1 de outubro de 2015 - 3h36
* Por Fernando Teixeira
O assunto contou na semana passada com o manifesto do presidente do IAB. Em seu manifesto, ele considerou os bloqueadores de publicidade on-line um risco para o capitalismo democrático, baseado no desafeto dos consumidores.
Mas uma análise mais ampla mostra que ele pode estar olhando apenas um lado da questão, o seu próprio. Há outras entidades envolvidas, com interesses diferentes, sendo a principal delas a do consumidor. No final, o mais provável é que a mão invisível do capitalismo na realidade vá agir dando preferência às marcas que usam a comunicação e os meios digitais para resolver os problemas dos consumidores, oferecendo soluções que eles estejam dispostos a pagar.
O Uber não nasceu de uma empresa automobilística, ou de uma frota de táxis. O Uber foi criado por empreendedores que encontraram uma deficiência no mercado, um problema na vida das pessoas, e decidiram resolvê-la. Assim também aconteceu com o Airbnb, o DogHero e tantos outros. Essas startups crescem porque passageiros, donos de carros, hóspedes, donos de quartos e de hotéis de cachorro estão pagando para ter uma experiência melhor.
Jeff Weiner, CEO do LinkedIn, disse: “Quase sem exceção, os melhores produtos são desenvolvidos por times com desejo de resolver problemas; não o desejo de uma companhia de preencher uma estratégia”.
Vale parar para pensar de que lado você está.
Pois é certo que neste momento há empreendedores no mundo todo pensando em romper com os modelos tradicionais do seu negócio.
Publicitários e marqueteiros não têm o direito de, após fazerem tantos comentários elogiando Uber, Airbnb e tantos outros, se abraçar às antigas instituições para criar barreiras, sufocando a inovação.
Que tal aproveitar a relação que as pessoas têm com as marcas (tão bem construídas pela propaganda até aqui) e participar da vida delas como esse novo mundo exige? E que tal aquelas ideias sensacionais que a criação tanto luta para aprovar e que nunca saem do papel? Não está na hora?
É hora de ir pra cima. O mundo digital possibilita criar produtos incríveis. Produtos que ganham escala, transformam a vida de muita gente e até criam novas marcas.
Você também pode abraçar as startups, investir de verdade, colocar dinheiro, participar na sociedade, fomentar, fazê-las crescer. Um dia elas podem ser maiores do que o seu business atual. Nesse futuro pode ser melhor se unir e ter um pouco de muito do que muito de nada.
Enquanto isso, palmas para Randall Rothenberg, que conclui seu manifesto dizendo que nós temos que “disrupt the disruptors”, dando aos consumidores a internet que eles merecem. É só torcer para não ser tarde demais.
Fernando Teixeira é General Manager da TOMORRO\\\ no Brasil. Empresa americana que conecta agências e marcas com startups de tecnologia em propaganda.