Pyr Marcondes
8 de outubro de 2019 - 8h24
Marc Pritchard, Chief Brand Officer da Procter and Gamble, garante ele mesmo, abriu publicamente parte de sua caixinha preta de investimentos e resultados em marketing.
Fez isso no último evento da ANA – Association od National Advertisers, semana passada, e, uma vez mais, foi bastante crítico sobre a atual cadeia de valor da publicidade global.
Mr. Pritchard faz recorrentes críticas ao modelo de negócios e remuneração das agências, a qualidade de seu trabalho relativamente a entrega de resultados reais no bottom line de negócios, a sua entrega criativa e, entre outros itens, também ao “lado negro” da publicidade digital, referindo-se ao tráfego fake e entregas não alinhadas com o brand safety.
No evento, além de reiterar seus pontos, mostrou o que vem conseguindo de resultados com sua estratégia, que basicamente reduz investimentos em marketing e obtém, mostrou ele, bons resultados finais de vendas e lucratividade para sua companhia.
Não mais o maior, mas o melhor
A P&G não é mais considerada a marca com maior investimento em publicidade e mídia do mundo, o que Mr.Pritchard comemora: “Não queremos ser os maiores, queremos ser os que melhor investem. Estamos disrompendo esse conceito. Trata-se agora de saber quem investe melhor para atingir o maior público gerador de efetividade e eficiência no teal crescimento do nosso negócio”.
Sua tônica foi essa: eficiência e performance de investimentos de marketing, mas com foco no resultado do business.
Nos resultados do último quarter apresentados publicamente em bolsa da P&G, a companhia cresceu 7%, acima das expectativas do mercado, numa subsequência de resultados positivos no último ano fiscal da empresa, o que fez com que o valor de suas ações tenham crescido estonteantes 49% em relação ao ano passado.
É de calar a boca de qualquer um.
Em sua área, ele tem quebrado vários paradigmas, fazendo com que holding companies concorrentes trabalhem juntas em algumas marcas, como foi o caso, mostrou ele no evento, de Tide, destacando a campanha Not for Laundry. Nela, sob a coordenação da agência criada pela própria companhia chamada Woven (leia aqui mais a respeito), que por si só é já a união de talentos de várias áreas internas da empresas e fornecedores externos, atuam unidos o WPP e o Publicis, além do time interno de publicidade e marketing da própria P&G, tudo dentro da Publicis. Wow!
Pritchard revelou que o modelo está mega dando certo e que vai expandi-lo, agora, para a Asia. E, depois, para o mundo.
Mr.Pritchard mostrou outras coisas também, mas o ponto aqui é que um dos ícones do mundo do marketing e da comunicação está gritando aos quatro ventos que o ecossistema da publicidade global não serve mais e mostrando resultados indiscutivelmente positivos em afronta-lo.
Algo sobre o que toda a indústria terá, inevitavelmente, que pensar. E, eventualmente, mudar.