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27 de janeiro de 2020 - 8h00
Por Celso Braga (*)
Já está certo que vivemos um tempo de transformação digital. Gostemos ou não, a velocidade da adoção de tecnologias para todas as coisas está influenciando o nosso modo de viver e os nossos lucros. A gente se comunica nas mídias sociais, consome nas mídias digitais, os aplicativos tomam conta das empresas tanto nos sistemas de gestão quanto nas relações com seus clientes e fornecedores. Por esses e outros motivos, fica fácil de entender como o uso das informações que estão na rede é cada vez mais estratégico para os negócios.
O uso dos dados é o novo petróleo, e as mudanças neste campo não estão sendo graduais. Inteligência artificial, nano robôs, bioengenharia, eficiência energética, e outras fascinantes inovações nos mais variados campos do conhecimento humano estão batendo a nossa porta. A “Lei de Moore” nos mostra que as capacidades de tecnologia dobram ano a ano, e mesmo que você nunca tenha ouvido falar dele, acredite! Estamos no exato ponto de inflexão de uma mudança exponencial, onde viveremos as transformações digitais de forma cada vez mais evidentes e rápidas. A humanidade se transformará nos próximos 20 anos mais do que possa ter mudado nos últimos 300 anos.
Aqui vale dizer que os seres humanos não são exponenciais em suas capacidades emocionais, não dobram sua própria inteligência nesta mesma velocidade, nem se organizam (ou se adaptam) socialmente no mesmo timing. Portanto, entender que nossa cultura é diretamente impactada e modificada por causa das transformações digitais é fundamental. É por isso que é crucial abrir espaços de diálogos para pensar em como desejamos utilizar a tecnologia, garantindo o avanço, porém, de forma que não seja tóxico ao ser humano. Precisamos assumir as transformações digitais acelerando nossa adaptação cultural e garantindo nossa saúde integral, resultados com humanidade.
O dilema fundamental é se a tecnologia está mudando as pessoas e negócios ou se as pessoas e os negócios estão conscientes sobre como a tecnologia está impactando suas realidades. A chave para o sucesso é sobre quem estará no comando!
Não se iluda, a velocidade para a adoção de uma transformação digital é limitada apenas pela cultura da sua organização. A cultura de um grupo pode ser definida como um padrão no modo de perceber, pensar e agir compartilhados, pois foram aprendidos por este grupo à medida que este solucionava seus problemas de adaptação externa e de integração interna, o qual se tornou válido para direcionar os comportamentos dos seus membros (antigos e novos)
Se uma pessoa, um grupo ou uma organização rejeita a tecnologia, obviamente será resistente a adoção dela. O que não quer dizer que não vai adotá-la, quer dizer que será comandado pelas mudanças do mundo digital. Se, ao invés de ser arrastado, desejar comandar a transformação digital, terá de pensar em como isto será feito e quais os resultados serão esperados.
Mas, se esse caminho é inevitável, por que as pessoas rejeitam o novo em uma cultura?
Porque querem preservar o que acreditam estar correto, porém isto torna o grupo conservador em determinadas questões e pode, a partir daí, levar anos para se abrir a novas perspectivas culturais, sejam elas quais forem. Não temos tanto tempo!
Então, qual o segredo para essa aceleração necessária? A comunicação!
O papel da comunicação se torna fundamental na evolução cultural, quanto mais as pessoas entendem quais os benefícios da transformação digital, melhor se estabelece o fluxo para adoção das novas tecnologias. A comunicação envolve rapidez, facilidade e precisão das informações sobre o uso das novas tecnologias. Será preciso discutir os medos que o grupo tem daquilo que é estranho à cultura atual e como esta emoção pode ser vencida através de ações que nos coloquem no comando do mundo digital.
Se você deseja que a sua evolução acompanhe a velocidade da evolução tecnológica, é preciso projetar o quanto antes a evolução cultural da sua empresa. Criar espaços de diálogo e construir pontes entre o avanço da tecnologia e o avanço do ser humano que será impactado por essas transformações.
Acredite: Temos uma vantagem neste caso.
Somente o ser humano pode imaginar, criar, intuir e conectar o humano ao digital. Não podemos nos restringir ao uso da tecnologia na transformação digital, precisamos desenhar o futuro que desejamos e então criar o futuro com uma arquitetura e um propósito por nós escolhidos.
É por isso que a evolução cultural é fundamental se queremos chegar a uma transformação digital efetivamente positiva. Serão necessárias rupturas no nosso modo de perceber, sentir, pensar e agir que modelaram a cultura que nos trouxe até aqui, já que em parte ela não nos levará onde desejamos nem onde precisamos estar em meio a transformação digital que estamos vivendo.
Qual a forma de começar a evolução cultural? Cocriação e cocuradoria.
Parcerias para discutir as necessidades de evolução cultural implementadas hoje, reflexões para ações transformadoras e olhar sistêmico, holístico, durante a jornada nos permitirão avançar em busca do que o ser humano mais deseja: felicidade. Felicidade expressa através de maior consciência, compaixão e empatia em meio a adoção do mundo digital.
E aí, como está a sua Cultura hoje?
(*) Celso Braga é Sócio-diretor do Grupo Bridge, Psicólogo e Mestre em Educação, pós-graduado em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, Professor supervisor pela FEBRAP.