudo o que é contrário passa a ser encarado como algo passível de punição. O sucesso de uma organização, portanto, é enxergar essa mudança de consciência e corrigir suas decisões para manter-se grande em seu mercado.

E não adianta pular a etapa da diversidade e partir direto para a inovação. Na verdade, muitas empresas não abrem espaço para as diferenças, não criam agentes de mudanças e passam por armadilhas cruéis, principalmente no quesito inovação. Estudo da consultoria Accenture aponta que 57% das companhias que aumentaram em 25% os investimentos nessa área tiveram um desempenho pior do que seus concorrentes. O erro é delas? A questão é que o aporte não foi feito em mudanças profundas, mas em melhorias superficiais. Falta investir em cultura de inovação — e cultura se faz com agentes transformadores, frutos de ambientes diversos.

Por isso, é tão importante valorizarmos empresas que abrem espaço para a diversidade. Os benefícios de um ambiente diverso já são fortemente divulgados pelo mercado e percebemos que a opinião pública está formando uma poderosa consciência nesse sentido. Em breve, sua organização também será cobrada.

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