Pyr Marcondes
6 de dezembro de 2018 - 16h47
Rumores circularam recentemente, mas agora é fato confirmado pelos porta-vozes oficiais à imprensa especializada dos EUA: a Nasdaq, segunda maior operação de bolsa de valores do mundo, atrás apenas da NYSE (New York Stock Exchange), vai apostar todas as suas moedas, ooops, na moeda criptografada digital de nome Bitcoin.
Bitcoin foi pioneira nessa revolução financeira global, propiciada pela intricada e aparentemente inexpugnável plataforma blockchain, sobre a qual já falei aqui algumas vezes. E sobre a qual se constroem hoje algumas dezenas, mas que devem virar centenas, ou mais, de novas moedas virtuais (você pode criar a sua, acredite).
O lançamento da Nasdaq é aguardado para o primeiro semestre de 2019.
Joseph Christinat, VP da Nasdaq, disse ontem aos jornalistas que a intenção da sua organização (bolsas de valores são entidades civis sem fins lucrativos, reguladas pelos governos, mas não controladas por eles), segue ainda em análise para aprovação do CFTC – Comodity Futures Trading Comission dos EUA, mas que vai ser barbada. Vai rolar.
Perguntado se o presente momento de alguma turbulência no mercado financeiro internacional, em função de previsões de uma possível iminente nova crise global dez anos após a de 2008, iria afetar o projeto da Nasdaq, Christinat foi categórico: “We’ve put a hell of a lot of money and energy into delivering the ability to do this and we’ve been all over it for a long time — way before the market went into turmoil, and that will not affect the timing of this in any way. No. Period. We’re doing this no matter what.”
Ou seja, sai da frente que lá vem bolsa de Bitcoin. Com crise ou sem crise.
O surgimento de uma iniciativa como essa significa que as crypto currencies, que são moedas encriptadas por segurança absoluta contra hacking digital, bem como representam também todo um novo ecossistema financeiro, ganham agora status inédito de moedas social e publicamente aceitas.
Assim como as ações negociadas em Bolsa, que no fundo não são mais do que papéis intangíveis, convenções de valor pactuadas pela sociedade como válidas em intercâmbios financeiros de investimento, também agora as Bitcoins ganham seu próprio protagonismo financeiro, só que funcionando à parte do sistema financeiro tradicional.
Neste caso, com algumas particularidades próprias, já que ao contrário de outros ativos circulantes habituais, ou seja, outras moedas do mundo (dólar, real, essas coisas), o Bitcoin independe de bancos centrais (as moedas tradicionais que conhecemos são emitidas pelos bancos centrais de cada País), é global (não nacional), e agora passará a ser negociado em bolsa (as moedas nacionais não são negociadas em bolsa).
Para entender o fundamento conceitual das cripto moedas, leia este artigo.
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