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Pensar como um ecossistema

Redefinir fronteiras e construir pontes: uma jornada de Design para ecossistemas de negócio


23 de outubro de 2023 - 0h00

Por Gustavo Rosa Silva, sócio-diretor de Estratégia da QNCO

Em um mundo onde a linguagem dos negócios evolui tão rapidamente quanto a tecnologia que a impulsiona, o termo “ecossistema” emergiu como uma palavra-chave, refletindo a crescente necessidade de interconexão no mundo dos negócios. À medida que as barreiras setoriais desaparecem e as demandas dos consumidores mudam, as empresas precisam se adaptar, inovar e colaborar para permanecerem relevantes. Inspirando-se nos ecossistemas naturais, as empresas estão aprendendo sobre resiliência, diversidade e inovação. Isso exige uma nova mentalidade, onde o sucesso é determinado pela colaboração e adaptação.

Os ecossistemas de negócios são inspirados nas relações da natureza

“Ecossistema” nos negócios abrange muitos significados, mas, em essência, refere-se a atores, atividades e recursos interligados, que juntos geram mais valor. Existem dois tipos principais: Ecossistemas Centrados na Experiência e Ecossistemas Centrados na Rede.

Os Ecossistemas Centrados na Experiência dividem-se em dois: Ecossistema de Interação e Ecossistema de Soluções Integradas.

O Ecossistema de Interação prioriza a otimização dos pontos de contato entre cliente, produto e serviço, e enxerga essa relação como uma jornada contínua de aprimoramento. A Apple, por exemplo, aposta numa estratégia que potencializa a coexistência de seus dispositivos, visando uma experiência coesa.

Já o Ecossistema de Soluções Integradas expande ou vai além das ofertas centrais da empresa e cria um espaço onde soluções externas podem prosperar. É onde encontramos o modelo de negócios de plataforma. Ainda sobre a Apple, a App Store aqui é um bom exemplo: a Apple fornece a plataforma, mas desenvolvedores externos ampliam o seu alcance, com foco na expansão da jornada do cliente com conexões complementares. Portanto, embora a plataforma seja uma oferta da empresa, o ecossistema gerado é vastamente ampliado por contribuições externas.

Tanto o Ecossistema de Interação quanto o Ecossistema de Soluções Integradas compartilham o objetivo comum de aprimorar a jornada do cliente, mas cada um enfrenta seus próprios desafios e oportunidades na busca por balancear integração e inovação.

Ecossistemas Centrados na Rede, por outro lado, são focados na criação conjunta de valor, ultrapassando os limites tradicionais da empresa e abrindo portas para colaborações estratégicas.

Os Ecossistemas Centrados na Rede se destacam por dois principais: Inovação Aberta e Parcerias Estratégicas.

O Ecossistema de Inovação Aberta destaca a colaboração para além dos limites convencionais das empresas, pois no atual contexto interconectado, soluções inovadoras frequentemente emergem da união de distintas entidades, sejam elas empresas, startups ou universidades. Essa abordagem rompe barreiras tradicionais em busca de inovação colaborativa. A Procter & Gamble (P&G), com sua iniciativa Connect + Develop, exemplifica isso ao buscar inovações além de sua própria pesquisa e desenvolvimento.

Metodologia de Ecossistemas

O Ecossistema de Parcerias Estratégicas, por outro lado, centra-se na colaboração e cocriação com parceiros específicos, ampliando oportunidades e explorando novos mercados. É uma extensão da inovação aberta, porém mais focada em relações de benefício mútuo. Um exemplo notável é o Intel Architecture Lab, que na década de 1990, colaborou com diversas entidades para fomentar o computador como dispositivo de uso pessoal, impulsionando a inovação tecnológica. Isso culminou em avanços como o padrão USB, por exemplo.

Ambos são vertentes do Ecossistema Centrado na Rede e visam transcender os limites tradicionais da empresa: enquanto o Ecossistema de Inovação Aberta se beneficia da comunidade e da aceleração, unindo agilidade com escala e servindo como ponte para tecnologias emergentes, o Ecossistema de Parcerias Estratégicas foca em alavancar capacidades latentes, co-criando valor e aventurando-se em novos mercados através da combinação de expertises.

Estes modelos de ecossistemas, sejam centrados na experiência ou na rede, não são mutuamente exclusivos, mas sim complementares, amplificando a capacidade de inovação e adaptabilidade das empresas. Ambas as abordagens enfatizam a necessidade de olhar o negócio de forma sistêmica, seja para melhorar a experiência do cliente ou para formar colaborações estratégicas.

Há Ecossistemas centrados na Experiência e outros na Rede

Como projetar ecossistemas de negócios?

Conheça nossa abordagem a partir de princípios norteadores

Proposta de Valor Unificadora: Todo ecossistema precisa de uma proposta de valor clara, que orquestre seu funcionamento e direcione todos os participantes em direção a um objetivo comum.

Interdependência e Colaboração: Os membros de um ecossistema podem operar isoladamente, mas o poder está em colaborar uns com os outros para cocriar valor.

Diversidade de Atuantes: Um ecossistema é composto por uma variedade de entidades e atores, incluindo empresas, clientes, fornecedores e, às vezes, até concorrentes. Quanto mais diverso for um ecossistema, mas resiliente ele é.

Valor Compartilhado: O foco principal de um ecossistema é criar e entregar valor para todos os seus participantes. A dinâmica tem que ser ganha-ganha.

Além disso, 4 passos são essenciais em um processo de desenho de ecossistemas:

1. Reconhecer e Mobilizar:

Cada empresa já é parte integrante de um ecossistema, o desafio é reconhecê-lo e otimizá-lo. Refletir sobre o papel da organização não como uma entidade isolada, mas como um ponto vital em um ecossistema maior é o primeiro passo. Avaliar a motivação central para operar de forma sistêmica e as interconexões essenciais ajuda a direcionar o processo.

2. Entender e Preparar:

A análise profunda do mercado revela tendências e desafios, oferecendo direção para a estratégia do ecossistema. Aqui, é essencial mapear parceiros e entidades que podem colaborar na co-construção de valor. O aprendizado com ecossistemas bem-sucedidos pode oferecer caminhos a serem seguidos

3. Desenhar e Testar:

Identificando possíveis cenários futuros de atuação, as empresas devem alinhar suas visões às tendências atuais. O foco recai sobre conceituar novas áreas de co-criação de valor e como capacidades existentes podem ser realocadas ou reutilizadas para alimentar novos motores de crescimento, aproveitando o que já existe e impulsionando a inovação.

4. Estratégia e Execução:

Definir uma estratégia clara é o primeiro passo, mas a execução determina o sucesso. Na avaliação de impacto, as empresas devem considerar não só o valor gerado, mas também como colaboram para enriquecer as interações para seus clientes internos e externos. O foco passa a contemplar a importância da interconexão na atuação da empresa.

Fomentar ou atuar em um ecossistema é uma realidade que precisa ser melhor aprofundada. Conforme exploramos ao longo deste artigo, os ecossistemas, sejam centrados na experiência do usuário ou na colaboração em rede, são uma manifestação atual de como negócios e relações se entrelaçam em um mundo em constante evolução. Eles simbolizam não apenas a união de empresas, mas também a convergência de ideias, inovações e adaptações. Essa dinâmica é o reflexo da nossa época, onde a colaboração não é apenas uma estratégia, mas uma necessidade intrínseca para enfrentar desafios e criar valor.

No ecossistema criativo QNCO, que anunciamos ao mercado no início deste mês, acreditamos que organizações caminham para uma maior resiliência quando aprendem continuamente, se adaptam à mudança, compartilham informação e constroem juntas.

Chegou o tempo de solucionarmos desafios de maneira coletiva: um time de times é mais capaz de navegar na complexidade e interconexão inerentes ao nosso contexto atual.

Descubra qnco.design.

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