ProXXIma e Yuri Saiovici
13 de novembro de 2018 - 9h27
Por Yuri Saiovici (*)
O mercado tradicional de varejo está passando por um momento complicado. De acordo com estudos da empresa imobiliária americana Douglas Elliman e da empresa de serviços financeiros Morgan Stanley, pelo menos 20% das ruas destinadas para vendas diretas no bairro de Manhattan, Nova York, estão vazias ou prestes a ficarem. Ao mesmo tempo, mais de 10 mil trabalhadores do setor perderam o emprego nos últimos três anos no local, segundo a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA.
No Brasil, a situação não é diferente. No final de outubro, a livraria Cultura entrou na justiça com um pedido de recuperação judicial, e a livraria Saraiva anunciou o fechamento de 20 lojas físicas. E só em 2017, cerca de 226,5 mil lojas fecharam as portas, conforme levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O saldo entre aberturas e fechamentos de estabelecimentos comerciais ficou negativo em 19,3 mil unidades.
Mesmo diante desse cenário complicado, analistas de mercado projetam melhorias para o setor neste ano e, segundo a Deloitte, 90% das vendas no varejo mundiais ainda são realizadas nos ambientes físicos. Analisando friamente, entendo que o setor varejista não está morrendo, mas passando por um processo de mudança gradual e significativo. Converter o potencial público em clientes fiéis, me parece, ser o maior desafio do empreendedor para sobreviver à transformação.
Seja com o aluguel, salários dos funcionários, despesas logísticas (água, luz, esgoto), os custos iniciais de uma loja física podem atingir cifras assustadoras. O que é potencializado pela localização em que se encontra, fundamental para o sucesso desses empreendimentos. Além da briga por preço, é importante saber utilizar corretamente a tecnologia disponível, retirar todos os pontos que possam causar atritos e, principalmente, conseguir oferecer uma experiência diferenciada para o cliente.
Conciliando diversas demandas deste novo varejo, as popup stores – lojas temporárias com dia para começar e dia para acabar o aluguel – se consolidam como importante ferramenta para os empresários. Elas funcionam tanto para quem está começando como para marcas já consolidadas, que querem realçar qualidades. A verdade é que é uma solução bastante viável para todos os negócios que buscam se conectar diretamente com seu público.
A marca Ahlma se tornou famosa pelo design contemporâneo, minimalista e extravagante, mas seus empreendimentos no mundo do varejo ajudaram a consolidá-la. Seguindo uma pegada sustentável, a empresa carioca possuía uma loja no Leblon idealizada como academia de ginástica. No final do ano passado, abriram uma loja temporária no shopping Leblon. Neste ano, eles repetiram a fórmula de sucesso e acabaram de abrir uma nova popup no shopping Rio Sul, com materiais reaproveitados de marcas parceiras, para aproveitar a sazonalidade do varejo e aumentar as vendas neste período festivo.
Entender que o varejo não está morrendo e levantar a cabeça para encarar os novos desafios é fundamental. Durante essa transição, existem diversas formas de saber se o negócio vai aguentar a maré cheia. Não adianta se apegar a conceitos ultrapassados e seguir dicas vazias; a marca precisa criar uma forma de se colocar em evidência, saindo do mar de empresas que surgem todos os dias e são levadas pelas ondas.
(*) Yuri Saiovici é fundador e CEO da POPSPACES, marketplace que intermedia a locação de curta temporada para espaços comerciais.