Podcast é o novo front na guerra dos streamings
A entrada da Amazon Music no formato anuncia um ponto de virada na competição das plataformas de áudio
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Mudanças nos hábitos de consumo durante a pandemia da Covid-19 fortaleceram os podcasts como formato de mídia e isso tem encorajado a adesão a ele por grandes plataformas de conteúdo.
O lançamento da Disney+ nos EUA, em novembro de 2019, anunciou o início do acirramento competitivo no mercado de serviços de streaming. Desde então, incentivados pela nova configuração de consumo de conteúdo gerado pela pandemia, que esvaziou as salas de cinema e fez crescer exponencialmente a procura por conteúdos em plataformas digitais, grandes estúdios e players regionais trabalharam rápido para lançar ou revigorar seus serviços, firmar parcerias e colocar uma pedra do sapato da “hegemônica” Netflix.
Enquanto a batalha nas plataformas audiovisuais está longe de terminar e já faz, inclusive, suas primeiras baixas significativas – o Quibi, empreitada bilionária de Jeffrey Katzenberg, sócio do estúdio Dreamworks, anunciou o encerramento de suas atividades em dezembro – um novo front emerge na guerra dos streamings: o podcast. O formato é antigo, tem raízes nos primórdios da internet, mas vem ganhando bastante relevância e fomento qualitativo nos últimos anos.
Entre seus trunfos – e são muitos – o podcast é uma mídia democrática, que permite a pessoas comuns, com ideias interessantes, criarem conteúdos originais, se conectarem facilmente com uma audiência segmentada e rentabilizarem o produto de seu trabalho. É também um formato que pode ser consumido enquanto as pessoas estão realizando atividades cotidianas, como nos deslocamentos urbanos, na academia, durante afazeres domésticos. Mas, sobretudo, é um formato que gera grande engajamento e conexão com o ouvinte, mérito este da potência afetiva da voz humana.
O Spotify mantém uma folgada liderança no setor, com mais de 300 milhões de usuários ativos por mês, dos quais aproximadamente 130 milhões utilizam o serviço premium. Paralelamente, plataformas como Apple Music, Tencent, Youtube Music, Deezer e Amazon Music tem apresentado crescimento exponencial e um percentual de assinantes pagos muito equilibrado. São players robustos, como o serviço da Apple, que conta com mais de 72 milhões de assinantes, e o streaming de música da Amazon, que já possui 56 milhões. E praticamente todos eles em planos de assinatura. Este último player, que tem investido com robustez em conteúdo audiovisual original para sua plataforma de vídeos, anunciou recentemente a entrada do podcast no catálogo de conteúdo do Amazon Music.
Se a informação não chama a atenção do leitor casual, ela certamente desperta o interesse dos produtores de podcasts e profissionais de marketing, atentos à crescente relevância do formato na estratégia de crescimento das plataformas de streaming de áudio. No Spotify, que recente adquiriu a plataforma Megaphone, um dos principais players mundiais na distribuição e comercialização de publicidade em podcasts, o consumo de podcasts cresceu mais de 200% no último ano, com aproximadamente 20% de seus usuários ouvindo conteúdos no formato. A Deezer, plataforma que conta com 8 milhões de assinantes, tem investido significativamente na produção de podcasts originais, principalmente em mercados onde o formato apresenta crescimento orgânico mais acentuado, como o Brasil.
A disputa entre os streamings de áudio na aquisição de empresas especialistas no segmento é tão dinâmica, que a Amazon Music anunciou recentemente a compra da Wondery, a maior produtora independente de podcasts, que até então era sondada pela Apple. E para quem acha que essa briga é apenas entre os players internacionais, a Globo anunciou hoje (21 de janeiro) a oferta de podcasts, próprios e de outros produtores de conteúdo, na plataforma Globoplay, fomentando a produção nacional no formato.
A entrada da Amazon Music e do Globoplay no formato anunciam, como a Disney fez para os streamings de vídeo, um ponto de virada na competição das plataformas de áudio e reforça a importância do podcast na salubridade financeira do segmento. Com grande potencial de investimento em conteúdos originais, o serviço da Amazon e do Globoplay devem movimentar o mercado de produtores e abrir novas possibilidades de inserção para marcas interessadas em aderir à febre do podcast que, com métricas de engajamento elevadas e boa possibilidade de segmentação de público, tem cada vez mais entrado no planejamento de marketing das grandes marcas.
Vamos ouvir o futuro!
*Crédito da foto no topo: Ajwad Creative/iStock
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