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“Uma gigante consolidação está a caminho” afirma CEO da Vice

Presente no DMEXCO, Shane Smith, fundador e CEO do grupo de mídia, alertou que a única forma de sobrevivência das cadeias de comunicação é ter um rol amplo de parceiros


14 de setembro de 2016 - 10h40

Um dos grandes destaques do primeiro dia do DMEXCO – Digital Marketing Exposition & Congress, evento que acontece na cidade de Colônia, na Alemanha, hoje e amanhã, foi a entrevista de Sir Martin Sorrell, CEO do Grupo WPP, com Shane Smith, fundador e CEO da Vice Media.

Na seção “WPP meets Vice”, Smith previu uma gigante consolidação da indústria da comunicação, incluindo aí os grandes players de mídia, as grandes cadeias de agências e os agentes do mundo digital. Segundo ele, “vão sobrar dois ou três empresas no máximo em cada um desses pilares da nossa indústria. E isso não é nada bom para a multiplicidade de valores e de expressão. Serão muito poucos grandes líderes controlando toda a comunicação que se faz no mundo para bilhões de pessoas”.

Sir Martin Sorrel, sem discordar de seu entrevistado, comentou que de fato alguns dos grandes grupos de mídia passam hoje por severos problemas financeiros e lembrou que em seu setor, o de agências de propaganda, o problema não é diferente: “Vivemos uma pressão de custos como nunca antes em nossa história. A dificuldade de resolver a equação talento e qualidade versus a necessidade de mantermos operações cada vez mais rentáveis e enxutas é brutal, também como nunca se viu”.

vice

Shane Smith, fundador e CEO da Vice Media

Shanon Smith alertou que a única forma de sobrevivência das cadeias de comunicação é ter um rol amplo de parceiros estratégicos e de negócios, ser agnóstico com relação as plataformas tecnológicas e aos pontos de contato com sua audiência e depender cada vez menos de terceiros em uma atividade tão estratégica para o negócio dessas empresas, como é o caso da distribuição de seu conteúdo.

Smith citou explicitamente o caso da mudança de algoritmo do Facebook e como essa transformação alterou o tráfego de inúmeros publishers em todo o mundo.
Ambos exploraram a fórmula de sucesso da Vice Mídia em todas essas frentes. Martin Sorrel lembrou que o Grupo WPP detém 10% da operação e Smith lembrou que também a Disney comprou outros 18% da Vice. Isso, para Smith, é estratégico para a sobrevivência de sua empresa: “Somos possivelmente os únicos no mercado com acordos com empresas concorrentes, como é o caso da Fox, HBO/Time Warner e Disney. No caso da Fox, eles são nossos parceiros na produção de filmes e documentários. No caso da Disney, na produção de conteúdos para TV por assinatura. No caso da HBO, na produção de notícias e especiais jornalísticos. Sem esses parceiros, que nos ajudam todos também na distribuição de nossos conteúdos, não estaríamos onde estamos hoje e nem teríamos crescido como crescemos”.

Vice Media é considerada a empresa de comunicação e mídia mais bem sucedida da nova geração de players do setor, pós advento da internet e da sofisticação das redes sociais. Dirigi-se fundamentalmente aos millenials e sua operação está no azul há anos. Perguntado por Martin Sorrel quem ganharia as eleições nos EUA, Shane Smith disse que acredita que Hillary Clinton deve levar, mas por pequena margem. E que como o País que vai sair das eleições será um EUA dividido, que depois das eleições vai haver uma guerra civil. Foi seu última e sarcástico comentário antes de se levantar sem olhar para trás e deixar o palco.

Uma feira com palestras dentro

DMEXCO é um encontro que se define como um evento Pure Business e recebe este ano a visita de 50 mil participantes de todo o mundo. Sua feira, com cerca de 600 expositores, tem um porte e uma diversidade sem equivalente no Brasil na indústria de comunicação e marketing, notadamente no setor de digital marketing. Assim, DMEXCO é em verdade uma feira de enormes proporções, com 10 auditórios e grandes salas encravados em meio aos estandes para os ciclos de apresentações. Neles, os presentes poderão assistir a 250 palestras e debates. Todos os temas, que cobrem um amplo espectro do mundo digital, que vai de tecnologia e inovação a melhores práticas e exposições de produtos, são claramente voltados a abordagem de negócios.

Entres os grandes temas que surgiram no primeiro dia estiveram, além da consolidação das indústrias, como abordado na conversa entre Sorrel e Smith, mas também por outros debatedores, discutiu-se com intensidade qual o futuro do mundo dos dados, já que é consenso geral entre todos aqui que o futuro desta indústria será determinado de agora em diante, prioritariamente, por duas áreas: tecnologia e dados.

Questão central nesse debate é quem serão os grandes gestores dos volumes sem fim de dados já existentes, somados aos que estão sendo gerados todos os dias por plataformas de captação e gestão de informação de consumidores e audiências, pois será do cruzamento da excelência tecnológica e da gestão dessa massa de dados que surgirão os vencedores e líderes do setor. Aqueles citados por Shane Smith.

(*) Pyr Marcondes viaja a convite dos organizadores do DMEXCO.

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