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26 de setembro de 2017 - 10h00
Por Marcelo Trevisani (*)
Estamos vivendo a transição da era industrial para a digital, assim como há três séculos fazíamos a da era agrícola para a industrial. E da mesma forma que esta segunda – que substituiu as ferramentas e a energia humana pelas máquinas e energia elétrica -, a era digital chega para revolucionar o modo como atuamos no mundo. A diferença, porém, está na intensidade e na velocidade em que essa mudança ocorre. Hoje, ao contrário do que aconteceu no século XVIII, o ritmo é vertiginoso. As próximas duas décadas trarão mais transformações do que os últimos cem anos.
Até o fim de 2017, seremos 3 bilhões de pessoas conectadas à internet. Entre 2022 e 2025 a conexão deve abarcar toda a população mundial – cerca de de 8,2 bilhões, segundo últimas projeções da ONU. E, neste contexto, claramente os negócios serão altamente impactados por isso.
Um bom exemplo é que, em 2020, estima-se que 85% das interações com clientes serão por meio de máquinas – e a oferta de alta qualidade nessa esfera será uma das grandes maneiras de se diferenciar dos concorrentes.
Outra mudança já está bem presente: 75% dos millennials consideram a comunicação por mensagens de texto uma opção de relacionamento com as empresas e têm duas vezes mais chance de se manterem fiéis às companhias que oferecerem essa forma de contato. Eles também estão subvertendo canais tradicionais de comunicação: 30% não têm mais o ícone do telefone na tela principal dos seus smartphones. Isso mesmo! Para eles, o telefone deixou de ser relevante como meio de comunicação.
Na mesma onda, dispositivos de ambientes conectados por voz apareceram em 2014 e estão ganhando, cada vez mais, importância no mundo Real Live. Para você entender melhor: 20% de todas as buscas em dispositivos móveis já são feitas por voz. E o crescimento desse modo de operar tende a ser exponencial.
Outro ponto importante a ressaltar é que, utilizando Big Data, Machine Learning e Inteligência Artificial já disponíveis, em pouco tempo a tecnologia começará a tomar decisões pelos humanos. Desenvolver habilidades em negociação, flexibilidade e inteligência emocional, será – mais do que nunca – indispensável para atuar neste novo e complexo universo.
Como não poderia deixar de ser, este cenário em transformação impacta radicalmente os formatos tradicionais da educação e da nossa relação com o trabalho. O futuro é learning by doing: em poucos anos, todos trabalharão para aprender, ao invés de aprender para trabalhar. Vale pensar que os analfabetos do futuro não serão aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender.
Tudo isso vai mudar também a cadeia de negócios. O funcionamento das organizações será afetado por um tipo novo de liderança, os líderes exponenciais. Eles não tentam mudar o mundo, eles tentam mudar a si mesmos primeiro e, depois, conduzem as mudanças no entorno. Ser exponencial é se atualizar de tudo constantemente, se preparar para atualizar o ambiente em que se está inserido.
Hoje, existe abundância de capital, conhecimento, habilidades e tecnologia. Não há desculpa para não agir em direção a essas mudanças. Há muito o que fazer e os caminhos são múltiplos, mas todos têm um centro em comum: as necessidades do novo consumidor. E nessa busca por oferecer o melhor não há limites. A única limitação é a intensidade da nossa convicção e o comprometimento com esse objetivo. É preciso estar disposto a ir e fazer, rapidamente.
(*) Marcelo Trevisani é CMO LATAM e líder do Marketing Studio na CI&T.