16 de setembro de 2016 - 9h00
João Vitor Menin *
Imagine um supermercado com uma bilheteria onde o cliente tivesse que pagar um ingresso cada vez que entrasse na loja. Agora, pense numa instituição bancária. Por que a existência de tarifas para a abertura e manutenção de uma conta bancária, ou seja, para “entrar e permanecer no banco”? O momento atual do Brasil, que tem dificultado a vida da população por conta da crise econômica, não poderia ser mais oportuno para discutirmos essa questão. Afinal, o brasileiro gasta uma quantia considerável de seus rendimentos com os bancos. Que tal se qualquer cidadão tivesse a opção de ser cliente de uma instituição sem precisar pagar para manter a conta corrente?
A boa notícia é que a tecnologia hoje permite soluções desse tipo. Assim como o digital vem transformando profundamente diversos setores da economia – como os transportes, com o Uber, ou a hotelaria, com o Airbnb -, agora o setor financeiro é quem respira os ventos da inovação. E um dos benefícios principais proporcionados pelas novas tecnologias é a democratização do acesso, com a possibilidade de uso de forma simplificada, segura e mais econômica dos serviços bancários.
Os benefícios são visíveis. Na ponta dos dedos, pelo celular, os clientes hoje têm à disposição praticamente todos os recursos oferecidos por um banco, não apenas pagamentos e transferências, mas também solicitações de crédito e até financiamentos de imóveis. Como no Brasil o celular já se popularizou, nada mais natural que uma instituição bancária usar a internet móvel para facilitar a vida de seus clientes.
A tecnologia disponível no Brasil, que na época da hiperinflação garantia a rápida compensação de cheques, hoje também possibilita aos bancos disponibilizar aos clientes contas totalmente digitais e sem cobrança de tarifas, pois esse tipo de serviço não requer os custos elevadíssimos que a estrutura de uma grande rede de agências físicas exige.
Não precisa de letra miúda ou asteriscos no contrato. Pode ser de graça mesmo. Afinal, a conta corrente é a porta de entrada para outros negócios do banco, como crédito imobiliário, seguros e empréstimos consignados, o que torna o produto sustentável e gera valor para a instituição.
Inovação e comodidade
As inovações são sempre bem-vindas. São elas que nos permitem oferecer maior comodidade para os atuais clientes e, com a democratização do acesso ao sistema, atender a um número ainda grande de brasileiros sem conta bancária.
Este é o ponto central: estamos falando de levar a inclusão bancária a milhões de pessoas sem acesso aos benefícios de um cartão de crédito e produtos financeiros, de forma a caber em seu orçamento mensal. Essa nova onda de inclusão é possível graças ao aumento do acesso digital e à redução de custos operacionais trazidos pela tecnologia, especialmente em função do uso de aplicativos para smartphones.
A democratização dos serviços bancários veio para ficar. E os bancos, que sempre fizeram uso intensivo da tecnologia no aperfeiçoamento de suas operações, têm muito a aprender e a se beneficiar com essa nova etapa de prosperidade e inovação no mercado financeiro.
João Vitor Menin é presidente do Banco Intermedium