21 de março de 2014 - 8h00
POR ÁLVARO ALMEIDA
sócio-fundador da Report Sustentabilidade, realizadora da SB Rio 14
O princípio dos 3Rs – Reduzir, Reutilizar e Reciclar foi impulsionado há mais de 20 anos, quando serviu de base para o capítulo de gestão de resíduos sólidos da Agenda 21, um dos principais documentos da Eco-92. O mundo deu milhares de voltas depois disso e o apelo para a diminuição da geração de resíduos, a maximização do uso antes do descarte e o retorno para o ciclo de produção, embora tenha se disseminado, parece ter se transformado numa operação “enxuga gelo” diante do crescente consumismo. Talvez porque sua abordagem bastante operacional esteja mais focada em mitigar os efeitos em vez de atacar as causas.
É por isso que o tema global das conferências SustainableBrands em 2014 – Reimagine, Redesenhe, Regenere – é tão relevante para o momento em que vivemos. Esses novos 3Rs alçam a discussão para um nível mais estratégico, no qual temos a oportunidade de reimaginar a finalidade das empresas e seus modelos de negócios, redesenhar suas estratégias e processos produtivos, além de regenerar as distorções econômicas, sociais e ambientais que criamos com o atual modelo de desenvolvimento. Sem dúvida, um enfoque tão ambicioso, quanto necessário.
Essa chamada para a ação reflete o momento das organizações que estão na fronteira do conhecimento e puxam a fila nas transformações do atual mundo dos negócios. Claro que elas ainda são minoria dentro do universo de empresas que prevalece aprisionada ao modelo vigente, mas representam uma tendência. É justamente aí que o Sustainable Brands tem se tornado tão relevante para a comunidade de líderes de empresas de todo o mundo. Todos os conteúdos que circulam por essa rede pretendem evidenciar como as empresas estão aplicando a inovação para construir negócios sustentáveis.
Para chegar lá, é essencial reimaginar a lógica dos negócios, transformar as limitações em alavancas criativas, enxergar oportunidades onde a maioria vê problemas. Ao mesmo tempo em que o mundo atual pede uma mudança da perspectiva do empreender, exige que se redesenhe a forma de se atuar em ambientes mais conectados e interdependentes, portanto, mais dinâmicos, colaborativos, inclusivos, compartilhados, nos quais o valor gerado deve ser usufruído por mais indivíduos do que apenas os detentores do capital. Onde também a faixa de consumidores mais conscientes preferem “hackear o sistema”, quebrar os códigos que não fazem mais sentido. Criar caminhos alternativos. Nesse cenário, ganham espaço as soluções que buscam regenerar os passivos econômicos, sociais e ambientais que nossa sociedade carrega. Modelos não concentradores de riqueza, que combatam a pobreza, estimulem negócios sociais, o empreendedorismo e a inovação, permitindo a viabilização de uma economia circular, que reduza a pressão sobre os recursos naturais e os serviços ecossistêmicos.
Coerente com esse amplo espectro de tendências, o Sustainable Brands Rio 2014 vai abrir espaço, nos dias 24 e 25 de abril, para discussões desse tipo nos painéis temáticos: Empresas com propósito redefinem sucesso nos negócios; Imagine um mundo movido por experiências em vez de coisas; Inovação a serviço da economia circular; Novas métricas de valoração dos negócios; Como a economia criativa, colaborativa, compartilhada transforma o Brasil; O desafio de regenerar a comunicação corporativa; ou ainda… Reimagine a estratégia e o modelo de negócios. Enfim, muito combustível para inspirar as empresas brasileiras a reimaginar, redesenhar e regenerar seus negócios.