Pyr Marcondes
16 de outubro de 2019 - 6h08
Por Guilherme Stefanini (*)
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Esta célebre frase de Albert Einstein é uma inspiração para todos que seguem o sonho de fazer sempre o melhor, de se transformar independente do setor. Prova disso é o movimento que o segmento imobiliário vem vivenciando nos últimos anos. Embora tenha entrado no processo de transformação digital um pouco depois de algumas indústrias, o setor tem feito bem sua lição de casa para aperfeiçoar e desenvolver novos modelos de negócios.
Num evento em que participei recentemente para discutir inovação neste mercado, fiquei surpreso com a mobilização das empresas para acompanhar as tendências e investir em projetos em que buscam aperfeiçoar o relacionamento com o cliente, ou seja, colocá-lo como o grande protagonista do início ao fim. E para isso, as novas tecnologias são apenas um meio. O principal desafio está na mudança de mindset, na compreensão da liderança sobre o que é a transformação digital, que ela chegará de qualquer maneira e como promovê-la de acordo com o perfil e o momento atual da corporação.
A cultura é fundamental e não somente tem a ver com tecnologia; inovação é buscar atender melhor o cliente, seja melhorando os processos que já existem ou desenvolvendo coisas novas para ele. O trabalho de aculturamento é fundamental, assim como a integração de toda a cadeia (incorporação, construção e loteamentos) para gerar valor agregado.
Se não é possível uma solução que atenda a todos os problemas de uma vez, que tal promover uma evolução por etapas? Esta é uma dica que sempre dou para vários segmentos, inclusive para as empresas do setor imobiliário. A primeira coisa é entender qual é o principal desafio: é adquirir mais clientes, gastar menos na obra, otimizar o tempo no processo… sobre o que estamos trabalhando?”. No final de cada dia de trabalho, a inovação deve gerar resultado, do contrário a empresa está investindo esforços em uma solução que serve muito mais a ela do que ao próprio cliente na ponta.
E para auxiliar neste novo posicionamento, algumas tecnologias são vistas como promissoras no setor imobiliário, como o Blockchain, que pode auxiliar na parte documental e de registro dos imóveis; a Inteligência Artificial, que atua desde o início da interação com o cliente, reconhecimento de imagens e acompanhamento das obras, além de promover análises sobre a região em que se pretende lançar um imóvel, comportamento dos moradores, pontos mais interessantes para iniciar um empreendimento, análise do mercado e definição de preços.
Com o desenvolvimento dos projetos de IoT, tudo pode ser sensorizado – da automação do elevador aos sistemas de energia. Cada vez mais, as tecnologias estarão disponíveis em nuvem, no modelo as a service, para que as empresas ou clientes paguem de acordo com o uso. Dessa forma, pode-se começar pequeno e avançar, conforme a necessidade ou crescimento do negócio, refletindo também os novos hábitos de consumo por moradias mais flexíveis.
E para acompanhar a dinâmica da economia, as startups têm um papel fundamental. Elas estão revolucionando várias áreas de negócios porque agem rápido e com foco no usuário, oferecendo novos modelos e oportunidades para acompanhar a onda de inovação no setor imobiliário – multipropriedade, coworking, coliving, student house e senior living. Na era da colaboração, o segredo do sucesso é se associar a parceiros que permitam trazer novas visões, ensinar, trocar, desenvolver novas skills, cocriar e fazer sempre melhor.
(*) Guilherme Stefanini é diretor de novos negócios da Stefanini. É responsável pelas ventures do Grupo Stefanini, 5ª empresa mais internacionalizada segundo ranking da Fundação Dom Cabral.