Pyr Marcondes
22 de abril de 2019 - 7h01
Temos usado ainda hoje, ingenuamente, a expressão “binário” para designar jocosamente quem acusamos de baixa capacidade de raciocínio, o mané, que pensa que as coisas têm só dois lados, pão-pão, queijo-queijo, e deixa de fora toda a riqueza múltipla da verdadeiramente brilhante capacidade humana de raciocinar.
Disse ingenuamente e repito.
Toda a capacidade computacional que temos hoje a nossa disposição está estruturada numa linguagem binária de zeros e uns, isso inclui a Inteligência Artificial, sabidamente mais “inteligente”, num certo sentido, do que nós.
Sob essa ótica, binário deveria ser elogio e não gozação.
Agora esses conceitos, corretos ou não, serão re-embaralhados pela chegada da computação quântica.
Muito simplista e resumidamente, a computação quântica sobrepõe e entrelaça as sequências de códigos binários, colocando camadas e mais camadas de processamento operando em concomitância umas sobre as outras, o que dotará as máquinas de uma capacidade e uma velocidade de raciocínio inimagináveis.
O exemplo clássico de poder dessa nova plataforma tecnológica costuma ser a afirmação de que ela simplesmente derrubará toda a criptografia, que é hoje a mais complexa e intricada malha de códigos de segurança conhecida, e até agora considerada inexpugnável.
Assim, e aí de fato, o binário será mané.
E nós só teremos saída diante de tanto poder computacional, se elevarmos mais e mais nossa capacidade humana única de sentir e imaginar, que vão bem além de raciocinar.
Máquinas, binárias ou quânticas, é que são manés.
Sonhar para além da lógica é nossa grande saída. O algoritmo humano. Cuja capacidade de criação desconhece limites.
Sua sábia avó sempre soube disso.