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Desisto de encapar os cadernos. Por Paula Puppi

Muitos clientes consideram que conseguem fazer o trabalho dentro de casa, sem se atentar ao tempo que estão perdendo com isso e nem com a oportunidade de ter um trabalho mais bem realizado por especialistas


20 de fevereiro de 2015 - 11h14

POR PAULA PUPPI, CEO da Blinks e membro do Comitê de Performance do IAB Brasil

Volta às aulas é sempre uma loucura. Além de tentar fazer com que os filhos se adaptem à nova rotina, há uma correria – e investimento – insana para comprar e organizar o material escolar. Nesse ano, uma alma caridosa resolveu comprar os livros para as amigas, e não obstante, resolveu entregar tudo encapado. Confesso que cheguei a me emocionar com a ajuda.

Não é que eu não goste de imprimir etiqueta bonitinha com o nome das crianças, conferir o material e encapar tudo. Eu até gosto (de vez em quando), mas quando eu me atrevo a fazer, perco um tempo enorme e nunca fica tão bem feito.

As agências de performance têm vivido histórias parecidas a esta hoje em dia. Muitos clientes consideram que conseguem fazer o trabalho dentro de casa, sem se atentar ao tempo que estão perdendo com isso e nem com a oportunidade de ter um trabalho mais bem realizado por especialistas.

Eu sempre gostei de especialidade e foco. Fui criada para ir atrás de mais informação, ser curiosa, aprofundar conhecimento sobre os assuntos. Só que não dá para entender muito de tudo. É preciso escolher. Eu escolhi o marketing digital.

Então depois de quase uma década estudando, quando alguém me diz que consegue fazer o meu trabalho com dois analistas dentro de casa, chego a me sentir ofendida. Para mim, é como se um clínico geral contratasse dois assistentes para fazer uma ponte-safena e dizer que sabe fazer isso tão bem quanto um cardiologista.

Ok, ok. Ninguém vai morrer se a campanha de links patrocinados não der o ROI esperado, mas acho que deu para entender o ponto. A verdade é que lojas de roupas deveriam me deixar na moda, fabricantes de bebidas deveriam matar minha sede, construtoras deveriam construir prédios, faculdades deveriam me ensinar, o varejo deveria vender e entregar bem os produtos por um preço justo.

Fazer mídia digital deveria ser tarefa de especialistas, de quem estuda o assunto e vive disso. Mas se esse argumento ainda não é suficiente, vou listar alguns outros para reflexão:

– Mão de obra especializada é difícil de contratar. Retenção, então, é tarefa quase impossível para essa geração. É necessário ter uma equipe ampla, porque você pode perder um destes profissionais a qualquer momento. Dentro de uma agência, se o seu analista sai, sempre tem alguém para assumir a conta com a mesma qualidade;

– Expertise em uma conta só é bem diferente do que conhecer diversas contas, ter vários contatos nos veículos, testar novos canais em vários clientes, trazer conhecimento de um para outro;

– Manter-se atualizado nesse mercado tão dinâmico, somente é possível se não pararmos de estudar;

– Por melhor que seja o time que você montar, nunca terá tantas cabeças seniores quanto em uma empresa especializada, onde os sócios e os diretores são pessoas cujo foco é entender os melhores canais digitais para que seus clientes tenham sucesso;

– Economia de custo é outra ilusão. Se a agência contratada for competente, vai saber fazer seu dinheiro render mais e trazer mais inteligência do que a equipe interna.

Minha amiga que encapou os livros não quis cobrar nada pelo que fez. Uma pena, eu teria paga muito bem pelo serviço realizado. Acho que vou sugerir que ela abra uma empresa especializada em material escolar. Vou oferecer fazer o marketing digital dela.

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