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Fala: a nova fronteira tecnológica ou mais um abismo?
Meu conselho de quem já viu muita coisa na internet: observar a cadeia de valor e a vida real das pessoas. Só as soluções que de fato agregarem valor ao nosso cotidiano vencerão.
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24 de julho de 2017 - 8h41
Por Alexandre Canatella (*)
Na nova vida digital, depois de lermos, escrevermos e assistirmos aos conteúdos, a nova habilidade agora é … falar.
Ainda não havia sido encontrada a solução (ou as soluções) tecnológicas para que a fala se transformasse em plataforma de interação digital. Agora, os assistentes de voz começam a se projetar e se engajam na nossa vida e nos nossos negócios de forma mais efetiva.
Estamos falando de assistentes para todo tipo interface na vida real, em casa, no carro, na web, no celular, no ponto de venda, etc.
Mas há uma barreira importante aqui: o hábito. Ou a falta de hábito.
Você já pode hoje, se quiser, pegar seu celular e, num comando de voz, ligar para sua mãe. Mas quantas vezes você de fato faz isso?
Então, se você não usa nem esse recurso básico, porque então compraria plataformas sofisticadas como a Alexa da Amazon.com, Cortana da Microsoft ou Google Home? A resposta é (ou pode ser): atributo de valor real.
Qual o valor real dessa nova tecnologia para minha vida, de forma impactante e/ou permanente?
O fato é que para nós hoje, o dedo ainda ganha da fala na interação com o mundo digital. Ligar para a mãe? Dedo.
O desafio dessas novas plataformas é, portanto, projetar e difundir aprendizados. Temos já as armas para isso na mesa, que são todo o conhecimento de engenharia associado aos recursos de bancos de dados e algoritmos para a entrega de conhecimento e aprendizado. Precisamos nos habituar ao fato de que nossas vidas serão mais e mais administradas por máquinas. E o machine learning, que será usado pelas máquinas para nos atender, pode ser uma das ferramentas usadas também para nos ensinar. Mudar nossos hábitos.
Vi muitas dessas novas tecnologias morrerem antes de se consolidarem por conta dessa barreira inicial.
Lembra da WebTV? Morreu bem antes de se tornar uma realidade: era a possibilidade de eu poder comprar a gravata do apresentador do telejornal enquanto assistia o dito cujo. Não rolou.
Portanto, recomendo calma e atenção com todo o entusiasmo em relação as plataformas de fala.
Questão de aderência. De efetividade na transformação da vida.
E também de se desenvolver um ecossistema de fornecedores de conhecimento que prezem pelos atributos reais para nossa vida real.
A altíssima taxa de mortalidade dos apps hoje está diretamente ligada a isso. Eles resolvem mais um problema de quem criou do que de quem vai usar.
Meu conselho de quem já viu muita coisa na internet: observar a cadeia de valor e a vida real das pessoas. Só as soluções que de fato agregarem valor ao nosso cotidiano vencerão.
Antes dos conceitos de machine learning e devices que se relacionam com o ambiente ou com o nosso corpo, fui beta tester do Google Glass. Foi exatamente isso que ocorreu e a plataforma foi um fracasso.
No meu negócio, a fala parece fazer enorme sentido. Isso porque cozinhar pulou do caderno de receitas de papel para o digital e nada mais natural e desafiante que ampliar na forma de valor como isto pode ser feito através de um assistente de voz.
Vejo, no entanto, muito mágico para pouco mágica, ainda, nesse campo.
Imaginar um assistente de voz para acender ou apagar a lâmpada do meu quarto é uma visão, ainda, bobinha do que toda essa nova tecnologia pode resultar em nossas vidas.
Se todas essas questões não forem devidamente endereçadas, vou continuar usando o dedo para ligar para a minha mãe.
(*) Alexandre Canatella criou pioneiramente o CyberCook há 20 anos, do qual é co-fundador e CEO. É palestrante e escreve sobre inovação, empreendedorismo, vida digital e o terceiro setor.
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