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Como inovar no mundo da internet das coisas

Cidades inteligentes nascem, sim, do bom uso das tecnologias, do IoT, mas, em especial, da expertise de diversas áreas do conhecimento, integradas aos recursos tecnológicos


7 de outubro de 2015 - 12h15

(*) Por Jaime Stabel

Cloridrato de fluoxetina, gama glutamil transferase, blenorragia… Esses termos parecem palavrões para quem não atua na área da saúde. Já TCP/IP, HTML, IPV6 são verdadeiras sopas de letrinhas para quem não trabalha com TIC. Igualmente, os “palavrões” teaser, story board e marketing mix parecem termos sem sentido para quem não trabalha, de alguma maneira, com o setor de marketing. E, se seguir a lista, provavelmente, em todas as profissões teremos termos assim, mais ou menos estranhos, onde cada nicho do mercado se acostumou com os seus mundos particulares.

Quem não atua em áreas específicas pode não saber detalhes de cada termo utilizado, mas acaba usando-os, por vezes, sem nem mesmo saber o significado de cada palavra que os descreva. E isso ocorre muito com a modernização e com as inovações tecnológicas a que estamos acostumados.

Mas há uma transformação em curso na sociedade a qual, mais do que novos termos, vai demandar inteligência no bom uso da integração desses diferentes universos, muitas vezes tão particulares. Essa mudança é chamada de “cidades inteligentes”. Tais cidades que somente serão inteligentes quando a integração de muitos conhecimentos se der pelo bem de todos.

No início desse movimento, criou-se mais uma sigla, o M-to-M, ou M2M, que é nada mais do que a abreviatura de machine to machine. São as máquinas definindo ações sem interferência direta de um ser humano, executando algo que outra pessoa necessita. Exemplo simples é o uso dos caixas eletrônicos, onde, há anos atrás, para sacarmos dinheiro, precisávamos de um cheque que seria recebido pelo caixa, que olharia a nossa ficha bancária para ver se tínhamos saldo e, só assim, nos daria a quantia desejada. Ufa! Como era difícil esse processo.

A modernidade transformou o caixa eletrônico dos tempos atuais onde toda essa operação é substituída por um computador que identifica o usuário e solicita a retirada de uma quantia ao sistema central, que lhe dará o valor correspondente. Outro exemplo mais recente são os “tags”, que liberam as cancelas de pedágios e estacionamentos com um sinal eletrônico que é enviado aos computadores que validam a identificação do motorista, abrem a barreira e deixam o carro passar. Esses protótipos nos mostram que o M2M entrou na vida de todos e nem percebemos. Nem sequer usamos em nosso cotidiano essa singela sigla.

No caminho das evoluções tecnológicas que afetam diretamente a vida de uma sociedade, há a IoT (Internet of Things), a famosa internet das coisas, que nos faz chegar às desejadas cidades inteligentes.

Cidades inteligentes nascem, sim, do bom uso das tecnologias, do IoT, mas, em especial, da expertise de diversas áreas do conhecimento, integradas aos recursos tecnológicos. Na chamada IoT, temos uso intenso de sensores de ambiente que geram informações para que um sistema atue e execute uma tarefa.

Um exemplo simples dessa tecnologia seria termos na janela de nossas casas um sensor de umidade que, ao detectar chuva, ligaria um motorzinho que automaticamente fecharia todas as janelas. Assim, mesmo que a pessoa estivesse fora, seus móveis ficariam preservados e, até que a chuva começasse, a casa ainda teria circulação de ar.

Mas, quando esses sensores começarão a criar a chamada cidade inteligente? Simples, quando começarem a compartilhar informações com a sociedade e a ter mais inteligência no uso de diversas fontes de informação.

Os recursos de cidades inteligentes serão criados e se somarão ao longo do tempo. Um grupo de amigos vai para a academia, cuidar da saúde. Eles têm a pulseira que acompanha os batimentos cardíacos e envia as informações em real time aos seus médicos ou a quem os acompanha. O doutor recebe a informação de pulsação elevada, mas, pelo GPS, sabe que seu paciente está na academia. Então, está tudo tranquilo e não há nada a se fazer ou se preocupar. Minutos depois, o jovem e mais uns amigos saem juntos e vão fazer um lanche ali perto. Nesse momento, um sistema pode detectar que os cinco amigos tiveram sua pulsação acelerada e o GPS não indica que estejam na academia. Aí sim um sistema inteligente pode deduzir que algo estranho está ocorrendo – um assalto, um acidente. Pode não se saber o que é, mas algo estranho ocorreu. Essa informação pode gerar alerta a alguma estrutura de emergência dando a exata localização, e se houver um carro de socorro próximo, seguranças ou mesmo a polícia, o socorro pode ser deslocado rapidamente ao local.

Esse é um importante princípio das chamadas cidades inteligentes. Muitos indicadores que, isoladamente, servem a uma função e têm suas informações compartilhadas. Tal tecnologia poderá gerar novos indicadores e ajudar a melhorar a cidade. Cidades inteligentes vindas da inteligência das pessoas.

A cidade do futuro irá crescer em inteligência com o aumento de sensores diversos e a elevação do uso de conhecimentos de todas as áreas, com siglas, nomes complicados ou o que forem, unidos pela geração de ações positivas.

Um dos caminhos atuais para esse futuro são os chamados “desafios empresariais”, que unem capacitação, suporte e apoio para pensar e criar inovações, pois a grande aposta das cidades inteligentes é que muitos e diversos conhecimentos atuem juntos. E os desafios partem desse conceito de que, quem ainda não pensou no potencial de inovação com essas tecnologias, agora passe a conhecer e atue na criação de soluções inteligentes.

(*) Jaime Stabel é diretor administrativo financeiro do Instituto de Tecnologia de Software e Serviços (ITS)

 

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