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A taxa de mortalidade do e-commerce: uma luz sobre a questão

Alguns fatos e números para esclarecer por que os comércios online no País não sobrevivem por muito tempo


16 de dezembro de 2014 - 11h15

POR EDUARDO MUNIZ, sócio-diretor da Vitrio e professor do MBA de Marketing Digital na ESPM

 

 

Li recentemente um artigo sobre a taxa de mortalidade de e-commerce no Brasil que me chamou a atenção. Apenas 30% dos e-commerce sobrevivem ao segundo ano de vida.

 

Isso significa que 70% dos sites de vendas online lançados em 2014 não estarão por aqui no ano que vem. É um número assustador especialmente para quem trabalha no meio.

 

Alguns podem ver isso como uma oportunidade: “revender” um serviço para alguém que fechou ou quebrou. Outros podem ver essa realidade como tenebrosa e um mercado arriscado ou um canal de vendas que não funciona.

 

Olhei alguns dos fatos e números e quero trazer aqui um esclarecimento para que os efeitos não sejam confundidos com as causas nesta questão e começarem a dizer que e-commerce não funciona. Funciona sim, e muito bem, quando bem planejado e executado.

 

1. Índice de mortalidade de startup no Brasil é de 90%.
A cada 10 empresas abertas no Brasil de qualquer setor, apenas uma sobrevive ao 2º ano de operação. Este número traz alguns fatores embutidos que exploro mais abaixo.


2. Índice de mortalidade de e-commerce no Brasil é de 70%.
A cada dez lojas virtuais abertas no Brasil, três continuam operando no 2º ano. Comparado à média de empresas abertas, esse índice é três vezes superior. O que significa que uma startup de e-commerce tem uma chance três vezes maior de sobreviver que qualquer outra nova empresa.


3. Perfil do empreendedor digital.
O Brasil tem uma cultura empreendedora. No entanto, quando olhamos para o perfil dos empreendedores vemos que muitos não estão bem preparados para assumir essa responsabilidade. Má formação, falta de informação, ausência de um modelo de negócios e às vezes até falta do estudo de viabilidade do negócio são características constantes.

 

4. Incentivos para a criação e desenvolvimento de startups.
No Brasil há algumas iniciativas, como o Simples, para estimular novas empresas, mas nada comparado ao que acontece na Colômbia, por exemplo, onde além de abrir sua empresa em 48 horas o governo te dá 1 ano de isenção de taxas e impostos por entender que no 1º ano de operação o fluxo de caixa é crítico.

 

Num artigo que escrevi recentemente destaquei que “mais difícil do que abrir um e-commerce é manter um e-commerce”, justamente porque há incentivos para abertura de um e-commerce por parte de instituições públicas e privadas, mas que a continuidade da empresa dependia exclusivamente do empreendedor e das empresas parceiras que tenham escolhido – com objetivos diferentes dificilmente há uma relação saudável a longo prazo.


5. Expectativas de ganhos no e-commerce.
Muitos casos de sucesso no e-commerce surgiram nos últimos anos estimulando mais pessoas a entrarem neste ramo. No entanto como em qualquer setor, normalmente os primeiros “entrantes” conseguem taxas maiores de retorno que os que vêm depois. Iludidos por estes ganhos “fáceis” na Internet muitos empreendedores elevam suas expectativas a níveis irreais, se frustram e acabam fechando suas operações antes do prazo de maturação do negócio. 

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