Assinar
Meio e Mensagem – Marketing, Mídia e Comunicação

O custo da pirataria

Buscar
Publicidade

How To

O custo da pirataria

Os avanços na tecnologia e a crescente disponibilidade de banda larga permitiram que os piratas prosperassem


22 de setembro de 2016 - 9h07

Por Thierry Martin (*)

O surgimento da tecnologia multiscreen intensificou o ataque da pirataria. Com a adaptação dos hábitos dos telespectadores à revolução digital, a indústria de televisão por assinatura é confrontada com novas ameaças e aumento de custos quando o conteúdo é roubado. O número crescente de dispositivos tornou o conteúdo mais disponível e mais acessível do que nunca. Uma ameaça global, o negócio da pirataria evolui juntamente com estas tendências e os proprietários de conteúdo se perguntam o que podem fazer para combater esses riscos emergentes.

 

O impacto da pirataria

De acordo com o Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido (UK Intellectual Property Office), 25% dos usuários britânicos de internet admitem ter feito download ilegal de, pelo menos, um filme e 21% deles admitem ter baixado pelo menos um programa de TV. No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que, pelo menos, oito em cada dez internautas brasileiros fazem downloads ilegais de conteúdo protegido por direitos autorais, colocando o país como campeão nessa categoria. E quase 50% dos usuários da internet na América do Sul, cerca de 110 milhões de pessoas, pirateou conteúdo online em 2015, segundo levantamento feito pela NetNames. Contrário à opinião de que pirataria é um crime sem vítimas, seu impacto não é pequeno. As empresas de Hollywood informam que perdem US $ 58 bilhões por ano.

 Atualmente, o conteúdo de vídeo está sendo vigiado, cada vez mais, de diversas maneiras. Como o conteúdo é transmitido over-the-top (OTT), e cada vez mais em 4K UHD, está mais atraente aos hackers. E, embora 24% dos vídeos no Reino Unido sejam assistidos em outras telas além da TV, a televisão ainda equivale a 76% da audiência do público. Uma pesquisa da Conecta aponta que 48% dos brasileiros, quando consomem filmes ou programas de televisão, ainda preferem assisti-los na TV. Isso significa que o conteúdo de televisão necessita proteção para uma gama, cada vez mais complexa, de ameaças.

 

As ameaças

Operações híbridas, incorporando tanto OTT quanto serviços de transmissão, estão sujeitas às ameaças tradicionais de roubo de sinal, especialmente quando as soluções de segurança de conteúdo mais antigas não estão atualizadas. Mas há, agora, uma nova gama de ameaças, tais como sequestro de dados, modificação e manipulação do STB (set-top box), que surgiram como resultado de conectar o decoder à internet. As operadoras de TV precisam adaptar sua operação de segurança para bloquear potenciais danos de tráfego IP de seus STBs, ao mesmo tempo em que utilizam técnicas de separação para proteger o chipset STB e garantir a segurança de dados sensíveis.

A senha de controle (CWS) ainda é uma grande ameaça para a indústria de televisão por assinatura, quando tecnologias mais antigas são utilizadas. A senha de controle ou do smartcard, que é inserida entre o cartão inteligente e o STB antes da transmissão, pode ser roubada e, por meio de uma rede, ser distribuída a outros usuários piratas através da internet. Até hoje, a luta contra a pirataria sobre o CWS tem sido prejudicada pela dificuldade de garantir a interface entre o Sistema em um Chip (SoC) e o smartcard. A unificação da decifração e decodificação em um único chip, como na solução de comando do anyCast da Nagra, não só aumenta a segurança do sistema CAS, mas também simplifica em sua integração, reduzindo testes STB e garantindo certificação.

Outro risco é o roubo de sinal, quando os sinais de transmissão são descodificados pelo uso de assinaturas legítimas, mas, em seguida, ilegalmente retransmitidos através da internet para fornecer acesso não autorizado à televisão por satélite. Os programas podem, então, ser pirateados a partir de satélites em um país e retransmitidos para outro através da internet. No início deste ano, os fornecedores norte-americanos da DISH e TVB, juntamente com a emissora chinesa CCTV, abriram um processo contra a HTV com a alegação de que ela supostamente estabeleceu uma rede de programas de radiodifusão pirata para capturá-los e distribuí-los online através de uma rede peer-to-peer.

O roubo pela captura de tela também é uma ameaça real. O crescimento do HD significa que é cada vez mais possível gravar um conteúdo diretamente de um visor, com nível de qualidade com algum valor de mercado. Para combater isso, os estúdios têm acelerado o uso de marca d’água forense e combinado com técnicas forenses de rede, assim, os operadores podem identificar o conteúdo, uma vez que seja redistribuído e relacioná-lo com o fluxo de origem ou fonte. Isso é bastante significativo, principalmente para os estúdios de Hollywood, que esperam licenças do seu conteúdo para monitorar proativamente a pirataria. Consequentemente, prestadores de serviços devem garantir que os conteúdos premium sejam seguros, tanto para proteger suas receitas como para garantir que suas licenças sejam mantidas. Para isso, os provedores de serviço podem contratar uma equipe de monitoramento in-house ou encontrar parceiros que podem fornecer programas de monitoramento e respostas para satisfazer as exigências contratuais de licenciadores e ajudar a proteger os negócios do provedor.

 

Além da proteção do conteúdo

A fim de proteger tanto operadores de televisão por assinatura quanto proprietários de conteúdo, fornecedores de soluções de segurança precisam ter uma abordagem dirigida à segurança garantindo a transmissão de vídeos a partir do head-end para a tela de escolha do telespectador. Isto significa oferecer tudo de última geração, de clientes cardless para smartcards e soluções de hardware incorporadas que estão em contínuo desenvolvimento, aumentando também a capacidade de colocar a marca d’água, rastrear e evitar vazamento de conteúdo. As estratégias de gerenciamento do ciclo de segurança (Security Lifecycle Management) que alavancam tecnologia e perícia antipirataria estão se tornando cada vez mais procuradas pelos operadores que querem ter 360 graus de proteção do conteúdo e do seu negócio. Os avanços na tecnologia e a crescente disponibilidade de banda larga permitiram que os piratas prosperassem, mas estando equipado com soluções dirigidas, provedores de TV por assinatura podem garantir que a pirataria tenha impacto limitado sobre seu negócio.

(*) Thierry Martin é vice-presidente da Nagra para a região sul da América Latina

Publicidade

Compartilhe

Veja também