14 de março de 2018 - 12h50
Por Jorge Pacheco (*)
Podemos entender este movimento como uma questão geracional. É fato comprovado que uma geração deixa heranças para outras. Pensemos na geração X, que consiste nas pessoas nascidas entre 1961 e 1980, segundo dados do professor Sidnei Oliveira. Eles trabalharam, muito. Ralaram todos os dias em empregos que muitas vezes não os satisfaziam por completo, talvez tenham abdicado de sonhos para garantir melhores condições para seus filhos. Muitas vezes, não puderam investir mais em si mesmos e inovar, pois, em primeira instância, sempre estava o bem-estar da família.
Logo depois vem a geração Y, com seus anseios e preocupações. O que importa é chegar preparado ao mercado de trabalho, base que foi garantida pela geração passada, e mirar em cargos de CEO, COO e CTO. Agora, traduzo isso para o corporativês: algumas empresas que nasceram em locais pequenos, alguns negócios de família, outras apostas tímidas, trabalharam muito, cresceram e hoje podem proporcionar melhores condições para as próximas gerações. Talvez um patrocínio ou até mesmo um coworking completo para se desenvolverem.
É uma tendência que cresce a cada dia. Bancos, gigantes do agronegócio, da tecnologia, entre outros segmentos como varejo e também o meio jurídico, apostam e financiam espaços nos quais empresas menores podem se desenvolver. As vantagens? Muitas. Primeiramente, as grandes empresas alimentam seu próprio trade e ajudam na disseminação de novas tecnologias, práticas e inovações que podem beneficiar todo o setor.
Do outro lado, as pequenas empresas que são incubadas nesses espaços contam com mais estrutura e menos burocracia — que vêm junto de uma tradicional sala comercial própria — como gastos diversos e preocupações com logísticas.
Segundo o censo Coworking Brasil, estudo realizado anualmente para mapear o mercado de escritórios compartilhados no País, divulgado em 2017, o meio de coworkings gera cerca de 3,5 mil empregos, direta e indiretamente. Ou seja, além das empresas que se instalam nos locais, é necessária toda uma estrutura para que fiquem ali. Isso culmina na necessidade de mais profissionais e sabemos que, para o crescimento de todos, quanto mais emprego, melhor.
O coworking possibilita que as empresas vivenciem uma troca de experiências. Além de estarem rodeadas de outras equipes que querem inovar e crescer, a troca de vivências se dá entre os mais antigos e novos do setor. A conectividade que esse ambiente proporciona é um ganho imensurável.
Por fim, acredito que os coworkings de grandes empresas mostram mais uma vertente a ser explorada no universo de escritórios compartilhados. Comprovam a versatilidade desse modelo. É uma via de mão dupla, grandes players e startups iniciantes convergem para melhorias em seus respectivos setores. Todos ganham, inclusive os consumidores finais, que farão uso de muitas inovações criadas nesses ambientes.
*Jorge Pacheco é CEO e fundador da Plug