Pyr Marcondes
7 de novembro de 2019 - 10h17
Martin Sorrell se declara hoje nada mais que um vendedor das maiores 14 plataformas de tecnologia, mídia e e-commerce do mundo. Sem vergonha e sem medo de ser feliz.
Declarou isso para quem quis ouvir esta manhã em entrevista ao (surpreendentemente não tão bom, sorry colega) editor do New York Times, Charlie Warzel, num conversa cujo título era instigante … “Buiding the next great ad empire”.
Sir Marin construi o maior ad empire de todos os tempos e agora se desafia a construir o próximo.
Não sei se vai conseguir. Outros tempos, talvez.
Mas a fórmula em que acredita está clara e é exatamente a inversa da que lhe fez um homem bilionário e a mais importante figura de negócios de nossa indústria de todos os tempos.
O WPP era desconcentrado, a S4 é unívoca. O WPP demorou para acreditar no digital e agora corre atrás, a S4 é puramente digital. O WPP apostava suas fichas na propaganda, a S4 na tecnologia. O WPP chegou a entender as plataformas digitais como inimigas do seu negócio, Sir Martin, ainda no comando da corporação, as chamou mais apropriada e espertamente de “frenimies” e, agora, as elegeu como seus praticamente únicos parceiros de negócios.
Sir Marin não está construindo, em verdade, um império de propaganda (ad empire) coisa nenhuma. Como fez com o WPP, negócios vem primeiro.
O que ele está construindo é uma máquina (talvez não um império) de eficácia, com alto grau de performance digital, porque baseada em dados first party (o jeito certo de trabalhar com dados hoje), que não enxerga barreiras entre comunicação, marketing e vendas. Para ele (e para mim faz tempo, esse Martin vive me copiando … :-)) é tudo a mesma cadeia, uma trilha de comunicação, ativação, conversão e consumo só, toda interligada. Ele começa a ter agora, aos poucos mas persistentemente, soluções em todos os elos da cadeia.
Sir Martin não deixou de acreditar em mídia, digo, a mídia como ela é. Mas não acredita mais (ou pelo menos não investe prioritariamente mais) na mídia convencional, só em mídia digital, sempre com base em dados e conversão em escala.
Seu mantra, que repete mesmo que a pergunta tenha sido outra, é: “Better, faster and cheaper”.
Ótimo slogan publicitário, Sir Martin.
É uma boa tag line, podemos concordar, mas é só uma tagline. Mais esconde que revela.
Quando viu sua empresa ser disrompida, como ele mesmo definiu no evento, pelo mundo digital, Sir Martin parece ter entendido que seria nele que conseguiria construir seu “próximo império”.
Entrou jogando grande nesse mundo, agora totalmente não só integrado a ele, mas, humilde e estrategicamente, a seu serviço: “I´m a resseler”, se definiu.
Queria eu ter Martin Sorrell como meu vendedor.