Assinar

Chegou a hora e a vez dos makers. Por Rodrigo Fraga

Buscar
Meio e Mensagem – Marketing, Mídia e Comunicação

Chegou a hora e a vez dos makers. Por Rodrigo Fraga

Buscar
Publicidade

How To

Chegou a hora e a vez dos makers. Por Rodrigo Fraga

A edição da Campus Party desse ano deu início a um novo movimento empreendedor


5 de março de 2015 - 10h02

POR RODRIGO FRAGA, head de multimeios do escritório da Artplan em Brasília

A Campus Party Brasil aconteceu no mês passado e me lembrou o TechCrunch Disrupt San Francisco de 2012, onde a palavra de ordem era “Faça Seu Próprio App”. Lá acompanhei o frenesi dos aplicativos móveis. Pavilhões de diversos países, inclusive do Brasil, apresentavam projetos em busca de gordos investimentos no exterior. Eram aplicativos de gerenciamento financeiro, compartilhamento social, delivery de comidas, pagamentos móveis, educação à distância, uma infinidade de possibilidades a gosto dos fregueses. Os donos da bola naquele ano eram mesmo os softwares e, principalmente, os apps.
 

Existia ainda a ala de hardware e makers, com a ideia de que qualquer pessoa pode construir, consertar, modificar e fabricar os mais diversos tipos de objetos e projetos por conta própria. Na época, eles representavam 20% dos expositores do evento, e apenas um esteve entre os sete finalistas – a Lit Motors, que ganhou os olhos da plateia com seu moto-carro elétrico com equilíbrio giroscópico –, mas não ganhou o prêmio máximo.
 

Trazendo esta análise para a realidade das agências de publicidade, o que se viu nesse período foi uma onda de demandas urgentes dos clientes às suas agências para a criação de apps que imprimissem em suas marcas o valor da inovação, mesmo que o aplicativo desenvolvido gerasse pouco ou nenhum valor no dia a dia dos seus consumidores. O fazer simplesmente “porque é inovador”, ou “porque meu concorrente fez”, ou “porque está na moda” é uma das principais causas para resultados poucos satisfatórios na comunicação e nos negócios das marcas.
 

Hoje, após a euforia dos apps, vemos um amadurecimento entre as partes: primeiro se identifica problemas, anseios e necessidades dos consumidores e depois se parte para uma solução que pode até ser um aplicativo móvel. Comportamento que demonstra uma maior maturidade entre cliente e agência, conquistada após tropeços típicos de quem tenta surfar na euforia das inovações.
 

E a Campus Party deste ano deu indícios da próxima onda de euforia das inovações: o movimento maker. Vimos drones, gadgets, robôs, wearables e o que mais fosse possível construir. Pulseiras com sensor de proximidade que efetuam pagamentos móveis via PayPal; o uso massivo de segunda tela e até múltiplas telas que mantêm o usuário e todo seu ambiente ao redor permanentemente conectados; robôs autônomos em combate num octógono ao estilo UFC, com torcida, narradores e ring girls.
 

Mas vale lembrar que o movimento maker e o dos apps nasceram de uma mesma raiz, o “Do It Yourself Culture”, que vem conquistando espaços antes exclusivos da indústria. O artesanal ganha relevância e exemplos não faltam: hoje uma pessoa pode criar e distribuir plataformas digitais complexas para os mais diversos fins. Você pode fazer a sua própria cerveja, seu próprio vinho e até ter sua própria plantação hidropônica com tecnologia importada do Kickstarter. Eu mesmo participei da montagem de um simpático robô que respondia a estímulos programados numa placa Arduino durante a Campus Party. Outro colega estava imprimindo um boneco dele mesmo em uma impressora 3D.
 

E a tecnologia está tão acessível que o mundo de hardwares e makers tornou-se um campo livre de desenvolvimento, onde não há limites para a criatividade de quem quer colocar a mão na massa. É justamente aí que a euforia das inovações reside.

O que separa os eufóricos por inovação dos bons estrategistas são ao menos três fatores intimamente relacionados: timing, maturidade e eficiência da equipe, tanto do lado do cliente quanto da agência. Equipes maduras, que conhecem profundamente o negócio e o comportamento dos consumidores e suas tendências, costumam ser mais eficientes e respondem com mais rapidez aos estímulos do mercado. O timing é o fator mais crítico. Não representa apenas o tempo exato da entrada de uma inovação. Significa prever, enxergar algo que ninguém vê. É o poder da antecipação. Não o confunda com a euforia de ser o primeiro em tudo. Lembre-se que a Apple não fez o primeiro mp3 player, nem o primeiro smartphone, nem o primeiro tablet, nem o primeiro pagamento móvel por aproximação, nem o primeiro relógio inteligente. Aquele que entende o timing é o real dono do tempo e o utiliza para executar as coisas no momento certo.

Cabe ao mercado, clientes e agências preparar seus talentos para lidar com a evolução da tecnologia, antecipando tendências e aplicando estratégias na hora certa. It’s all about timing.

Publicidade

Compartilhe

Veja também