Pyr Marcondes
12 de abril de 2019 - 7h56
O número de IPOs no País cresceu de forma explosiva nos últimos anos – o que é um indicador da nossa busca por alguma diferenciação econômica, num País de comodities e sem inovação – através da criação de novas e mais avançadas empresas. Mesmo apesar das ainda arcaicas infra-estruturas de fomento, tributária e burocrática processual, o País insiste em empreender.
O ambiente de startups é visivelmente imaturo e de baixa diferenciação, frente a outros países do mundo, mas os investimentos crescem e há nos indicadores um cheiro embrionário de busca por maior sofisticação. Os investimentos anjo e de VCs crescem também. Espalham-se pelo País, cujas dimensões continentais não facilitam nada nossa vida, inúmeros centros de desenvolvimento tecnológico, um fenômeno recente em sua dimensão atual. Ou seja, tá ruim, mas tem tudo (e certamente deve) melhorar.
Somos líderes, ou bastante destacados players mundiais, quando se fala em uso de apps e das redes sociais. O índice de uso do mobile, apesar das dificuldades econômicas da população, tem uma média alta se comparada com outros países do mundo. Idem a compra por e-commerce.
Os investimentos em mídia digital só crescem. O setor de e-commerce também.
Cerca de 40% da população é empreendedora, sendo que a típica empreendedora é a mulher das classes de mais baixa renda. É óbvio que se trata, ainda, prioritariamente, de um empreendedorismo de necessidade e não de oportunidade, como nas economias mais avançadas e prósperas. Mas o indicador não deixa de ser para se comemorar, porque o futuro das economias passa pelo seu alto grau de independência das grandes estruturas macro-econômicas, seja governamentais, seja da própria iniciativa privada corporativa de grande porte. Ter uma população corajosa que empreende será fundamental nesse futuro.
Os down sides conhecemos bem … ninguém investe nada em inovação por aqui. Pra que, né? Nosso índice de STEM (investimentos em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) é ridículo. Muito baixo também o percentual da população que chega nas universidades. Bom, coisas que conhecemos faz tempo.
No geral, revela o estudo, nossos indicadores de digitalização são muito, mas muito fracos. No entanto, isso o estudo revela também, mais uma vez, o País cresce e busca sua diferenciação, também no digital, apesar de si mesmo e de suas mazelas sócio-econômicas históricas.
Um estudo, duas grandes verdades. Somos uma ambiguidade. Mas dependendo de como você olha, o copo vazio nos reserva um futuro com muuuuitas possibilidades.
Veja a íntegra desse estudo muito legal da McKinsey aqui.
Acima, o slide que resume nossa digitalização: o lado bom da maçã exibe indicadores de posse e uso digital interessantes, mas o outro lado da maçã exibe sua banda podre, com uma internet de merda, baixa penetração do e-commerce, essas coisas…