Pyr Marcondes
16 de janeiro de 2020 - 8h27
A unidade da Nestlé se chama Global Digital Media Center of Competencies (DCoC) e está em teste nos Estados Unidos e Europa.
Lá, os grupos WPP, Publicis, IPG e Dentsu estão reunidos dentro da sede da companhia nesses mercados focados no momento e inicialmente, como o próprio nome da unidade já entrega, no endereçamento de questões ligadas ao mundo adtech, buscando otimização de recursos de mídia digital, melhor controle das audiências e de seus dados, maior fiscalização de compliance, mas não só.
A DCoC tem como meta operar áreas como retail media, dynamic creation optimization, ad operations e supply and trading. Oo seja, chega até o controle do varejo e e-commerce da companhia. Tudo in-house.
É diferente de modelos como a da Oliver, por exemplo, que também tem estruturas internas para atender as demandas de criação e produção de peças e campanhas de marketing em grandes volumes. Aí, é a Oliver que opera a in-house, e não vários grupos de agências atuando sob um mesmo teto. Caso da Unilever e vários outros anunciantes da Oliver mundo afora, Brasil incluso.
Também ligeiramente diferente do modelo do McDonald´s, que tem hoje uma agência criada especificamente só para ele pelo Omnicom.
Nesse caso, mais recentemente, a marca passou todo o job criativo para a W+K, porque entendeu que o modelo privilegiava demais a eficácia e performance de mídia e dados, mas não funcionava bem no âmbito da criação.
Recentemente, em conversa com alto líder em comando de uma dessas grandes holdings globais no Brasil e região, ouvi que, em sua opinião, esse modelo centralizador in-house, como no caso da Nestlé, pode funcionar para algumas coisas e para um pedaço da operação, mas não para o todo. E, certamente, não para sempre: “Eles voltarão”, projeta o executivo.
A separação da criação da gestão dos assets de tecnologia e mídia me parece, em tese, complicada. A orquestração centralizada do anunciante de parte dos serviços que antes eram exclusivos das agências, no entanto, acho inevitável e sem volta.
O que está em teste pelos anunciantes é, cada qual da sua forma e com seu próprio acomodamento empresarial e de negócios, o modelo que pode funcionar melhor.
As agências precisam aproveitar essa que me parece uma oportunidade de oferecer modelos operacional flexíveis e inteligentes, que a um só tempo incrementem suas próprias linhas de receita e atendam na veia as novas demandas dos hoje inquietos anunciantes.
Isso é problema? Sim. Mas é também, como no ideograma chinês, uma gigante oportunidade.